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Filipe°

O papo é que eu não tô entendendo porra nenhuma do que tá rolando, do nada a Manuella brotou em Paris e tá me arrastando pra algum lugar que ela se quer me dá ideia de onde seja.

De repente me dou conta que estamos em um dos pontos mais conhecidos de Paris, o Jardim que fica dentro do Palácio e as paradas todas lá.

— Tá quieta demais... — Falo atraindo sua atenção a mim que foca os olhos nos meus. — Manda o papo logo.

Revirando os olhos ela apenas sai me puxando.

— Até aqui você vai querer mandar em tudo? — Bufa irritadinha o que me faz querer rir.

Sigo acompanhando seus passos até que percebo o motorista que a gente conseguiu fechar pra nos levar nos lugares durante todo o percurso aqui em Paris, parado a alguns metros a nossa frente.

Estreito os olhos quando ela acena e ele vai embora me fazendo perceber pela primeira vez um pano esticado no chão e uma cesta com uns bagulhos do lado.

— Vou ter que ver a porra da eva que to fumando, ou eu tô muito maluco pra tentar raciocinar o andar das coisas... Como é que em menos de vinte e quatro horas chegou aqui, fez amizade com um cara que eu conheci a menos de três dias e ainda meteu surpresa, no bagulho? — Sorrindo de forma convencida ela solta minha mão e vai em direção a toalha estendida no chão, percebo que estamos um pouco distante do restante dos turistas.

— Você sabe que eu sempre consigo o que quero ... — Responde me fazendo sorrir fraco. — Senta, a gente precisa conversar.

Coço a cabeça sentindo o clima estranho.

— Quando chama na responsa assim é por que alguma parada tem ... — Me sento na frente dela passando o olhar por todos os lados do lugar. — Se eu puxar um aqui qual é o grau da merda que pode dar?

Fechando a cara ela para de tirar as coisas da cesta e me encara.

— Não vai fumar porcaria nenhuma aqui, tá achando que é o Brasil onde você faz festinha de open beck? — Dou risada roubando um morango de dentro da cesta. — Me fala... Qual é a sensação de estar aqui... — Fala enquanto observa a paisagem a nossa volta.

— Do caralho ... — Suspiro soltando o ar preso. — É um bagulho paralelo ao mundo que a gente vive, mas acho que só vou sentir a euforia mermo, quando começa os shows.

Sorrindo ela me observa.

— Mais uma vez provando as estatísticas que o limite não é o bastante pra você. — Confirmo com a cabeça degustando do sentimento de estar desfrutando das minhas melhores escolhas.

Começando por isso aqui, por tudo que nós temos.

— Vai me falar agora qual é motivo disso tudo? — Fazendo careta ela morde uma maça e suspira.

— Primeiro... — Ergue o dedo falando de boca cheia. — Me responde... Como você se vê daqui a cinco anos?

Enrugo a testa achando o papo muito nada, com nada. E por mais que ela esteja tentando esconder consigo sentir os sinais da ansiedade dela em cada movimento.

— Sessão terapia? — Arqueio a sobrancelha.

Ela revira os olhos e se deita bem em cima da minha barriga.

— Deixa de ser ranzinza e me responde logo, Filipe. — Dou de ombros doido pra pegar um cigarro.

— Uma casa maior, eu, você o Théo, e te metendo dois moleque na barriga. — Dou risada sabendo que ela não tá me levando a sério. — Papo reto? ... — Olho para baixo passando a mão no seu cabelo onde enrolo uma mecha entre os dedos. — Espero poder vivenciar dessa parada aqui mais vezes, tá ligado? Levando minha música ao topo, podendo proporcionar aos meus experiências únicas, elevar o nível do bagulho todo, até poder dar uma desacelerada, e colher os frutos dessa caminhada pesada que esses dez anos me fez sentir na pele o peso de buscar o que é meu.

ContramãoOnde histórias criam vida. Descubra agora