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Já estava acordada há um tempo mas ainda sim me mantive no mesmo lugar observando o Filipe dormir totalmente largado na ponta da cama enquanto em seu rosto o semblante de tranquilidade me chamava atenção, o que de certa forma me fazia questionar se o sentimento de paz que ele me causa é o mesmo que recai sobre ele quando está comigo.

Balanço a cabeça na tentativa de afastar qualquer pensamento que possa me deixar confusa sobre coisas que não saberei lidar, no momento.

Respiro fundo me dando por vencida a levantar e catar alguma coisa pra gente comer, fui direto na direção do banheiro tomar um banho já pra despertar de uma vez .

Na cozinha abro a geladeira respirando aliviada ao perceber que a minha mãe tinha feito compras, sem saber ao certo o que o outro gosta de comer pela manhã resolvo cortar frutas, e deixar coisas pra fazer um sanduíche natural.

Escuto a porta da frente sendo aberta o que me faz gelar dos pés a cabeça, principalmente quando escuto a voz da minha mãe invadir o ambiente.

— Puta que pariu. — Sussurro engolindo seco fingindo demência.

Observo a mesma larga as chaves em cima da mesinha do lado do sofá e me encarar com uma expressão confusa.

— Caiu da cama? — Mordo o lábio inferior sorrindo sem mostrar os dentes. Sem demora seus olhos percorre de mim até a mesa, focando exatamente nos dois lugares separados. — Dois pratos? — Arqueia uma sobrancelha colocando uma mão na cintura.

— Não dormiu na casa da Tia Wal, porquê? — Virei ficando de costas pra ela na tentativa de mudar de assunto.

E agora, o quê eu faço?

— Tá me escondendo quem, Manuella? — Fala indo em direção a geladeira abrindo a porta e pegando uma garrafa de água.

— Ué, ninguém. — Me faço de desentendida enxugando as mãos no pano de prato.

Escuto sua risada abafada me deixando ainda mais sem jeito.

— Vem cá, a senhora já dormiu, por acaso? — Cruzo os braços na sua frente esperando uma resposta enquanto ela vai até o filtro, enche a garrafa de água colocando na geladeira novamente se virando ficando na minha frente.

Seus olhos que antes estavam em mim sobe focando em algo nas minhas costas, mas é só quando sua expressão de assustada surge que sinto a tensão tomar todo meu corpo, por saber exatamente o motivo da sua surpresa.

Respiro fundo fechando os olhos.

— Jesus cristo ... — Sua mão vai até a boca enquanto sinto o cheiro do perfume amadeirado invadir minhas narinas. — Manuella do céu.

— Bom dia. — A voz grossa dele surge bem atrás de mim me fazendo virar.

— É ele mesmo? — Ele se aproxima beijando minha testa fazendo minha mãe atingir o ápice da expressão de assustada.

Se fosse em outra ocasião eu daria muito risada, porém no momento eu só conseguia pensar no interrogatório que surgiria assim que ficássemos a sós.

— É mãe, é ele mesmo. — Me recuso a olhar no rosto do Filipe que provavelmente tá esboçando um daqueles sorrisinhos cínicos que ele sempre faz questão de colocar em situações desnecessárias, como essa agora. — Filipe, essa é a Célia, minha mãe. — Suspiro sentindo o mesmo se afastar pra apertar na mão dela.

— Bom dia, dona Célia. — Seu tom de voz ainda mais grosso que o normal revela que o sono ainda está presente.

— Quem diria, você aqui na minha casa, dormindo com a minha filha. — Passo a mão na testa buscando o ar.

ContramãoOnde histórias criam vida. Descubra agora