Contramão

79

Filipe°

Passei o dia todo com o Théo que vai passar o final de semana comigo que acabei esquecendo da resenha em comemoração do aniversário do Matheus.

Agora o moleque não para de mandar mensagem e me ligar enchendo a porra do meu saco, insistindo pra caralho ele começa a mandar áudio pela conversa com o Dallas quem eu tava respondendo a minutos atrás, o que me faz dar altas risadas.

2M: Ae porra, eu tô ligado que tu é meu chefe, mas hoje é meu dia e eu vou ficar muito puto se tu não meter a cara e encostar aqui, vacilão.

2M: Quando é pra pegar a irmã dos outros, rapidinho sabe brotar com a cara lisa

2M: mermo sabendo que vai tomar enquadro da mandada, mas pra fortalecer os amigos, cadê que vem? Tomar no cú, ein

2M: Eita, foi mal ae T-ré, esqueci que não pode mandar os mais velhos tomar no cú.

2M: Fodasse mermão, quero só ver se tu não vai brotar, rapá. Deixa de caô e trás o moleque pra ficar com nós.

Nego com a cabeça dando risada  começando a gravar um áudio.

— Tô encostando mermo, só pra ver se tu vai ter peito pra falar metade das porras que tu falou, na minha cara. Seu pau no cú, do caralho. E respeita minha mulher, porra!

Envio o áudio e levanto ouvindo o Théo me chamar no banheiro, da porta vejo quando ele vem enrolado na toalha depois de tomar o banho dele sozinho.

— Terminei, papai. — Aponto na direção do tapete do banheiro mandando ele enxugar o pé.

— Bora troca de roupa que a gente vai dar uma volta. — Fecho a porta do box e apago a luz saindo logo atrás dele que para do lado da cama.

— A gente vai passear? — Confirmo com a cabeça entregando a roupa na mão dele que já consegue se vestir sozinho.

— Hoje é o aniversário do Matheus, irmão da Manu. — Ele levanta a cabeça me olhando enquanto veste a cueca.

— Da tia Manu? — O sorriso surge quando me ver confirmando com a cabeça. — A gente vai na casa da tia Manu, papai? Ela vai tá lá? — Pego a toalha enxugando o cabelo dele antes de ajudar com a bermuda e a camisa.

— A gente vai passar lá. — Me abaixo na frente dele que se segura no meu ombro ao mesmo tempo que coloca uma perna por vez no buraco da bermuda. — Tá afim de ligar pra ela pra saber se ela vai tá por lá?

— Quero, quero sim. — Responde eufórico me fazendo rir.

Depois de vestir a camisa, e pentear o cabelo dele pego meu celular que ficou jogado em cima da cama e começo a procurar o número dela. Desde o aniversário do meu pai há três dias atrás o papo tem fluído diferente, o que me fez perceber que alguma parada mudou entre nós dois e que talvez eu só tenha que respeitar o espaço dela.

O foda é que a ausência dela tem causado uma abstinência insana dos momentos recentes que rolou, o papo é que quando tu acha que não consegue ser mais fissurado em alguém, a vida vem e te prova que o controle das tuas emoções nunca estiveram sobre o teu alcance. O cheiro, o toque, a sensação de ter perto e admirar cada detalhe alimenta pouco a pouco teu sistema nervoso, conduzindo informações ao teu cérebro que passa a funcionar de forma diferente, o que até então era só interessante, se torna um vício pelo qual teu subconsciente grita em sede de ser alimentado.