capítulo 34

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Você pensa que a situação ia melhorar? Não melhorou. Dulce não dormiu a noite toda. Não, pode parecer cruel, mas ela não sentia tanto a morte do bebê.

Você não pode sofrer por algo que nunca quis, nunca planejou… Nunca teve.

Ela apenas lamentava, mas não chegava a ser dor em potencial. O que doía era a atitude dele. Ela queria poder deixar seu cabelo crescer, subir as escadarias, entrar debaixo dos lençóis dele, abraçá-lo e dizer que o amava, que o amou o tempo todo… Mas a dor da traição não permitia.

Ela não poderia. Sempre se achou segura por estar com ele, mas no final foi ele que a atacou.

Christopher tão pouco dormiu. Sentia o molde do corpo dela ainda em suas mãos, o calor, o gosto do beijo… Mas que diabo!

Ele virou de lado, impaciente. No escuro viu a silhueta de Rubi no porta retrato.

“Está morta porque era sua mulher.”. E ele se virou de novo, colocando a cabeça debaixo do travesseiro, esperando que finalmente amanhecesse.

Bia: Meu cabelo é curto como o seu. – Disse, acertando o cabelo de Dulce com as mãozinhas. Estava sentada nos pés da cama, com travesseiros a suas costas, e Dulce sentada no chão, com um grande espelho a sua frente. – Mas o seu é mais curto.

Dulce: Você não gosta? – Perguntou, sorrindo, vendo a menina procurando um jeito de fazer seu cabelo parecer maior.

Bia: Eu gostava grande. – Bia apanhou uma boneca e, segurando-a pela cabeça, pôs o cabelo na cabeça de Dulce, onde o cabelo acabava. A cor era diferente, mas a intenção era clara – A gente pode tentar colar… – Pensou, em voz alta. Dulce riu gostosamente com isso.

Christopher parou do lado de fora da porta apenas para ouvir o som do riso dela. Quando parou ele bateu na porta do quarto, e ouviu o: “Entra” da filha.

Dulce se levantou imediatamente do chão, se afastando, como sempre fazia. Christopher se aproximou de Bia, pondo-a sentada no lugar certo na cama, e sentando-se ao lado dela.

Christopher: Dormiu bem? – Perguntou, beijando-lhe a testa. A menina assentiu.

Bia: O que é isso? – Perguntou, passando a mãozinha nas olheiras do pai. Dulce estava ocupada arrumando a cômoda, dobrando roupas, de costas pra ele. Christopher negou, beijando a testa da menina de novo – Eu desisto. O cabelo da Dulce some, seu rosto fica preto, não quero mais brincar. – Disse, e se jogou, caindo de lado na cama, com a cara no colchão.

Nessa Dulce e Christopher olharam. Dulce riu de leve e Christopher fez uma careta, puxando a menina sentada de novo.

Christopher: Ei. – Bia tinha a cabeça pendurada, os cabelinhos caindo pela cara – Dormiu. – Disse, entrando na brincadeira – Ei, princesa, acorde e brilhe. – Disse, mordendo o ombro dela. A menina se encolheu, dando um gritinho.

Bia: Tá, acordei. – Disse, tirando o cabelo do rosto – Mas o cabelo da Dulce não era melhor grande? O senhor não acha, papai? - Houve um silencio pesado dentro do quarto. Christopher observou Dulce, de costas pra ele, por um instante antes de responder.

Christopher: Sim, eu preferia como era antes. – Ele estava falando com ela.

Bia: Eu não disse, Dulce? – Perguntou, inocente da situação. Dulce assentiu sem olhar.

Dulce: Bia, eu vou até a lavanderia buscar tuas roupas. – Disse, fechando a gaveta. – Não me demoro, sim? – Bia assentiu. – Com licença, senhor. – Pediu, sem encará-lo.

Christopher tão pouco respondeu. Viu ela se afastar, sumindo logo pela porta. A situação era insuportável, podia se ser sentida no ar. Por todos menos Bia, é claro. Ele se segurou por um instante, mas…

Christopher: Anjo, vai ficar bem se eu sair por um instante? – Bia assentiu.

E ele se levantou, saindo a passadas largas. Atrás dela, novamente.

Tony: Ei, com licença, você viu Dulc… Sangue de Cristo tem poder. – Disse, quando Dulce se virou.

Dulce: Creio que vi. – Disse, vendo a cara de choque dele. Será possível que os boatos não chegaram a Tony?

Tony: Que diabo aconteceu com você? – Perguntou, olhando-a de cima a baixo – Seu cabelo… Você cortou o cabelo? Porque?

Dulce: Coloquei pra lavar. – Disse, debochada – Você sumiu. – Comentou, dando pela falta dele.

Tony: Fui mandado com o grupo pra alinhar as armaduras, daí passei um tempo fora. Mas escute, eu tenho algo pra você. – Ele buscou o bolso da calça. Dulce esperou, confusa. Ele tirou um envelope amassado de lá – Já está comigo há duas semanas, mas não a encontrei.

Dulce: O que é isto? – Perguntou, apanhando o envelope amassado.

Tony: É da tua mãe, para ti. – Disse, e Dulce arregalou os olhos.

Dulce: Mas… Como conseguiu…? Meu Deus! – Disse, em choque.

Tony: Felipe. – Disse, em justificativa. Um sorriso lindo se estampou no rosto de Dulce. Um sorriso autentico, feliz, sem ressentimentos ou mágoas.

Dulce: Tony, obrigada! – Disse, e pulou no pescoço dele, abraçando-o.

Foi exatamente isso que Christopher viu. Ela com o sorriso dele no rosto, e em seguida se lançando no pescoço do outro. Ele sentiu raiva. Uma raiva violenta. Quem era aquele homem? Piorou quando Dulce encheu o rosto de Tony de beijinhos. Ela estava realmente feliz.

Tony: Mulher, componha-se. – Disse, rindo da histeria dela. – Ele ainda disse que, com certa cautela, pode até mandar uma resposta tua pra ela. Parece que Pablo está viajando, então as coisas estão mais calmas por lá. Bom, foi isso que Maria me disse.

Dulce: Você a encontrou? – Perguntou, e Tony assentiu, satisfeito – Garanhão. – Brincou, e ele revirou os olhos.

Tony: Ande, vá. Preciso voltar ao trabalho. Se der passo em teu quarto antes de dormir, pra conversar. Cuidado com essa carta, Dulce. – Alertou, sério, e ela assentiu.

Dulce saiu dali quase saltitando. Tony caminhou, tranquilamente (e inocentemente), até que se bateu com o Christopher em pessoa. Parado, com a expressão dura.

Christopher: É sua namorada? – Carlos franziu os cenhos.

Tony: Quem? Dulce? – Christopher esperou – Não, senhor. É uma amiga.

Christopher: Amiga. – Mediu, encarando o outro. A cena era realmente cômica. – Tudo bem, pode ir.

Tony: Com licença. – Disse, confuso, e saiu.

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora