capítulo 04

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Dulce subiu pra torre como quem vai pra morte. A bandeja tremia em sua mão. Ela própria checou toda a comida e o vinho, estava tudo em estado perfeito. Houveram duas batidinhas na porta.

Christopher: Entre. – Ordenou, parado em um canto, com vários papéis na mão.

Dulce entrou, em silencio, e foi até a mesa que havia ali. Christopher se sentou, ainda concentrado em seus papeis, enquanto ela servia a entrada. Ele estava descalço, usava calça, camisa branca e colete. Dulce rezou aos céus pra que ele mantivesse sua atenção nos papéis até ela ir embora.

Pra alivio dela ele comeu toda a entrada lendo, e nem sequer a olhou quando ela trocou pelo prato principal. Dulce, após servi-lo, se afastou. Foi até a cama king-size, procurando por um amassão, pedindo por algo que a mantivesse ocupada, mas a cama estava intacta.

Ela o olhou pelo canto do olho e apanhou um travesseiro, afofando-o. Ele continuava concentrado. Deus, por favor, que ele não olhe para mim…

Christopher: O engraçado… – Começou, largando os papeis na mesa e se virando para encará-la. Dulce simplesmente empedrou – É que você realmente está com medo de que eu a ataque.

Dulce continuou parada, agarrada ao travesseiro, enquanto ele a encarava. Deus, os olhos dela eram incrivelmente azuis!

Christopher: Respire. – Instruiu, erguendo a sobrancelha. Dulce respirou fundo, obedecendo-o.

Dulce: Perdão. – Disse, sem se tocar de que ainda estava agarrada ao travesseiro. Christopher olhou o travesseiro na mão dela e riu de leve, ficando com um sorriso de canto no rosto. Ela estava simplesmente apavorada.

Christopher: Escute. Sei que meu comportamento contigo foi resumidamente pavoroso, mas não precisas ter tanto medo de mim. – Instruiu – Não lhe farei nada, te acalmas. – Dulce estava começando a ter vertigens – Por Deus, eu tento te acalmar e tu ficas ainda mais branca?

Dulce: Tudo bem. – Disse, e olhou o travesseiro.

Christopher: Apenas me responda algo. Não irei lhe fazer mal, lembre-se. O que passava em tua cabeça ao levar minha filha para a lavanderia?

Dulce: Eu não tive a intenção de… Aborrecê-lo. – Disse, respirando aos poucos – A menina parecia entediada, triste… Eu só tentei animá-la um pouco. Não sabia que era tua filha.

Christopher: Não? – Perguntou, meio debochado, se levantando. Dulce recuou um passo, se batendo com a mesa de cabeceira – Calma. – Disse, erguendo as mãos – Como é possível que não saiba quem é a princesa? Todo o meu reino sabe quem é Bia.

Epa.

Dulce: Tenho pouco tempo no castelo, senhor. Ouvi falar da menina, mas não sabia sua aparência física. Não prestei atenção no fato de estar na cadeira de rodas. Perdoe. – Pediu, quieta.

Christopher: Tudo bem, águas passadas. Não o faça novamente. – Dulce assentiu – Vais rasgar o travesseiro.

Dulce: Ah. – Disse, como se tivesse tomado um choque. Ela a fofou o travesseiro e o colocou na cama.

Mas Christopher se deu conta de algo. No primeiro dia estava possesso de ódio, e ela estava lavada em sangue, logo ele nem olhou.

Mas agora… Ela era espetacularmente linda! Seu corpo parecia ter sido modelado, desenhado… Christopher não era depravado.

Nunca quisera e repugnara toda e qualquer mulher depois de Rubi, mesmo, como rei tendo direito sob qualquer mulher do reino. Ele deixou a cabeça tombar levemente de lado, avaliando.

O vestido lhe privava a visão, mas ela era da altura certa, tinha as curvas delineadas, os seios fartos. Os cabelos pareciam sedosos até a visão, aguçava o toque. Dulce largou o travesseiro no lugar e o encarou.

O rosto era delicado, os lábios finos, desenhados, a pele pálida, os olhos de um castanho meio acinzentado. Quando ela se virou ele voltou ao seu posto normal.

Christopher: Qual o teu nome?

Dulce: Dulce.Dulce Maria, senhor. – Respondeu, tentando por tudo se acalmar.

Christopher pensou consigo mesmo. É claro, não sabia o nome de todos do reino, era gente demais, mas quando era apenas o príncipe herdeiro tivera acesso aos livros do pai, onde havia o registro de todos os nomes. Os da letra C Christopher se lembrava, pois o admirara o quanto de crianças levava seu nome. Alguma espécie de homenagem, devia ser. Mas não havia nenhuma Dulce.

Christopher: Qual o teu sangue? – Perguntou, ainda intrigado. Dulce não entendeu a pergunta.

Dulce: V-vermelho. – Disse, confusa, e olhou o braço, onde a veia estava por baixo – Liquido. – Completou, completamente confusa.

Christopher riu gostosamente com isso. Perguntando o sangue ele queria saber qual o sobrenome dela, qual a família, e ela vinha com isso. Dulce se assustou mas sorriu. Ele passou a mão no rosto, ainda sorrindo.

Christopher: Vermelho? – Dulce assentiu – É claro. – Disse a si mesmo, voltando a mesa e apanhando o copo, tomando um gole do vinho. Ainda ria levemente. Era possível existir alguém tão inocente?

Dulce: S-senhor… – Christopher se virou, olhando-a. Ele era forte, ela quase podia ver os músculos debaixo do linho branco da camisa – Posso retirar aa mesa?

Christopher: Ah sim, claro. – Disse, se afastando da mesa.

Ele observou, afastado, ela recolher a louça na bandeja com movimentos rápidos, porém leves, graciosos. Os cabelos, mesmo presos, balançavam a suas costas. Ele imaginou como seriam soltos… Ela andava fluidamente, de um lado ao outro, até que terminou.

Dulce: Precisa de mais algo, senhor?

Christopher: Não. Pode se retirar. – Disse, e Dulce assentiu.

Dulce:Com licença. Tenha uma boa noite. –Christopher assentiu e ela se virou, saindo dali. Ele ficou parado por um instante, olhando a porta.

Largou os papeis em um canto e, pensativo, foi pra cama, os pensamentos distantes, longe demais. Então o perfume dela, preso ao travesseiro, o atraiu. Ele apanhou o travesseiro, amarrotado pelos apertos dela e aspirou o perfume, olhando para o teto curioso.

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora