capítulo 163

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Aconteceu horas depois. Dulce chegou das compras e foi descansar (ordens de Christopher). Só que não tinha sono, então ficou sentada na cama, encostada nas almofadas, pensando. Quando chegara ali estava fugindo, marcada para morrer.

 Agora as pessoas gritavam por ela, se aglomeravam só para vê-la, nem que fosse por um instante. Era um mundo confuso. Foi em seus devaneios que Bia entrou no quarto, quietinha.

Bia: Não queria te acordar. – Disse, com um embrulho na mão.

Dulce: Não estou com sono, teu pai que me prendeu aqui. – Brincou, e Bia sorriu. Christopher vinha tendo graça ultimamente – O que é isso?

Bia: Uma boneca. – Disse, olhando o embrulho – É minha. Nem é nova, mas é a minha preferida.

Dulce: E porque tu a embrulhaste? – Perguntou, observando.

Bia: Porque eu quero dar ela. Pro bebê. – Dulce ergueu as sobrancelhas – Quero dizer, eu gosto muito dela, então o bebê também deve gostar. – Dulce sorriu.

Dulce: Deixe isso. Vem aqui. – Disse, estendendo o braço. Bia fechou a porta, largando a boneca nos pés da cama e foi até Dulce, se sentando ao lado dela. Dulce a abraçou pelo ombro, beijando-lhe o cabelo – Não precisa se desfazer das coisas que gosta. – Disse, ajeitando o cabelo da menina.

Bia: Mas é meu irmão, não é? – Perguntou, observando a barriga de Dulce.

Dulce: Exatamente. São irmãos, vão poder brincar juntos. Tenho certeza de que teu pai vai encher esse castelo de coisas mesmo. – Bia riu, parecendo apoiar a iniciativa do pai.

Bai: Bom, ele me deixa comprar tudo o que eu sugiro. – Dulce revirou os olhos. Bia olhou a barriga dela, intrigada – Está tão grande. Não dói?

Dulce: Você é a segunda pessoa que me pergunta isso hoje. – Disse, afagando-lhe os cabelos. – Não, não dói. Só é... Pesado. As vezes ele chuta. – Comentou. Bia pareceu indignada.

Bia: Ele te chuta? –Dulce assentiu – Mas porque?

Dulce: Porque ele está crescendo, e não tem muito espaço. Os chutes não doem, ele é pequenininho, eu só me assusto. – Bia pareceu pensar – Bom, um dia eu estava abraçada com teu pai, o bebê chutou, e ele sentiu. Perdeu a voz por 3 horas, coitado. – Comentou, pensativa. Bia riu gostosamente. – Ei, me dê sua mão. – Disse, pegando a mãozinha da menina.

Christopher havia subido pra ver Dulce, e forçá-la a comer algo. Parou ao ouvir a voz da esposa. Ele entreabriu a porta, observando, e viu Bia dar a mão a Dulce, que a levou até sua barriga. Parecia procurar um ponto, querer mostrar algo. Bia ficou calada por um instante, então seu rostinho se iluminou, como se tivesse sido sacudida.

Bia: Ele me cutucou! – Disse, exasperada, e Dulce riu.

Dulce: Ele te chutou. – Corrigiu.

Bia: Ei, faz de novo! – Pediu ao irmão, olhando a barriga dela. Dulce sorriu. Mais uma pra lista dos que falavam com o bebê.

Christopher sorria, parado na porta. Não quis interromper. Estava quieto, aquele sorriso bobo no rosto. Havia um nó em sua garganta, como se ele pudesse ter uma crise de choro ou explodir de emoção, de felicidade, talvez. Viu Bia se frustrar por não receber outro 'cutucão', então saiu dali, para não ser pego e interromper o momento.

Dulce: Acho que ele dormiu. Não vai te chutar mais. – Disse, vendo a frustração da menina.

Bia: Vamos lá, papai disse que não se deve ter preguiça. – Ralhou, e Dulce riu. O chute não veio. – Ai, desisto.

Dulce: Não fique chateada. Ele é pequeno, cansa ele cada chute desses. Depois que ele nascer, poderá brincar com ele o quanto quiser. – Prometeu.

Bia: Você não se cansa de ficar aqui o tempo todo? – Perguntou, parecendo aborrecida.

Dulce: Completamente. – Afirmou, e Bia riu – Vamos dar um passeio? – A menina assentiu, pulando pra fora da cama. Dulce desceu da cama com cuidado, apanhando seu manto. – É segredo. – Avisou.

Elas desceram da torre em silencio, indo pros fundos, pro jardim. Caminhavam lentamente, sentindo o ar frio.

Dulce: Sabe que não precisa sentir ciúmes, não sabe? Do bebê? – Bia a olhou – Ninguém vai tomar teu lugar.

Bia: Sei disso. Só quero que ele nasça logo, já demorou demais. – Disse, aborrecida – Eu não posso comprar brinquedos se não sei se é menino ou menina. – Reclamou.

Dulce: Ele tem seu tempo. – Disse, acariciando a barriga – Compre todos os brinquedos que quiser. Depois, se não servir, damos utilidade.

Dulce não chegou a ouvir a resposta de Bia. Algo atingiu sua cabeça e ela apagou antes de bater no chão.

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora