capítulo 36

388 34 5
                                    

4 meses depois…

Dulce: Teu pai deve vir te ver. – Disse, acomodando Bia – Se precisar de algo, grite. – Ela terminou de cobrir a menina – Tenha bons sonhos.

Bia: Teu cabelo está crescendo. – Disse, tocando o cabelo de Dulce. Só crescera uns três, quatro dedos, mas era perceptível. A franja continuava lá. Dulce sorriu.

Dulce: Tu já disseste isso 05 vezes hoje. Durma, sapeca. – Disse, beijando-lhe a testa.

Bia: Boa noite, Dulce.

Dulce se bateu com Christopher na saída. Acontecia com freqüência, mas os dois não se falavam muito.

Christopher mudara nesses meses. As olheiras pareciam permanentes, o rosto não tinha alegria. Ela o encarou por um instante e saiu, deixando-o com a filha. Passou pela cozinha para tomar um copo de água.

Nina: Eu creio que já estou ficando melhor. – Contou a cozinheira, se equilibrando pra se manter de pé. Dulce ergueu a sobrancelha.

Dulce: QUE NOTICIA BOA! – Disse, dando um tapa no ombro de Nina. No susto a outra se desequilibrou e caiu, gritando enquanto segurava a perna novamente fraturada. Dulce gargalhou, desistindo da água e indo pro seu quarto.

Ela ainda sorria enquanto entrava no quarto, mas seu sorriso terminou em um rasgar de choque. Havia alguém ali.

Robert: Não grite. – Advertiu, sentado na cama dela.

Dulce: Precisa de algo, senhor? – Perguntou, incrédula.

Robert: Feche a porta. – Ordenou, se acomodando no travesseiro dela. Dulce ergueu a sobrancelha – Eu preciso conversar com você, fique tranqüila.

Dulce avaliou por um instante e fechou a porta. Quando se virou Robert estava girando o livro dela na ponta do dedo. Dulce fez uma careta.

Robert: Se sente. – Pediu, apontando os pés da cama. Ela foi, hesitante – A propósito, não gostei do teu corte de cabelo. Preferia o anterior.

Dulce: É o que a maioria diz. – Disse, dando de ombros. Robert sorriu de canto. – Christopher o mandou aqui?

Robert: Ele não manda em mim. – Disse, franzindo o cenho, e parando de girar o livro – Não, ele nem sabe que está aqui. E eu prefiro que continue sem saber.

Dulce: Tudo bem, eu não estou entendo. – Disse, realmente confusa. Robert se sentou direito, a encarando. Os olhos dele eram perturbadoramente claros.

Robert: Em primeiro lugar, eu não estou aqui para defender Christopher. Sou contra o que ele lhe fez. – Dulce esperou – Mas eu estou vendo-o definhar dia após dia. Quando você passa vejo nos olhos dele a esperança de algum progresso, para logo voltar ao torpor. Se algo acontecer a Christopher eu perco essa guerra, Dulce. Eu não vim aqui para isso.

Dulce: Eu não vou voltar para ele. – Disse, categórica.

Robert: Não sou um cupido, não vim pedir isso. Mas você precisa entender o lado dele. Precisa ver pelo ângulo que ele viu a situação. – Disse, e ela esperou – Dulce, nós, reis, temos uma criação muito diversificada da tradicional. Quando eu tiver filhos não vou cria-los do modo como eu fui criado. É errado e prepotente, mas somos criados para sermos reis, não humanos.

Dulce: O que quer dizer com isso? – Perguntou, confusa.

Robert: Um homem normal é criado para honrar sua mulher e filhos. – Exemplificou.

Dulce: Um rei também, suponho. – Disse, irônica. Robert assentiu, sorrindo de canto.

Robert: Certamente. Só que nós fomos criados sob um ângulo diferente. Em minha adolescência meu pai me disse inúmeras vezes que eu poderia amasiar quantas criadas eu tivesse vontade, porém que minha esposa ou qualquer outra pessoa jamais deveriam saber. Eu seria rei, logo, eu poderia passar por cima dos outros.

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora