capítulo 01

431 34 4
                                    

Christopher era um homem frio. A vida fora amarga com ele, e ele retribuía agora. Se apaixonara e fora correspondido, amara com toda a intensidade que podia provar... Então Rubi foi arrancada de seus braços. O fruto do amor dos dois sobrevivera... Mas os anos passaram e a menina nunca andou. Christopher convivia com a dor todos os dias quando acordava, olhava e via a cama vazia, pois Rubi jamais voltaria ao seu lugar. E toda manhã, quando abria os olhos, ele repetia a mesma promessa: Pablo pagaria.

Robert: Christopher? - Chamou, entrando no quarto. Christopher revirou os olhos, enquanto fechava o colete, em frente ao espelho do banheiro.

Christopher: Sinceramente, Robert, onde está Kristen? - Perguntou, terminando de fechar o colete.

Robert: Bom dia pra você também. - Disse, irônico - O mensageiro de Alfonso está lá embaixo.

Christopher: Pois que espere. - Disse, apanhando o terno na cama.

Robert: Vai ser problema seu. Só vim passar o recado pois tens a péssima mania de demitir todos os criados que lhe enviam recados. - Disse, debochado.

Robert: Um dia desses demito a tu também. - Ironizou. Robert riu.
Robert: Não sou teu empregado nem teu inferior, Christopher. Sonha com isso. - Disse, virando as costas e saindo.Ter que lidar com Christopher pela manhã era cansativo.

Christopher deixou a cabeça cair pra trás, os olhos fechados, respirando fundo. Ser rei não era um conto de fadas, muito menos quando se está em guerra. Ele precisava do apoio de Alfonso. Conseguira o de Robert recentemente, fato que fez o mesmo se hospedar com a esposa,Kristen, em seu castelo. Mas a quantidade de homens e armas que Alfonso possuía seria o cheque mate nessa briga, e ele finalmente teria sua vez com Pablo... Mas ele queria ir logo a ação. Dezenas de homens já haviam morrido em sua espada, mas nenhum deles era o que ele queria. A burocracia o entediava. Por fim ele apanhou o terno na cama, vestindo-o, e saiu.

--------;--------;--------;--------
Dulce: Meu Deus. - Chamou, cansada.

Dulce havia cavalgando a noite toda, a galope. Não podia ser seguida, e quando o dia nascesse já queria estar no lugar de espera. Amanhecerá e ainda não conseguira sair da floresta. Estava cansada, com sede, suas mãos ardiam pelas correias do cavalo...

XXX: Tem alguém ai? - Perguntou, a voz vindo de longe. Dulce parou o cavalo, os olhos azuis assustados procurando por alguém.

Ela desceu do cavalo o mais silenciosamente que pode, então desatou a correr. Após um tempo a sapatilha que usava começou a ceder, seus pés doíam em contato com as pedras dentro do mato. Não olhou pra trás nenhum instante. Já era mais de meio dia e ela achava que ia morrer. Não conseguiria. Tropeçara várias vezes, caíra outras inúmeras, chovia... E finalmente ela viu: A cerca de homens fortemente armados, bloqueando a passagem. Chegara a fronteira. Ela, cansada, ofegando, se deixou cair sentada no chão molhado, encostada em uma arvore, e esperou que seu destino a salvasse.

----------,----------

Christopher, antes de qualquer coisa, todos os dias, ia ver a filha. Bia tinha 4 anos. Rubi fora envenenada no 7º mês de gestação, e seu ultimo desejo foi que Christopher salvasse a menina. E ele tentou. Ao entrar no quarto da pequena olhou, desgostoso, pra cadeira de rodas que havia em um canto. Mas seguiu até a cama.

Bia: Hum... - Suspirou, se esticando, ao acordar. Ela abriu os olhinhos, focalizando o pai. Ele sempre estava lá quando ela acordava - Bom dia, papai.

Christopher: Bom dia, meu amor. - Disse, retirando o cabelo da menina do rosto - Como foi sua noite?

Bia: Sonolenta. - Respondeu, sapeca. Christopher sorriu.

Christopher: Sempre é. - Bia deu de ombros, e ele a deu um beijo na testa.

Bia: Vou poder sair hoje? - Perguntou. Toda manhã a mesma pergunta... E a mesma resposta.

Christopher: Não, meu amor. Hoje ainda não. - Disse, e viu a carinha dela, triste - Logo. - Prometeu.

Bia: Logo quando? - Insistiu. Christopher sorriu. A menina tinha a tenacidade de Rubi.

Christopher: Logo. - Resumiu - Agora tenho que ir, pessoas me esperam. Logo Nina virá cuidar-te. - Bia se emburrou - Não faça este bico, é para o teu bem. Dá o beijo do teu pai. - Pediu, oferecendo o rosto, e recebeu uma bitoquinha da menina.

Bia: Posso dormir mais um pouquinho? - Pediu, manhosa.

Christopher: 30 minutos. - Propôs. Ela aceitou, sorrindo. - Então durma. Fique bem, meu anjo. - Disse, acariciando os cabelos dela. Em seguida se levantou e saiu.

O dia de Chritopher fora normal. Deu ordens, revisou papéis, encontrou pessoas... Sem saber que havia uma plebéia morrendo na floresta, perto da fronteira.

----------,----------

Dulce tinha sede, fome, cansaço... Seus pés estavam feridos pela corrida, a roupa molhada pela chuva que tomara. Ela apenas olhava o céu, esperando... Esperando... E o dia se fez noite. Ela quis se levantar, esperar em alerta, mas não teve forças.

Tony: Dulce? - Chamou, em um sussurro.

Dulce: Sou eu. Estou aqui. - Respondeu, tentando se levantar. Seus pés doeram horrivelmente.

Tony: Sou Tony. - Disse, após se aproximar. Havia uma pequena carroça ali perto. Ela nem o vira chegar, vagando entre a consciência e a inconsciência - Deus, está pior do que eu imaginei. - Lamentou.

Dulce: Não tive o melhor dos dias. Como conseguiste vir aqui? - Perguntou, os olhos vendo a silhueta dele - E os guardas?

Tony: Vim descarregar o carvão do castelo, e buscar mais lenha. Faço isso todos os dias, e é esse fato que a ajudará. Tudo bem, te apóia em mim. - Disse, se abaixando.

Tony carregou Dulce até a pequena carroça. Já havia descarregado o carvão, só restara o cheiro. Ele a pôs em um canto, deitada, com cuidado, e a cobriu com uma manta. Dulce viu pouco a pouco ele depositar lenha cortada ao seu lado, e apenas duas camadas por cima dela, cobrindo-a. Por fim ele parou.

Tony: Machuca? - Dulce negou com o rosto - Cobrirei teu rosto com a manta, para que não vejam ao passar. Se algo acontecer, balança isto. - Disse, entregando um galho seco a ela. Dulce assentiu.

Assim ele cobriu o rosto dela. Dulce esperou que parassem Tony, que a descobrissem, mas ele não parou de andar por um bom tempo. Ela até dormiu um pouco. Foi quando, por fim, ele a descobriu. Ela percebeu que o peso da lenha em cima de si havia sumido.

Tony: Graças aos céus, pensei que houvesse morrido. - Dulce sorriu, fraca - Venha. - Tony a ajudou a descer da carroça, pondo-a de pé. Ela olhou em volta e viu muita madeira armazenada, assim como uma pilha de carvão num canto. Havia uma fornalha. As paredes eram altas, e tudo estava silencioso - Precisarei cuidar de ti antes de te expor. Está muito mal. - Avaliou, vendo a fraqueza dela.

Mas Dulce mal ouvia. Seus ouvidos zuniam contra a verdade. Havia conseguido chegar ao castelo. Estava a salvo... Pelo menos de Pablo.

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora