capítulo 110

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Ele apanhou a pedra pela base, puxando-a. Seu coração doeu ao ver o diário dela e a medalhinha que ela usava quando ele a conheceu ali. O diário já estava molhado, empapado, logo ele não pôde salvar muito, apenas algumas passagens.

"...Pablo é o homem mais carinhoso que já conheci. Ele me trata como se eu fosse uma deusa, é sempre carinhoso, atencioso, e eu o amo. Ele entende tudo que estou passando, trancafiada nesse maldito casamento, e prometeu que vai me ajudar. Vai abandonar o trono e nós vamos fugir, para onde Christopher não possa nos alcançar..."

"...Então eu não tenho como negar nada, mas a convivência é insuportável. Antigamente eu amava as noites, pela lua e as estrelas, agora a odeio pois sei que ele virá até mim. Ontem tive anseios, náuseas sob o toque dele, pensei que iria vomitar por estar deixando que violasse meu corpo, mas por sorte ele foi tolo ao ponto de pensar que eu estava gostando, e que meus anseios eram porque sou tímida..."

"...Desde que Christopher viajou. Eu nem acredito. Posso ter paz, mesmo a curto tempo. Ontem Pablo me fez amor na queda da cachoeira. Eu o amo tanto! Depois ficamos deitados, abraçados, observando o rio correr. Este lugar é lindo, mas apenas quando estou com ele. Disse a Christopher que sinto nojo daqui, logo, ele não me traz aqui. Este lugar é apenas meu e de Pablo..."

"...Hoje Christopher disse que me ama. Ele custou a dizer isso, sempre sem jeito, mas por fim disse. Eu apenas sorri. Ele, como sempre, achou que era por timidez. Eu não o amo. Não o amo e nunca vou amá-lo. No dia que morrer, terei a certeza de que o único homem que amei foi Pablo..."

"...Eu gostaria que ele parasse com isso. Hoje ele me deu mais jóias. Um conjunto com diamantes. Eu nem olhei direito. Não me interessa, não usarei nada do que ele me der. Não vejo a hora de Pablo conseguir resolver tudo e me roubar daqui. Gostaria de ver a cara de Christopher quando ler tudo o que eu tenho para dizê-lo, em minha carta de despedida, quando eu já estiver longe..."

"...Não. Meu Deus, por favor, que isso não esteja acontecendo..."

"...E tudo foi por água abaixo. Por mais que eu tenha nojo de Christopher, não posso fugir carregando esse bastardo. É filho dele, não meu. Quase não suportei ver a dor nos olhos de Pablo quando disse que não poderia fugir. Talvez quando eu der a luz a essa maldita criança, possamos ir embora. Não amo este bebê como não amo o pai dele. Tenho nojo dele pelo que está fazendo ao meu corpo, com a minha vida. Quando eu achei que estava tudo dando certo, que eu iria ser livre, me vem isso..."

"...Hoje me joguei dentro do banheiro. Ouvi a história de uma mulher que perdeu o bebê por causa de uma queda. Não tenho coragem de tomar as tais ervas, mas um acidente seria perfeito. Cai três vezes, com toda a força: De barriga, de costas e sentada, mas nada ocorreu. O ódio que tenho por essa criança só faz aumentar, junto com a devoção de Christopher a ela. Os odeio. Não quero que ele me toque, não quero que me traga presentes, eu quero ir embora..."

"...Meu corpo está horrível. Minha barriga está enorme. Não consigo mais me locomover direito. Não posso mais ir ao rio, me encontrar com Pablo, como antigamente. Primeiro porque Christopher não sai da minha sobra, depois porque não consigo andar quase nada sem sentir dor. Se bem que se eu tropeçasse, caisse em uma das pedras do caminho até o rio, essa maldita criança desistisse de mim e morresse, resolveria o problema..."

"...Pablo disse que encontrou a solução. Ainda faltam 3 meses para o bebê nascer, três insuportáveis meses, mas ele disse que encontrou a solução para me livrar dele. Não me disse o que era, só me disse que na hora eu entenderia. Tive medo a principio, mas confio nele..."

E foi tudo o que Christopher conseguiu ler. Ele estava branco gesso quando puxou a ultima folha que dava pra ler. No resto a tinta já havia se diluído pela água, mas só isso bastava.

 Era a confissão dela, em próprio punho. Ela tinha nojo dele, enquanto ele a adorara. Ele amassou o bolo de papel molhado, esmigalhando-o, eliminando o testemunho de toda aquela imundice. Rubi tivera o que pedira, afinal.

 Tentara matar Bia, Deus, como era possível?! Ele jogou o bolo de papel molhado na água e o viu afundar, sumindo na água. Se levantou e saiu dali, o rosto duro, a medalhinha dela na mão. 

Ninguém jamais saberia o que havia escrito ali, as juras de amor dela para Pablo, o asco dela por ele e por Bia. Deus, ele travara uma guerra por ela! Ninguém saberia, mas ele sabia. Aquelas palavras estavam gravadas em seu cérebro e jamais sumiriam. Ele sabia, e era o suficiente

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora