capítulo 174

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Quase uma hora depois os médicos vieram. A menina vestia rosa, e o menino azul, ambos envolvidos em mantas grossas, que os aqueciam. Na falta de uma incubadora era assim que funcionava: As vias aéreas eram desobstruídas como se podia, os bebês eram aquecidos, protegidos, e se rezava para que vingassem . Dulce sorriu ao pensar que os enxovais não foram em vão. Entregaram o menino nos braços dela, e a menina, tão pequena que parecia poder quebrar, nos dele. Ambos tinham os cabelos escuros como os do pai, e ambos tinham os olhos fechados. 

Dulce tinha um sorriso enorme, radiante, contrastando com o rosto sem cor, enquanto olhava o filho. Christopher passou o dedo no rostinho da filha, a pele tão fina que ele podia ver a sombra de algumas veias atrás, e ele podia jurar que a menina se aconchegou mais a ele. Ele ergueu o rosto, e viu Dulce observando aquele sorriso lindo ainda no rosto. Sorriu também, levando o rosto até o dela, selando-lhe os lábios.

Dulce: Tão pequena. – Observou, olhando a filha. A menina era menor que o menino, ambos prematuros – Gostaria de tê-los guardado por mais tempo. Sinto que a fragilidade deles é minha culpa.

Christopher: Shhh. Não é culpa de ninguém, Deus quis assim. Está tudo bem agora. – Dulce assentiu, voltando a olhar pro filho, imóvel em seus braços.

Os dois passaram minutos em silencio, até que o rosto dela desfaleceu no travesseiro, o braço ainda protetoramente segurando o filho. Ele se sobressaltou, levando a mão ao pescoço dela, os dedos procurando sua veia... Mas a pulsação dela estava normal. Um pouco mais fraca, mas nada preocupante. O sono apenas a venceu. Ele não viu o médico se aproximando, tomando ar pra falar... Nem Anahi tocando o ombro dele, impedindo-o de atrapalhar o momento. Ele a olhou, confuso, e ela exibia um sorriso branco, os dentes parecendo afiados, e indicou com a cabeça pro corredor. Os dois saíram em silencio.

Médico: Alteza, eu preciso falar com ele... – Interrompido.

Anahi: Fale comigo. – Disse, cruzando os braços. Os dois estavam no corredor em frente a escada da torre.

Médico: Os bebês são muito prematuros. Entenda, majestade, os pulmões da criança amadurecem nos últimos meses de gestação, mais especificamente do sexto ao oitavo. – Anahi esperou – A gravidez foi interrompida no final do sexto mês. Os pulmões não estão prontos, e os bebês são fracos. Não teriam força nem para mamar sozinhos, o que nos fez alimentá-los com um suprimento preparado.

Anahi: E eu quero saber disso porque... – Continuou, erguendo a sobrancelha.

Médico: Como eu disse, são bebês muito fracos. Prematuros demais. As perspectivas não são boas. É preciso que estejam preparados. – Ele hesitou – A menina em especial. Ela provavelmente não vencerá a noite. O menino não está muito longe disso.

Christian: Agora me diga algo que eu já não saiba. – Disse, parado atrás do medico como se tivesse estado ali o tempo todo. O medico se virou com o susto. Christian tinha a cara fechada, os olhos dourados duros. – O recado foi dado, receite seus remédios e pode ir. – Disse, a voz autoritária. O médico ficou branco feito cal ao se ver encurralado entre Anahi e Christian. Era apavorante.

Anahi: Nenhuma palavra disso a ninguém. Me fiz clara? – O medico assentiu, tremulo, e saiu dali. Anahi suspirou, encarando Christian em seguida – Esse dia não vai acabar nunca?

Christian: Pelo menos não agora. – Disse, a voz severa – Ele tem razão, o coração da menina mal tamborila, e já falha constantemente. Não tem força. Nenhum dos dois tem. – Anahi suspirou de novo, deixando a cabeça cair para trás – Precisamos nos apressar.

Ela assentiu, tirando o cabelo do rosto, e os dois sumiram pelo corredor. Bastava ver no que isso ia dar.

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora