capítulo 104

286 21 0
                                    

Quando Dulce e Christopher despertaram, faltava pouco para amanhecer. Ela acordou primeiro, e ficou ninando-o, acariciando-lhe o cabelo. O sono de Christopher era tão profundo, tão acumulado, que ele demorou quase duas horas mais para despertar. Primeiro suspirou, voltando a realidade, depois ela sorriu quando ele a abraçou mais forte, esquecendo-se das costelas dela.

Christopher: Que horas são? – Perguntou, rouco, ainda de olhos fechados.

Dulce: Não faço idéia. – Respondeu, tocando a pele dos olhos dele. As olheiras dele quase haviam sumido completamente. Ele abriu os olhos ao toque dela – Acho que é tarde. Ou cedo. – Ela franziu o cenho e ele sorriu, olhando-a – A chuva não me permite pensar. Mas passou tempo. – Christopher pensou por um instante e ergueu o rosto, tentando focalizar o relógio de cabeceira no escuro. Por fim ele suspirou.

Christopher: Vai amanhecer. – Respondeu, se abraçando a ela novamente – Como é possível? – Dulce riu da exasperação dele – Como ninguém veio nos chamar?

Dulce: Eu tenho a breve impressão de ter ouvido alguém chamando Jesus de doce, e algo sobre alguém pegando fogo enquanto dormia. – Os dois ficaram em silencio por um instante, e riram juntos – Certo, era sonho.

Christopher: Você está bem?

Dulce: Maravilhosamente. – Ele deu uma fungada no ombro dela – Escute. Acha que posso ir ver Bia hoje? Não quero que teu prazo termine. – Lembrou.

Christopher: Vai ser ótimo olhá-la sem receber um ultimato em troca. – Respondeu, aliviado, e Dulce riu. Christopher ergueu o rosto, os lábios encontrando os dela no escuro, beijando-a repetidas vezes, docemente. Ela tocou o rosto dele saudosamente, aceitando seus beijos, até que notou que ele sorria. Ela beijou o nariz dele, o que o fez rir – Deus, eu estou com fome. – Observou ela riu alto com a exasperação dele.

Dulce: Não vai haver nada na cozinha agora. – Avisou – Só se você me permitir descer. - Propos.

Christopher: Não. Não pretendia mesmo ir. Não vou sair daqui por tão pouco. – Disse, voltando a deitar a cabeça no colo dela, que voltou a lhe acariciar o cabelo. Os dois ficaram em silencio por minutos.

Dulce: Porque você não dorme mais um pouco? - Perguntou, mimando-o.

Christopher: Você está com sono? – Perguntou, brincando com um cacho do cabelo dela, que tinha próximo ao rosto.

Dulce: Tu o tens por nós dois. – Brincou, e ele sorriu – Durma, eu estou aqui.

Christopher: Qualquer coisa… – Interrompido.

Dulce: Eu olho para você. – Respondeu em um sussurro no ouvido dele, e ele não disse nada.

Nada mais foi dito. Christopher dormiu alguns minutos depois, e Dulce em seguida. O dia seria longo, mas só aquilo bastava para enfrentar talvez uma guerra inteira.

---,---

Bia acordou com um toque suave em seu rosto. A menina suspirou, despertando. Ainda de olhos fechados, não viu quem a despertava.

Christopher: Quer ver? – Perguntou, e Dulce sorriu. Bia não ouviu.

Bia: 04 dias. – Murmurou para si própria, então encheu o peito de ar – PAPAAAAAAAAAAAAAAAI! – Chamou, e Christopher ergueu a sobrancelha.

Do ultimo mês para cá era isso: Ela nem abria os olhos, e já estava gritando por ele, para lhe entregar outro ultimato. Um dia ele experimentou ignorar os gritos; o resultado foi que a menina terminou sem voz por dois dias, com a garganta inflamada.

Christopher: Eu estou bem aqui, Bia. – Disse, ainda com a sobrancelha erguida. Tinha os braços nas costas.

Bia: Faltam quatro dia, ai meu Deus. – Dulce sorriu – Dulce! – A menina deu impulso nos braços, pulando no pescoço de Dulce, que riu. Christopher se sobressaltou, com um alerta de “as costelas!” nos lábios, mas Dulce já estava enchendo Bia de beijos – Você voltou. – Disse, radiante de felicidade.

Dulce: Teu pai não disse que eu voltaria? – Perguntou, acariciando o cabelo da menina.

Christopher: Eu creio que comentei. – Disse, fingindo-se de pensativo – Uma vez… Duas… Três… Quatro… O ultimo mês inteiro. – Disse, cruzando os braços.

Bia: Eu pensei que… Onde você estava? – Ralhou, cruzando os braços.

Dulce: Precisei viajar. – Rebateu, na mesma hora.

Bia: Onde estão os remédios? – Perguntou, esperta.

Dulce: Não os consegui ainda. Por isso viajarei novamente. Breve. – Respondeu, tocando o nariz da pequena.

Christopher: Na verdade não vai, não. – Negou, tranqüilo.

Dulce: Irei, porque a maioria vence. – Disse, debochada, sem olhá-lo.

Bia: Do que estão falando? – Perguntou, confusa. Dulce negou com a cabeça – O que houve com seu braço? – Christopher observou, quieto.

Dulce: Despenquei de uma escada e dei de nariz no chão. – Disse, mostrando o pulso. Bia riu.

Christopher: Bia! – Ralhou.

Bia: Perdão. – Disse, prendendo o riso – Eu sempre te digo para não andar tão depressa. Falei pra você. –Dulce deu de ombros – Vai ficar assim para sempre? – Perguntou, pegando o gesso.

Dulce: Não, só algumas semanas. – Disse, tranqüilizando-a – O fato é que viajarei em breve. E não importa o quanto eu demore para voltar, mesmo que eu não volte…

Christopher: Dulce. – Rosnou.

Dulce: Mesmo que não volte. – Continuou – Não pode parar de comer e ralhar com todo mundo. Promete? – Bia assentiu.

Bia: Mas eu não estou doente nem nada, não preciso de remédios. – Contrapôs, desgostosa.

Dulce: Na devida hora saberá.

Christopher: Vou deixá-las a sós, estou me vendo desnecessário aqui. – As duas riram – Não toquem fogo no castelo, vai demorar para construir outro. – Pediu, enquanto saia. Mas sorria.

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora