capítulo 164

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Dulce acordou não sabia onde, nem quanto tempo depois. Era uma cabana de madeira, suja, empoeirada. Ouvia a voz de Bia gritando com alguém. Havia algo afiado contra sua barriga.

 Ela respirou fundo, os olhos se arregalando ao perceber que era uma espada. Estava sentada em um banco de madeira, seus braços estavam amarrados. Um homem alto, louro, forte, apontava a espada contra a barriga dela. Ela entrou em pânico.

Dulce: Não... – Ela tomou ar – Não, não, não, não, não, não, não, não, não, eu imploro! – Cuspiu as palavras, desesperada – Não faça isso, por favor.

XXXX: Eu tenho que fazer. – Rosnou, a espada ainda em posição. Ele tomou impulso com a espada, a lâmina afiada prestes a rasgar a barriga dela.

Dulce e Bia: NÃO! – Ele se retardou, e Dulce arfou.

Dulce: Não, por favor. – Ela estava quase chorando – Foi Pablo, não foi? – O homem a encarou. Seus olhos eram absurdamente azuis. – Escute. Ele quer a mim. Me dê tempo.

XXXX: Tempo? – Perguntou, os olhos confusos.

Dulce: É, tempo. – Disse, tentando pensar – Alguns dias. Até eu ter o meu bebê. – Uma lágrima caiu dos olhos dela. Queria que ele tirasse aquela espada dali. – Eu... Eu posso forçar. – Ela franziu o cenho.

XXXX: Forçar? – Perguntou, incrédulo.

Dulce: É, forçar. Ele só tem 6 meses, mas se eu tentar forçar o parto, talvez funcione. Deixe o meu bebê nascer, entregue-o a Bia e deixe que ela volte para Christopher. – Ela respirou fundo – Mate a mim, e leve a Pablo. Só me dê alguns dias. – Disse, a voz fraca.

O homem parou por um instante, suspenso. Bia tentava roer as cordas, tentava se soltar, se debatia. Por fim ele suspirou, largando a espada, que caiu no chão, e deu as costas a ela. Dulce suspirou. Ele colocou as mãos nos olhos, e parecia ofegar.

Dulce: Você não quer fazer isso. – Percebeu, vendo-o. Agora, longe do pânico inicial, ela percebia que ele era jovem. Devia ter uns 18 anos, 20 no máximo. Ele grunhiu abafado. Estava chorando? – Tudo bem. Como é seu nome?

Matt: Matt, sua alteza. Matt Donovan. – Disse, se virando. Jovem demais.

Dulce: Porque está aqui, Matt? Seja qual for o trato que fez, Pablo não o honrará. – Disse, tentando pacificar. Bia continuava tentando roer as cordas.

Matt: Eu não fiz nenhum trato. – Ele respirou fundo, se acalmando – Pablo matou toda a minha família. Meus pais, meus irmãos, meus sobrinhos. Ele quis Vicki. Era minha irmã. Ela soube de ti, de que tinhas fugido e ele não desistira, então não relutou, se entregou a ele. Mas o desgraçado a matou em seguida. – Grunhiu. – Só me sobrou Caroline. Minha esposa.

Dulce: Ele a tem? – Perguntou, com dó.

Matt: Não. Está escondida, perto daqui. Está grávida, também. – Ele sorriu de canto – Pablo prendeu a mim, mas eu consegui escondê-la antes de ser preso. – Ele respirou fundo – Me deu ordem para que eu a capturasse, e transpassasse sua barriga com a espada. Queria que eu deixasse o corpo aqui, ainda com a espada, para que Christopher encontrasse. Mas eu não consigo. – Ele rosnou consigo novamente.

Dulce: Onde exatamente... É aqui? – Perguntou, olhando em volta. Não havia nada na cabana, só uma lareira apagada, e muita poeira.

Matt: A floresta após a fronteira. – Informou.

Dulce: Porque não se senta? – Perguntou. Tudo que ela podia fazer era acalmá-lo. Matt observou, então puxou uma cadeira e se sentou. – Me conte sobre Caroline.

Matt: Bom, Caroline é branquinha, tem os cabelos loiros, pouco abaixo dos ombros, lisos... Isso a irrita, pois ela gostaria de tê-los cacheados. – Ele sorriu – Ela é ciumenta, insegura, indecisa, mas é a mulher mais linda que eu já vi. – Dulce sorriu – Ela é romântica, é ótima dona de casa, meio meticulosa, muito carinhosa. Eu costumava levar um lírio para ela toda noite, quando voltava pra casa. É a flor que ela mais gosta. – Ele respirou fundo – Isso, é claro, antes de eu ter que escondê-la no mato. – Disse, desgostoso.

Dulce: Você é feliz. – Observou.

Matt: Eu era. Nossa casa não era muito grande, era o suficiente para mim e para ela, e ela estava sempre feliz, sempre sorridente. – Ele riu de leve – Teve um ataque para conseguir me contar que estava grávida, e depois começou a chorar.

Dulce: Matt. – Ela tentou se inclinar pra ele, mas as cordas a mantiveram - Matt, você sabe quem eu sou. – Ele assentiu – Sabe quem ela é. – Apontou com a cabeça para Bia, que lutava com as cordas – E sabe que se nós fizer algo, Christopher irá até o inferno atrás de ti, e o matará da forma mais dolorosa que encontrar.

Matt: O que eu devo fazer?!

Dulce: Me liberte. Venha comigo para o castelo. – Matt riu consigo mesmo, em deboche, se levantando – Escute! Eu vou rogar perante a Christopher, ele vai acolhê-lo, a tu e a Caroline.

Matt: Ele vai me matar. – Disse, debochado.

Dulce: Não vai. Christopher não é assim. Bia, pare de morder isso. – Ordenou. A menina a olhou, surpresa, com um pedaço de corda preso na boca – Ele me escutará. Não permitirei que o machuque. Me leve de volta para casa. É sua única esperança. – Ponderou.

Matt: Porque está sendo gentil comigo? – Perguntou, estranhando.

Dulce: Porque você não precisa estragar sua vida assim. Você é jovem. Tem uma vida pela frente. Se me matar, christopher não vai demorar a encontrá-lo. Acredite em mim, você não quer enfrentar a fúria dele. – Explicou. – Me leve pra casa, Matt. – Insistiu.

Matt encarou Dulce, confuso. E se ela estivesse mentindo?

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora