capítulo 171

226 19 0
                                    

Christopher: Porque eu não posso vê-la? – Perguntou, indignado, quando a sogra o parou na escadaria da torre. Ela descera em busca de mais toalhas. Ele não estava gostando da expressão dela. Piorou quando Dulcegritou de dor, o som machucando-o quase fisicamente – Porque ela está gritando?

Maria: São gêmeos, Christopher. – Respondeu, e ele parou como se tivesse levado uma bofetada. Robert, que passava no corredor abaixo, ouviu. A alegria sumiu do rosto dele no momento. – Eu preciso ir. – Ela terminou de descer. Christopher ficou parado, uma estatua viva, os olhos no chão. Robert gritou outra vez.

Robert: Venha. – Chamou, subindo até onde ele estava, tirando-o dali.

Acontece que gêmeos naquela época não era bom pra ninguém. Nunca terminava bem. Em geral a própria mãe morria durante o parto; não tinha forças o suficiente para a segunda expulsão, e o bebê morria com ela. Quando, por algum milagre, ela conseguia dar a luz aos dois, estavam prematuros demais, e em geral não vingavam.

 No caso de Dulce principalmente, tão prematuros que eram. A noticia caiu como uma desgraça, e então toda a comemoração se transformou em uma corrente de preces. Dulce não podia morrer. Não houveram tempos mais sombrios naquele reino como na época após a morte de Rubi, também no parto. Christopher não merecia.

 Os minutos se passaram, se convertendo em horas, e todos estavam sentados na mesa da sala principal, em silencio. Christopher tinha o olhar distante, o rosto condoído, como se pudesse sentir a dor dela.

Anahi: Não está dando certo. – Murmurou pra Christian.

 Ele ficou quieto. A verdade era que Anahi nunca se permitiu ter uma amiga, uma verdadeira amiga, ela nunca quis ninguém tão perto. Dulce fazia ela se sentir a vontade, se sentir bem. E agora sua única amiga estava morrendo, enquanto ela esperava, impotente.

Christian: Se ela conseguisse pelo menos... – Ele se interrompeu. O tom dos dois era tão baixo que ninguém havia percebido a conversa ali.

Anahi: Ela não está conseguindo. Tente escutar. – Disse, passando a mão no rosto. Os dois ficaram quietos. Então, por um instante, o coração de Dulce, que batia freneticamente, perdeu o compasso, parando por um instante, logo voltando. Falharia a qualquer momento.

Christian: Vá. – Aconselhou, e Anahi se levantou. Ninguém se moveu.

Na torre estava difícil. Dulce não tinha mais forças, e a dor não cedia, não acabava nunca. O rosto dela já estava molhado pelo suor e pela lagrimas. Ela estava pálida, branca, já havia perdido sangue demais, tremia. Não conseguia fazer aquilo. Não viu Anahi entrar, até que ela se sentou ao seu lado, apanhando sua mão.

Dulce: Eu vou morrer. – Constatou, respirando em um arquejo. – Eu estou morrendo, Anahi. – Anahi sabia disso. Ela podia ouvir.

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora