capítulo 06

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Semanas se passaram, e Christopher impunha a presença de Dulce em todos os lugares que podia.

Era ela que arrumava sua cama, servia a mesa, e fazia tudo o que tivesse que ser feito perto dele.

Era como se fosse algo que ele não cansasse de observar. Mas cada noite, quando ele ia se deitar, sozinho, ele tinha uma certeza: Ele queria tocar.

Dulce já percebera o que estava acontecendo, e nem acreditava.

Christopher nunca quisera mulher alguma. Ela sabia que era colocar a própria cabeça na forca se aproximar, até que fosse por um olhar, mas quando tinha que chegar perto dele seu corpo se alterava, como se a presença dele fosse capaz de alterar sua pulsação, só de saber no que ele estava pensando quando a olhava.

Dulce: É claro, o faça de novo, mais uma vez, não está bom, blábláblá. – Disse, imitando Nina, que mandara ela refazer o cabelo de novo, alegando que estava bagunçado, sem estar. – Está fora do lugar, tu não deverias… AI! – Disse, tomando um senhor esbarrão com alguém.

Christopher: Cuidado. – Disse, segurando-a pra não cair. – Falando só? – Perguntou, divertido.

Dulce: Perdão, senhor. – Disse, já alerta pela presença dele – Apenas pensando alto.

Mas as mãos dele ainda a seguravam pelos braços, possessivamente. Os dois se encararam, o silencio esmagando o corredor onde estavam.

As mãos dele pareciam queimar em seus braços. Christopher olhava os olhos dela com uma expressão estranha, parecia querer ver além do que podia.

Dulce: Senhor… – Disse, e já ofegava brevemente – Meus braços.

Christopher : És uma mulher encantadora, Dulce. – Disse, o elogio a apanhando de surpresa.

Dulce: S-s-sou? –Christopher assentiu, sorrindo de canto com a inocência dela.

Christopher : Em todos os sentidos. Até quando estás com medo de mim. – Completou, e ela corou violentamente – Principalmente quando tua pele se arrepia deste modo. Porque? – Perguntou, meio intrigado, meio fascinado.

Dulce: T-tua voz. – Respondeu, ciente de que o sangue havia subido completamente pro rosto.

Christopher: Minha voz te arrepia? – Dulce assentiu. Já tremia. - E só acontece comigo? – Perguntou, cada vez mais próximo.

Dulce: S-só. – Disse, alerta pela aproximação dele.

Christopher : Me encanta. – Disse, olhando a boca dela.

Uma das mãos de Christopher se ergueu, soltando o braço dela, indo em direção ao rosto.

Ele não havia tocado o rosto dela mas sua pele inflamava pela proximidade. Ele foi se aproximando, tanto o rosto quanto a mão, enquanto os olhos estavam fixos aos dela.

Os dois lábios se tocaram minimamente e Dulce tremeu, mas a mão forte de Christopher em seu outro braço a forçou a ficar no lugar. Porém…

Robert: Christopher? Maldito seja, onde está? – Perguntou, e pela voz já estava irritado.

Christopher se afastou de Dulce, respirando fundo. Era claro que não podia fazer aquilo. Não agora. Mas a decisão estava tomada.

Christopher : À noite. – Foi só o que disse, encarando-a, e saiu, gritando em resposta para Robert.

Dulce arfou, sozinha no corredor, pondo uma mão no peito. À noite.

Dulce: Ai, meu Deus. – Gemeu consigo mesma, se amparando na parede.

Dulce passou o dia, resumidamente, em pânico. Derrubou uma bandeja, o que fez Nina gritar com ela, que nem ouviu. Seus nervos estavam a flor da pele. À noite, quando foi liberada, foi direto pro banho.

Passou muito mais tempo lá que o normal, como se estivesse se escondendo. Depois foi até a cozinha, tomar um copo de água e se acalmar. Christopher deveria estar dormindo a essa hora, pensou enquanto ia pro quarto.

Ela estava ficando psicótica.

Dulce entrou no quarto e fechou a porta, segurando-a, indecisa. Por fim decidiu trancá-la. Respirou fundo: estava segura agora. Se pôs a acender as velas do quarto. Iria ler enquanto o sono não vinha.

Quando se virou para acender a ultima, o quarto já todo iluminado, foi que viu Christopher lá dentro, encostado na parede.

Ela hiperventilou.

Christopher: Tu trancaste a porta. – Observou, encostado na parede, de braços cruzados.

Estava como na primeira noite: Descalço, de calça, camisa e colete.

Dulce: Tranquei. – Assentiu, empedrada.

Christopher: Sabias que eu viria, e ainda assim a trancou. – Observou, pensativo – Estás com medo de mim?

Dulce: Não.

Christopher: Dulce. – Repreendeu.

Dulce: Um pouco. – Admitiu, e ele sorriu. Seu coração tomou um choque ao vê-lo se desamparar da parede, indo em direção a ela.

Christopher: Não é necessário; não vou machucá-la. – Assegurou.

Os dois se encararam por um minuto. Dulce nem acreditava que ele estava ali. Então algo passou pela cabeça dele.

Christopher: Mas isso. – Ela viu a mão dele se erguer e tremeu, quieta em seu lugar. Mas ele não tocou seu rosto; buscou seu cabelo. Dulce viu ele remover o laço que prendia o cabelo, os cachos caindo soltos por suas costas.

Christopher apanhou um punhado do cabelo dela, tocando os cachos. Eram tão macios quanto ele pensou que era, sedosos, lisos. Ele trouxe o rosto até o cabelo dela, aspirando seu perfume.

Dulce: O que estás fazendo? – Perguntou, ainda empedrada.

Christopher: Um antigo desejo. – Disse, passando o nariz dos cabelos dela pro pescoço. Dulce recuou, mas ele a segurou – Calma, ou vai se machucar. – Alertou.

Christopher aspirou o perfume dela como quem degusta um vinho. Então ergueu o rosto, a encarando.

Christopher: Não tenha medo. – Disse, vendo sua expressão assustada – Vai ser bom, carinho. – Prometeu, levando os lábios até o rosto dela, que fechou os olhos, ainda quieta.

Os lábios dele beijaram todo o rosto dela, até chegar na boca. Ele a olhou. Continuava de olhos fechados, a mesma expressão inocente. Então ela sentiu os lábios dele pressionando os seus, e se manteve quieta. Christopher estranhou.

Christopher: O que há? – Perguntou, beijando os lábios dela como quem busca permissão pra algo, mas ela não o correspondia.

Dulce: Fiz algo errado? – Perguntou, ansiosa.

Christopher: Não. – Na verdade ela não fizera nada, isso era o errado.

Ele a encarou.

Dulce: Perdoe. – Disse, corando mais ainda. Christopher a encarou, esperando – Eu não… Não sei o que fazer.

Christopher: Você… – Ele nem terminou a frase.

Ela era virgem.

Mas isso era evidente demais. A inocência dela era completa e absoluta, e ele estava prestes a roubá-la. Deus, não sabia nem como beijá-lo!

Christopher: Eu não devia fazer isso. – Disse a si mesmo. Não tinha nada para oferecer a ela ainda assim iria roubar sua pureza – Mas já é tarde. – Disse, e ela não sabia se ele falava com ela ou consigo próprio.

Dulce: O que é tarde? – Perguntou, angustiada.

Christopher: Nada. – Disse, acariciando o rosto dela – Faça o que eu te disser pra fazer, e tudo correrá bem, sim?

Dulce assentiu. Basta ver no que isso vai dar.

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora