capítulo 109

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Christopher: Eu não tinha como saber. Eu pensei que ela estava morta, ela me implorou para salvar a criança. – Ele falava consigo próprio. Cada vez que a dor do remorso o atingia ele se cobria repetindo isso.

Pablo: Estava viva, meu Deus, ESTAVA VIVA! – Havia dor no rosto de Pablo – Quando ela abortasse aquela aberração eu a levaria para longe. Abandonaria o trono, iria embora. Mas você entra e a mata.

Christopher: Cale essa maldita boca. – Rosnou, se tornando furioso.

Pablo: Pois que fique claro o motivo dessa guerra: Você tomou Rubi de mim. Se casou com ela. Nós tínhamos um caso, debaixo do teu nariz. Ela engravidou de você, e eu tentei matar a monstruosidade que habitava em seu ventre. Tu a mataste. – Disse, duro – Eu amei Rubi, Christopher. Eu a amei tanto que nem posso explicar em palavras. A amava em cada respiração. E acredite em mim, ela retribuía. Esse é o propósito desta guerra: Você matou a mulher que me amava. Minha vida nunca mais teve sentido desde que eu soube que ela estava morta. As cores sumiram, tudo o que vejo é cinza.

Christopher: Saia daqui. – Dulce continuava mais pra lá que pra cá.

Pablo: É por isso que eu não vou desistir. Por isso que eu posso morrer no processo. – Ele respirou fundo – Eu quero matá-lo agora, mas não haveria glória nisso. Tu me enfrentarás no campo de batalha. Lá sim. Posso morrer, mas é o único que posso fazer. Minha vida não tem mais nenhum propósito, eu nunca mais consegui amar ninguém, isso tudo por culpa sua. Porque você tomou a mulher que eu amava.

Christopher: Você é doente. – Desprezou, encarando-o. Cada palavra de Pablo ecoava em sua cabeça.

Pablo: Vá até a beira o rio. Há uma pedra grande, antiga, com uma estrela arranhada nela. Debaixo da pedra encontrará o diário dela, e sua gargantilha. Ela enterrou lá, quando pensou estar só, depois de saber da gravidez. Está lá ainda. Se precisa de uma prova do que estou dizendo, sabe onde encontrar. – Disse, com descaso - Tua arma e tua espada estão na copa de uma arvore, na borda da clareira. Teu cavalo fugiu. – Disse, saindo dali – No campo de batalha, quando chegar a hora, Christopher. Mas agora você já sabe. Você precisava saber. – Disse, olhando Christopher sentado com a cabeça de Dulce no colo como se fosse um animal, nojento, desprezível.

Pablo saiu dali, indo na direção de seu reino. Logo se ouviu o relinchar de um cavalo, e as patadas no chão, então havia sumido. Christopher olhou Dulce em seu colo. Desmaiada, desacordada, como ele queria estar. Ele se levantou, procurando nas arvores, até que achou suas armas. Deu três tiros pro ar, e soube que logo a ajuda viria. Voltou ao chão, a Dulce. Ela sempre lhe fora fiel. Sempre lhe amara.

Deus, como Rubi fora capaz?! Pablo dissera coisas que ele nem tinha como saber, e a verdade estava nos olhos dele. Rubi não o amava. O traíra o tempo todo.

Christopher não sabia o que estava sentindo naquele momento. Ele colocou a cabeça de Dulce no colo e se deitou na grama, afundado seu rosto ali, sem querer pensar, sem querer existir.

Quando Dulce acordou, a ajuda ainda não tinha chegado. Ela gemeu, as mãos tateando a terra, e Christopher viu

Christopher : Shhh. Tudo passa bem. – Tranqüilizou.

Dulce: Christopher! – Exclamou, assustada, e se agarrou a ele, que a abraçou. – Alguém... Alguém me sufocou com éter na escadaria da torre, meu Deus do céu! – Disse, agarrada nele. Sua cabeça doía.

Christopher: Você conseguiu ver quem foi? – Perguntou, acariciando o cabelo dela, mas ela negou.

Dulce: Não deu tempo, perdão. – Ele assentiu – Como você me encontrou? Como vim parar aqui? – Perguntou, confusa.

Christopher: Eu pensei que Pablo havia seqüestrado você. – Dizer o nome do outro ardia como fogo em sua garganta – Então vim atrás. A encontrei caída aqui, mas meu cavalo fugiu. Pedi ajuda e esperei. – Mentiu.

Christopher queria se abrir com ela, contar tudo o que tinha ouvido, mas não era capaz. Algo dentro de si o sufocava, então ele mentiu.

Dulce: O que há com você? – Perguntou, encarando-o. Ele negou – Está frio. Seus olhos... – Ela tocou no rosto abatido dele, vendo os olhos com a aparência morta.

Christopher: Eu só me assustei. Tudo passará bem.- Repetiu.Nesse momento ouviram cavalos se aproximando – Você está bem? – Ela tocou a lateral do corpo, onde sentia uma pontada desagradável, mas assentiu.

A cavalaria logo chegou. Christopher montou Dulce em um cavalo, sem dizer uma palavra, e montou atrás dela, disparando de volta para casa. Só parou ao chegar no castelo. Todos o esperavam do lado de fora.

Christian: Está tudo bem? – Christopher assentiu.

Christopher: Vá para dentro. – Disse e Dulce assentiu, pedindo licença, e saiu dali.

Alfonso: Quando teu cavalo retornou supus que estavas morto. – Acrescentou.

Christopher: Eu apenas cai a galope. – Tranquilizou.

Robert: Ele estava lá? – Perguntou, observando-o.

Christopher: Não, ela estava sozinha. Eu também não entendi. – Christian encarou Robert, pensativo, mas Alfonso observava Christopher – Me dêem sua licença. – Pediu, entrando no castelo.

Christopher não dormiu aquela noite. As palavras de Pablo latejavam em sua cabeça. Rubi o havia traído. Não comeu nada, tampouco. Dulce o questionou até se cansar... E nada.

 Ele apenas ficou em silencio. Tudo em que acreditara era mentira, e agora ele não sabia em que acreditar. No dia seguinte levantou cedo, antes dela, e simplesmente sumiu. Sem rumo, sem direção. Porém só havia um lugar para onde ele poderia ir: O rio.

 Ele caminhou em volta dele, pensativo, se lembrando das diversas ocasiões onde estivera ali com Dulce. Sorriu, distante, ao lembrar do riso dela na água, de sua inocência... De seus gemidos, ao pé de deu ouvido, enquanto ele lhe fazia amor ali. Ele não estaria em paz se não procurasse. Olhou as pedras em volta do rio, destacando as grandes.

 Foi então que viu: Grande, com musgo, e aparência antiga. Ele se aproximou, passando a mão sobre o limo, afastando-o, e se revelou uma pequena estrela cravada, arranhada na pedra. Encontrara.

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora