capítulo 180

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Christopher desceu do cavalo, ajudando-a a subir. Dulce se sentou de lado e ele apanhou as rédeas do animal, indo a sua frente, a pé, levando-a. Os dois permaneceram em silencio. Christopher contornou a copa das arvores, e ela perguntou pra onde iam. Ele apenas respondeu "É outro modo de chegar ao rio.", e o silencio voltou. Havia mesmo uma trilha entre as arvores, e eles passaram, não demorando a chegar na beira do rio.

Dulce: Porque me trouxe aqui? – Christopher não respondeu. 

Amarrou o cavalo perto d'agua, e ajudou a descer. O animal nem fez caso, se aproximou do rio, bebericando a água quase gelada, pela ventania que fizera na noite anterior.

Christopher: Porque eu precisava de um lugar em paz, para conversarmos. – Disse, e ela se pôs a caminhar ao lado dele. Christopher andou poucos passos e se virou pra ela – Cariño, não quero continuar brigando com você. Olhe pra nós dois.

Dulce: Não parece. – Disse, quieta.

Christopher: Você também não ajuda. Dançando daquele modo na minha frente pra depois... – Ele suspirou. Ela ergueu a sobrancelha com a acusação – Não é o objetivo. O que passou, passou.

Dulce: Então porque não solta Bia? – Pressionou. Christopher hesitou por um instante, então se sentou em uma pedra seca, perto de uma arvore. Ela observou, e se sentou na frente dele.

Christopher: Precisa entender. Bia nunca ergueu a voz para mim, então me desafiou aos gritos perante todo o reino. Ela é uma criança. – Disse, cruzando as mãos – Se eu não mostrar a ela agora que o que ela fez foi errado, que mesmo ela sendo a herdeira do trono deve respeito a mim como pai e como rei, as coisas vão fugir do meu controle, e eu não posso permitir isso. – Ele suspirou – Dói em mim deixá-la presa, mas eu seria incapaz de lhe erguer a mão, e é o único modo que eu vejo de puni-la.

Dulce: Não crê que já foi tempo demais? – Perguntou, apanhando as mãos dele entre as suas – Já faz mais de dois meses. Você nem permitiu que ela visse os irmãos, e você se lembra o quanto ela estava ansiosa por eles.

Christopher: Eu vou me resolver com Bia. – Prometeu, e ela esperou – Logo. Mas não sei agir sob pressão.

Dulce: Me prometa que não a manterá presa por muito mais tempo. – Pediu.

Christopher: Prometo que vou tentar resolver isso com o melhor de mim. Mas não vim aqui falar apenas de Bia. – Ele tocou o rosto dela – Nós mal nos casamos, e já estamos brigados. Você me irrita tanto que as vezes tenho vontade de estrangulá-la, como pode?- Perguntou, acariciando a maçã do rosto dela, que riu.

Dulce: Parecia que você não me queria. Me tornei irritada. Passou. – Disse, beijando a mão dele. Christopher se aproximou, beijando a testa dela demoradamente. O coração de Dulce disparou ao sentir os lábios dele em sua pele.

Christopher: Passou? – Murmurou, inquisitivamente, os lábios descendo pelo rosto dela. Dulce segurou o rosto dele, sorrindo.

Dulce: Só quando Bia estiver livre. – Sussurrou, e ele sorriu. Ainda jogando, afinal.

Christopher: Que seja. – Ele deu de ombros. Ela sentiu as mãos dele lhe apanhando por debaixo do braço, puxando-o pra ele – Me deixe pelo menos te abraçar. – Disse, apanhando-a nos braços, e ela retribuiu o abraço, saudosa de seu perfume.

Eles ficaram assim por horas. Se beijando, se acariciando, nunca passando do limite, apenas matando a saudade. Nenhum dos dois disse nada, nada precisava ser dito.

Dulce: Podemos ir agora? – Murmurou, nos lábios dele.

Christopher: Quer ir embora? – Perguntou, confuso. Fizera algo de errado?

Dulce: Na verdade, não. Ficaria aqui por horas a fio. – Christopher sorriu, acariciando o rosto dela. Os dois estavam meio deitados, largados, ele encostado em uma arvore e ela em cima dele, o vestido esparramado a sua volta. – Mas não vai demorar, e será a hora de amamentar dois bebês. – Disse, tocando o nariz dele. Christopher sorriu mais ainda. – Podemos ficar mais uma hora, no máximo, mas então teremos que voltar apressados. Arthur se irrita quando não o alimento a tempo. Faz birra. – Christophher riu, lembrando do filho.

Christopher: Vamos. Podemos passear um pouco antes de voltar, já que temos tempo. – Disse, se levantando – Eu tinha em mente vários lugares pra irmos, antes de entrarmos em conflito, é claro. – Dulce sorriu, apanhando a mão dele, e se levantou.

Dessa vez ela montou com uma perna em cada lado do cavalo, que parecia entediado por esperar, e ele montou atrás dela, apanhando as rédeas do cavalo. Christopher a levou a um campo afastado do castelo, mas ainda nas propriedades, onde cresciam girassóis. Não eram muitos, nem muito grandes, porque o sol não aparecia muito, mas as cores deixaram ela encantada. Anoitecia. Os dois voltavam brincando, rindo, e Christopher acelerou o cavalo, fazendo-a gritar com ele, assustada, lhe causando um riso gostoso. 

Porém o ritmo do cavalo friccionou o corpo dos dois de um modo não muito convencional; ela estava quase pulando no colo dele. Acumulou o desejo preso por meses, os dias de provocação, a tarde de carinhos que, querendo ou não, deixou os dois acesos, e agora isso. Ela ficou quieta, e ele viu a mão dela agarrar a crina do cavalo, e sorriu consigo mesmo, instigando o animal, fazendo-o correr mais, aumentando a fricção do corpo dos dois

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora