capítulo 78

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Os dias se passaram.

Dulce fugiu de Christopher como o diabo foge da cruz. Ele nunca a via, só quando estava com Bia. Ele entrava e ela saia. Ela saíra do quarto que ele lhe dera, deixando tudo lá; Só levava o escapulário porque esquecera de devolver, força do habito.

O dia do baile finalmente chegou.

O reino todo parara perante aquilo. A noite foi o mais luxuosa possível. Os homens em seus ternos refinados, e as mulheres estonteantes, cada uma de seu modo.

Anahi usava um vestido tomara que caia, apertado, ousado para aquela época, pois deixava seu colo exposto, só vinha se abrir em saia balão da cintura para baixo. Havia um colar enorme, com diversos diamantes cravados ali. Os cabelos, soltos, penteados delicadamente caiam até a cintura, difundindo-se com o vestido.Haviam diamantes em seu pescoço, em suas orelhas, em seu pulso… Alfonso parecia gostar de tê-la assim.

Maite, mais modesta, usava grafite, um vestido de aparência delicada e fina, do jeitinho dela. Também levava seus diamantes, mas eles eram tímidos como a dona.

Kristen usava vermelho vinho, e seus diamantes ficavam em meio termo: Mais extravagantes que os de Maite, menos que os de Anahi.

E Dulce nem acreditava que estava trabalhando. Toda a equipe do castelo, todos os criados estavam ali, exceto os soldados que guardavam o castelo onde Bia ficara. Esse baile era extremamente mais luxuoso que o outro.

Dulce agora tinha a convicção de que não queria estar ali. Devia ter se jogado de uma escada, quebrado uma perna. Mas agora era tarde. Haviam dezenas de princesas ali, de toda variedade: Loiras, ruivas, morenas, claras, escuras, altas, baixas, magras, gordinhas… E a noite se arrastou.

Dulce virou a cara ao ver Christopher dançando com varias delas, conversando, sorrindo. Que ódio! Por fim, ele se pronunciou. Estava na plataforma alta, com os reis e rainhas sentados atrás dele.

Primeiro fez o cerimonial de recepção, agradecendo a todos ali presentes, e blábláblá. A voz dele ecoava pelo salão silencioso. Até que ele se concentrou em sua escolha.

Dulce percebeu, no instante em que soube que ele iria se anunciar, que não suportaria ouvir. Largou a bandeja em um canto e bateu em retirada, retardada pelas pessoas que estavam paradas no caminho. Ela tinha que passar despercebido.

Christopher: Enfim. Essa noite eu vi mulheres de todos os tipos, cada uma encantadora de sua forma, mas minha decisão era clara. – Disse, e Dulce acelerou o passo – Apenas uma mulher pode ser minha esposa, porque apenas essa carrega minha felicidade. E, por incrível que pareça, essa mulher está fugindo agora. – Christopher  virou o rosto, olhando – Dulce, pare de correr. – Pediu.

Robert engasgou com o vinho, cuspindo-o fora, engasgado entre tossido e riso. Dulce empedrou em seu lugar. Jesus, Maria, José.

Todos olhavam em volta, procurando.

Christopher: Olhe para mim. – Pediu. Todos estavam confusos. Robert continuava tossindo, e Anahi tinha um riso preso, assim como o marido. Dulce se virou, o rosto pulsando sangue, e ele sorriu ao ver os olhos incrédulos dela, desde longe – Em nome de Deus, nosso senhor, eu amo você. Não poderia escolher outra mulher, pois meu coração pertence a ti. Eu não me importo que seja uma criada, não tem importância, eu te amo, e eu escolho você. – Um silencio esmagador se abateu sobre o salão. Christopher estendeu a mão na direção dela, chamando-a – Seja minha rainha. Case-se comigo, Dulce. – Pediu. Ninguém parecia saber o que falar.

Por essa ninguém esperava.

Os ouvidos de Dulce ainda pareciam zumbir. Kristen acudiu Robert, lhe dando um copo de água, esse já ria gostosamente. Christopher ainda olhava pra ela, o braço estendido em sua direção, chamando-a.

Ela, sem alternativa, caminhou até ele, nitidamente ciente de que todos ali olhavam para ela. Todas as princesas olhavam pra ela. Algumas pareciam não ligar, outras pareciam ter raiva, despeito, enfim. Dulce se lembrou que o vestido que ela usava, branco e cinza, de cores neutras e sem atrativos, devia parecer um trapo.

Quando o primeiro pé dela tocou a escadaria, todos os reis se levantaram (Robert ainda se recuperava de seu ataque), em saudação. Nina, com um curativo inflamado e dolorido no braço, quase espumava de ódio. Tony tinha uma mistura de alegria, preocupação e dó no rosto.

Quando ela o alcançou, apanhou sua mão, e ele sorriu, trazendo-a até seu lado na plataforma. Todos aplaudiram, era ensurdecedor. Christopher tinha um sorriso lindo no rosto.

Dulce: Você enlouqueceu. – Murmurou, mortificada, mas ele ainda sorria.

Os aplausos pioraram quando ele apanhou seu rosto, beijando-a sutilmente. Dentre seus pensamentos incoerentes Dulce pensou que agora tudo poderia ficar bem. Mal sabia ela que só estava enrolando a corda no próprio pescoço, mais e mais…

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora