capítulo 83

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Christopher: Eu nem sei por onde começar. – Disse, parado a porta. Uma vez na claridade ela podia ver a incredulidade no olhar dele. – Você está louca? Iria tentar furar a fronteira dele, invadir o castelo, matá-lo e voltar apenas com uma adaga na mão? O que passa na sua cabeça? Aliás, porque acha que conseguiria?

Dulce: Porque eles iriam me deixar passar pela fronteira. – Disse, quieta. Sua voz não tinha emoção, não tinha nada. – Eu caminharia pelas ruas e entraria no castelo com facilidade. – Continuou. Christopher a observava, confusa – O mataria pois ele me quer em sua cama.

Christopher: Que diabo está dizendo? – Perguntou, confuso – Ele tentou assediá-la no baile? – Perguntou, o ódio subindo a boca.

Dulce: Não. Ele tentou me assediar antes de eu vir para cá. – Continuou, com aquele tom de voz estranho, sem emoção – Aliás, este foi o motivo por eu ter vindo.

Christopher: Eu não estou entendendo. – Observou, totalmente perdido.

Dulce: Minha família sempre foi muito unida. – Disse, o olhar perdido – Éramos eu, meu pai e minha mãe. Nós nos amávamos e sempre vivemos em paz. – Christopher continuou confuso, cada vez mais. A família dela não havia posto ela para fora? – Meus pais me amavam mais que tudo no mundo. Quando a guerra estourou eu era uma menina ainda. – Continuou – Porém com o passar do tempo eu cresci, virei uma mulher… – Ela olhou o próprio corpo – E isso chamou a atenção de Pablo. Atraiu os olhos dele para mim.

Christopher: Você tem noção de que o que está dizendo não faz o menor sentido? – Perguntou, lentamente. Dulce sorriu de leve, sem alegria.

Dulce: Durante muito tempo ele me assediou. Me queria como sua amasia. Eu sempre me neguei. Sonhava me casar pura, e me entregar apenas para o homem que eu amasse. – Continuou – Meu pai me defendeu com unhas e dentes. Minha mãe tinha medo. Até que um dia a paciência de Pablo acabou. Ele decidiu que me levaria embora a força, me possuiria e mataria em seguida. Então eu fugi. Vim para cá. – Christopher estava calado. Seus ouvidos não queriam ouvir aquilo – Era o único lugar onde ele não me alcançaria: Em teu castelo, pois tu o mataria se conseguisse pôr os olhos nele. Ele não se atreveria a vir até aqui, a passar a fronteira… Mas eu tive. Eu passei. Aqui estou.

Houve um silencio pesado na sala. Christopher a encarava, o preto dos olhos conturbados pela verdade. Quando ele falou, sua voz era irreconhecível.

Christopher: Mentiu para mim todo este tempo? – Perguntou, em um silvo furioso.

Não, não era fúria, era ódio. E estava acabado para Dulce.

Dulce: Na verdade eu não menti em quase nada. Eu só não te disse de onde tinha vindo. – Observou – Jurei para mim mesma que começaria uma vida nova aqui, livre, então conheci você. – Ela sorriu – No dia em que você me viu chorando… Quando meu pai morreu… Pablo o matou. Procurou por mim por todo o reino, não encontrou, então confrontou meu pai que passou a verdade na cara dele. – Ela riu de leve – Agora veja só, eu estou me entregando a morte só por amor a você. Como isso é absurdo! – Disse, quieta.

Christopher: Eu-eu nem acredito nisso. Eu te dei o mundo, eu te confiei minha filha, eu te amei e você mentiu para mim! – Disse, incrédulo, tremulo. Ele ofegava de ódio. – Estava aqui a mando dele, para me fazer mal!

Dulce: Isso não. Isso nunca. – Disse, observando-o. Christopher passou a mão no rosto, ainda ofegando – Christopher, se eu pretendesse lhe fazer algum mal, teria feito a inicio. Perdi a conta de quantas vezes o tive adormecido, indefeso, em meus braços. Estive sozinha com Bia inúmeras vezes. Eu os amo, não lhes faria mal.

Christopher: Eu não conheço você. – Murmurou, os olhos duros encarando-a – GUARDAS! – Rugiu, tremulo, abrindo a porta.

Dulce: Christopher. – Sussurrou, derrotada, fechando os olhos.

Ela nem viu. Só sentiu duas mãos se fecharem em volta de seus braços. Não abriu os olhos, não queria ver o olhar dele daquele jeito sob si. Só queria se lembrar do olhar dele ao dizer que a amava.

Robert: Christopher, que alvoroço é esse? O que está fazendo? – Perguntou, olhando a cena. Christian entrou atrás – Você não pode prendê-la por tentar terminar a guerra, seja racional.

Christopher: Ela é a espiã. – Acusou, tremulo.

Epa.

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora