capítulo 59

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Era um dia frio. Era outono, o céu estava nublado e ventava muito. Faltava pouco para o baile, e para a chegada dos tão esperados.

Dulce caminhava no jardim com Christopher ao seu lado. Ela andara angustiada. Seu relacionamento com ele estava perfeito, melhor que nunca antes, mas ela tivera um pesadelo dias atrás.

Ela andava sozinha, não havia nada a sua volta, só neblina… Como se ela estivesse dentro da nuvem.

Então uma voz clara disse a ela: "O céu cairá quando o inverno chegar.". O inverno estava quase chegando, faltavam poucos meses. Ela acordara gritando, as lágrimas, mas Christopher estava lá, deitado do lado dela.

Ele a abraçou e prometeu que estava tudo bem. Ela se acalmou, mas a ‘mensagem’, ficou. Desde então o inverno a apavorava.

Dulce: Preciso trabalhar. – Disse, se virando para ele – A noite nos vemos. – Ele sorriu.

Christopher: O que vai fazer agora? – Perguntou. Ele estava aquecido, usando uma capa de veludo pesado, mas ela usava apenas seu uniforme.

Dulce: Lenha. As da lareira do seu quarto deram cupim. – Disse, debochada.

Christopher riu gostosamente. Não passava as noites em seu quarto: Só ia lá tomar banho, se trocar e ir atrás dela.

Logo a lareira não era acesa. Ele riu até ver ela ir até o toco de uma arvore, apanhando o machado cravado ali.

Christopher: Ei. – Ela o olhou – Vai se machucar.

Dulce: Já fiz isso antes. – Disse, apoiando o machado no chão. Era pesado.

Christopher: Isso é trabalho de homem. – Impôs, e Dulce ergueu as sobrancelhas. Ela riu ao vê-lo tirar a capa.

Dulce: Vai cortar lenha, vossa alteza? – Perguntou, se apoiando no machado.

Christopher: Sou homem. – Ele passou a capa pelos ombros dela, que revirou os olhos.

Dulce: É um rei. – Rebateu.

Christopher: Fui homem antes de ser rei. – Respondeu, afivelando a capa. Estava quente e tinha o perfume dele. – Eu odeio isso, sabe? – Perguntou, desabotoando o punho da camisa.

Dulce: Isso o que? – Perguntou, vendo-o dobrando das mangas da camisa.

Christopher: Estereótipos. Porque eu sou rei, eu não posso fazer nada pesado. Porque uma pessoa está doente, ou magra demais, ou gordas demais, ou baixas demais, se elas tem dinheiro demais ou de menos, elas tem que andar com pessoas do mesmo estereótipos que os dela. – Disse, segurando o machado, olhando-a. – Eu acredito que o que interessa é quem são por dentro. Pessoas julgam sem conhecer, isso tira do sério.

Dulce: Você não julga as pessoas sem conhecer? – Perguntou, observando-o.

Christopher: Não. – Disse, olhando em volta – Se perde muito por julgar as pessoas apenas por fora.

Dulce: E se você conhecesse uma pessoa por dentro. – Começou, e ele esperou. Os dois estavam pálidos pelo clima, mais brancos que o normal – Por dentro e parcialmente por fora.

Christopher: Parcialmente por fora? –Perguntou, confuso.

Dulce: É. Se você conhecesse alguém totalmente por dentro, e por fora faltasse um detalhe… Um detalhe razoavelmente importante. – Christopher esperou – Quando você soubesse esse detalhe você julgaria a pessoa por dentro?

Christopher: Eu gosto do interior da pessoa? – Perguntou, levando a história hipoteticamente.

Dulce: Aparentemente ama. – Ela sorriu com a ingenuidade dele.

Christopher: Se eu amo o interior dela… – Ele deu de ombros – Quão grave é o que eu não sei?

Dulce: Muito. – Disse, se abraçando a capa dele.

Christopher passou a mão na cabeça, o cabelo dele ficou bagunçado, bonitinho. Ela sorriu.

Christopher: Iria depender. Estou confuso. Porque está me perguntando isso?

Dulce: Não sei. Seu discurso sobre ‘não julgar sem conhecer’ me deu essa curiosidade. Mas vamos lá, majestade.

Tony, que estava no castelo, observou, confuso, a cena. Viu Dulce parada, com a capa de Christopher, que ergueu o braço, olhando o machado.

Dulce o olhou de modo duvidoso e riu. Ele ergueu a sobrancelha pra ela e tomando impulso, desceu o machado na madeira, que se rachou em duas.

Não era o jeito exato de se fazer, mas era lenha. Ele sorriu pra ela, vitorioso, equilibrando o machado na mão, e ela bateu palmas, dando pulinhos.

Christopher: Ham? Ham? – Disse, andando pra ela de braços abertos, sorrindo, todo orgulhoso.

Dulce: Meu herói. – Disse, caminhando até ele, rindo.

Tony viu Dulce pular no pescoço dele, beijando-o. Christopher a segurou no ar, retribuindo o beijo apaixonado.

O vento sacudiu os dois, os cachos dela ricocheteando ao vento, e Tony negou com a cabeça, suspirando, e saindo dali. Ficava a questão: Ele seria capaz de perdoar?

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora