capítulo 86

293 20 0
                                    

Era madrugada. Chovia forte. Christopher desceu as escadarias desembestado. Não dormia há três dias, sua cabeça não parava de doer. Estava frio, soava. Entrou nas masmorras no mesmo ímpeto. Estremeceu.

Dulce pendia para frente, a cabeça baixa. Por um instante Christopher entrou em pânico, mas se ela tivesse morrido teriam avisado. Ele avançou até ela, decidido. Um guarda se opôs. Christopher apenas o olhou, fazendo-o sair. O segurança saiu da masmorra. Ele apanhou os braços dela, que ergueu o rosto.

Dulce: Christopher? – Perguntou, rouca, sentindo os braços dele puxando os nós.

Christopher: Shhh. – Pediu, e se abaixou, soltando os pés dela. Em seguida a cintura, logo os braços. Ele a carregou e Dulce gritou de dor ao sentir as pernas se dobrarem. Logo não as sentia. Ele puxou uma cadeira com o pé, pondo-a sentada com cuidado, e apanhou seu rosto entre as mãos – Pode me ver? – Perguntou, quase desesperado.

Dulce fez um esforço hercúleo para abrir os olhos. Conseguiu abrir um mínimo e assentiu.

Dulce: Você não ia me matar? – Perguntou, vendo ele rasgando seu vestido, soltando as amarras, deixando o peito dela livre pra respirar.

Christopher: Eu ainda vou. Eu acho. Não me faça perguntas agora, eu estou confuso. – Dulce ficou quieta – Onde dói?

Dulce: Onde não dói? – Perguntou, irônica consigo mesma. – Estou feliz que tenha vindo.

Christopher: Me deixe te ajudar. – Disse, rasgando um pedaço da própria camisa.

Ele apanhou um vaso com água que havia ali, molhando o pano. Limpou o nariz dela sutilmente, removendo o sangue seco. Dulce respirou fundo.

Dulce: Se está aqui é porque ainda me ama. – Disse, meio lesa pela dor.

Christopher: Você mentiu para mim. Não há perdão para isso. – Respondeu, molhando a área dos olhos dela.

Dulce: Mesmo eu tendo mentido, você voltou. Vai me matar no final, mas se importa. – Disse, e parecia satisfeita.

Christopher: Isso tranqüiliza você? – Perguntou, incrédulo.

Dulce: Menti para você, mas não sou a espiã. Veja, estou morrendo sem nem reclamar. – Christopher molhou o pano de novo, levando aos olhos dela – Me tranqüiliza, porque mesmo eu morrendo, você se importou.

Nessa hora Alfonso, Christian e Robert entraram na masmorra, acompanhados pelos guardas. Christopher não respondeu Dulce.

Alfonso: Christopher, o que está fazendo? – Perguntou, observando a cena.

Christopher: A partir de agora ninguém, eu repito, NINGUÉM, tem autorização para bater nela, nem atá-la. Ela não vai fugir. Deixem-na presa aqui. – Disse, limpando os olhos de Dulce. Ela olhava ele agora, pelos olhos entreabertos – Se eu descobrir que alguém encostou o dedo nela, eu juro por Deus, nosso senhor, a pessoa morre.

Robert: E vamos fazer o que com ela? Ela não fala, não há modo. – Ressaltou.

Dulce: É porque eu não sei de nada. – Disse, remotamente.

Anahi: Você sabe o que vamos fazer com ela. – Disse, aparecendo atrás dos outros. Christian a encarou, e ela assentiu – Deixe que Dulce fique em paz esta noite. Amanhã tiraremos a verdade dela. – Disse, quieta.

Robert aquiesceu, e Christopher se perguntou se perdera alguma coisa.

Dulce: Eu estou com sede. – Murmurou, quieta. Os outros saíram, dando as costas. Apenas Anahi ficou.

Christopher rasgou outro pedaço da camisa, molhando-o em água fresca e limpa. Ouvira os engasgos dela; fazê-la beber não funcionaria. Molhou o pano e levou até os lábios dela, que aceitou grata, sugando a água. Ela bebeu um bom bocado, então não conseguiu mais.

Christopher: Você provavelmente vai morrer amanhã. – Disse, largando a água. – Não sei o que eles vão fazer, mas no final não terá utilidade.

Dulce: Eu sei. Ainda assim você se importou. – Ela não viu nada, só quando ele a carregou novamente, pondo-a em cima de algo. Era feno coberto. Ele a deitou, e ela suspirou.

Christopher: Eu ter vindo não significa nada, Dulce. Não deixei machucarem você por consideração a memória de tudo o que vivemos. – Ressaltou – Mas não se equivoque. Eu não confio em ti, eu não vou protegê-la quando chegar a hora. Eu estou com ódio de você. – Murmurou, quieto.

Dulce queria responder, mas seu cansaço era tão grande que ela desmaiou em seu sono. Machucada, magoada… Morrendo. Christopher não sabia o que sentia. Ele apenas tirou o resto da camisa, cobrindo o colo dela, e saiu dali. Vamos esperar para ver o que Robert, Anahi e Christian tinham a fazer..

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora