capítulo 141

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Dulce: Alfonso. – Alfonso se virou, os olhos castanhos parados nela. Maria observou – Eu quero interceder por Anahi. – Alfonso ergueu uma sobrancelha, voltando.

Alfonso: Interceder por ela? – Repetiu.

Dulce: Ela fugiu por mim. Para salvar minha mãe, e sou grata. – Falar com Alfonso naquele estado a deixava nervosa – A intenção foi boa. Quero rogar por ela.

Alfonso: Porque se importaria? – Sondou, observando-a.

Dulce: Porque ela é minha amiga. – Rebateu. Alfonso ergueu as sobrancelhas – E porque ela intercedeu por mim na hora da minha morte. – Maria olhou Dulce, franzindo o cenho – Por favor. – Alfonso a observou por um instante.

Alfonso: Gosto da sua atitude. – Assinalou.Alfonso valorizava a gratidão, e principalmente a amizade. – Não se preocupe. Nada acontecerá a Anahi.

Dulce: Obrigada. – Alfonso assentiu e saiu. Dulce suspirou.

Robert: Não se preocupe. – Disse, olhando-a – Ele é louco por aquela mulher. Dois gritos depois estará nos braços dela. – Dulce sorriu.

Kristen: Robert! – Ralhou. Maite e Christian riram.

Maite: Bom, vamos deixar vocês a sós. Se precisar de qualquer coisa... – Dulce assentiu. Todos saíram.

Maria: O que foi isto? – Perguntou, aparvalhada.

Dulce: Vou explicar tudo, mamãe. – Disse, abraçando a mãe de novo – Está tudo bem agora.

Pelo menos dessa vez a história se desenrolou sem briga. Dessa vez.

Um pequeno flashback...

Haviam dois guardas, dois soldados, em frente a uma pequena casinha, perto da copa da fronteira, próxima a algumas arvores. A noite era fria e ventava bastante, mas os dois não se demoviam. Tinham ordens expressas: Pablo acreditava que Dulce voltaria para buscar a mãe. Quando ela voltasse, estariam prontos. A ordem era matá-la sem perguntar, e levar o corpo para ele. Mas dias se passaram, e nada aconteceu.

Guarda1: Está mais frio que o normal. – Disse, esfregando as mãos.

Guarda2: Creio que logo choverá. – Os dois olharam o céu nublado, observando, então...

- Boa noite.

Os dois olharam. Do nada havia uma pessoa ali, parada como se houvesse estado o tempo todo, coberta por um manto negro, com capuz. Só se via o queixo e os lábios. A voz era feminina e a mulher sorria de canto. Podia bem ser um espectro. Os guardas puxaram as espadas imediatamente, alarmados.

Guarda1: Nem um passo, em nome do rei. Retire o capuz. – Ordenou.

O vulto aquiesceu e duas mãos cobertas por luvas puxaram o capuz, revelando um rosto tão branco que tinha uma matiz acinzentada. Os cabelos eram castanhos, presos em um coque, mas não tão castanhos como os olhos. Era assustador. Assustador e violentamente encantador.

Anahi: Porque as espadas, cavalheiros? – Perguntou, e os soldados abaixaram as espadas, meio hesitantes.

Guarda2: Este local está vetado a civis. – Disse, e ela sorriu de canto.

Anahi: Ótimo. Se eu avistar um, avisarei. – Disse, sorrindo. A pele dela parecia glacê, sumindo pelo decote do vestido. Ela se aproximou, e um dos guardas olhou pro outro, sorrindo descaradamente – Por favor, senhores. Eu só preciso fazer uma breve visita. – Disse, a voz sedutora.

Guarda2: Ordens do rei. – Negou – Não lhe contaram que uma dama não deve andar só a noite? Sozinha, desprotegida... Não é seguro. – O sorriso de Anahi aumentou.

Ela aproximou o rosto do pescoço dele, que lamentavelmente não impediu. Seu sussurro foi frio. O outro guarda, achando se tratar de uma tentativa de suborno, apenas sorriu, animado.

Anahi: E tu? Não lhe contaram uma história que afirma que a morte tem várias faces? – Perguntou, com um sorriso – Uma delas é encantadoramente bonita, com a voz incrivelmente doce e sedutora... Usando um manto negro. – Completou.

Maria se preparava para dormir quando o barulho veio. Algo como um grunhido, um grito de homem, que se afogou, em seguida um segundo, um barulho de espada, um baque forte, e a porta se abriu. Maria gritou, recuando. A mulher era branca, totalmente branca, vestia negro e tinha sangue descendo de modo abundante, começando pela boca, sujando todo o pescoço, descendo em fios pelo colo.

Maria: Não. – Ofegou, apavorada. Anahi franziu o cenho, como se o fato de ela estar banhada de sangue não fosse relevante.

Anahi: Não se preocupe. Não vou lhe machucar. – Ela fechou a porta, trancando-a – Não vai demorar darem por sua falta, precisamos partir. – Disse, se aproximando. Maria se afastou rapidamente. Anahi apanhou um pano de prato, molhando-o na pia – Já disse que não vou machucá-la, em nome de Deus! – Isso não muda o fato de que você está com os lábios cobertos de sangue.

Maria: Não vou a lugar algum com você. – Disse, vendo Anahi limpando-se do sangue rapidamente. O pano de prato branco logo se tornou vermelho. Anahi se abaixou na pia, levando água a boca, e gargarejou... Quando cuspiu era sangue. Maria recuou mais ainda

Anahi: Agora me escute bem, pois não temos tempo. – Disse, se virando. Apesar de agora estar limpa, a imagem permanecia.

Maria: O que você é? Um demônio? – Perguntou, apavorada.

Anahi: Meu marido me acusa disso as vezes, já que menciona, mas não. – Ela desamarrou a capa do pescoço, revelando o ombro pálido – Não vou lhe fazer mal, estou aqui em nome de alguém que lhe quer bem demais, cujo nome é tabu. Agora vamos. – Mas Maria apanhou uma faca em cima da mesa, apontando-a para Anahi.

Maria: Não se aproxime. – A mão dela era tremula. Anahi ergueu a sobrancelha, incrédula, observando por um instante.

Anahi: É sério isso? – Perguntou, num misto de incredulidade e diversão – Pois muito bem então.

E ela sumiu. Maria olhou em volta, assustada... Então algo bateu em sua nuca e ela caiu. Vagou entre a consciência várias vezes, esperando o momento que aquela criatura dilacerasse sua garganta e drenasse seu sangue. Mas mãos frias a apanharam e ela soube que estava em movimento pelo vento passando em seu rosto. Só parou em uma sala clara, com o ambiente agradável, e ela foi deixada no chão. Uma discussão começou, e ela despertou totalmente. Iria gritar, mas uma voz doce e conhecida chamou.  

 Uma só palavra: "Mamãe."

Fim de flashback.

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora