capítulo 82

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Tony gritou por horas. Esbravejou, apanhou, gritou mais ainda. Exigia ver Christopher. Gritou até não poder gritar mais, então continuou gritando.

Guarda: Senhores, licença. – Pediu. Alfonso, Christian, Robert e Christopher olharam. O guarda explicou a situação rapidamente.

Christian: Bata nele. – Ordenou, sem entender.

Guarda: Já o fiz, senhor. Ele continua gritando. Parece estar possuído. – Disse, quieto.

Robert: Dê-lhe uma pancada, faça-o desmaiar. – Disse, franzindo o cenho.

Guarda: Já fizemos, senhor. E ele acorda já aos gritos novamente. – Respondeu.

Alfonso: Quebre-lhe os dentes. – Propôs.

Christopher: Não, tudo bem. – Disse, quieto. Até a voz de Christopher mudara, estava mais morta. – Eu vou ver o que é. Com licença. – E ele se levantou, saindo.

Caminhando pelo corredor Christopher se perguntou brevemente o que esse homem teria de tão importante para fazer tal escândalo. Mas nem a curiosidade mais ele conseguia manter, todos os sentimentos eram muito passageiros.

Guarda: É ele, senhor. – Apontou para Tony, que estava amarrado na cadeira. Tony ergueu o rosto, inchado, com o nariz partido, e cuspiu um tantinho de sangue que estava em sua boca.

Tony: Christopher! – Disse, aliviado. Christopher ergueu as sobrancelhas – Digo, alteza. O senhor tem que impedi-la. Ela está indo para a morte. – Agora que conseguira falar com Christopher, Tony tecnicamente entrara em pânico. Já se passara tempo demais.

Christopher: Quem está indo para a morte? – Perguntou, franzindo o cenho.

Tony: Dulce. – As feições de Christopher repentinamente estavam alertas – Ela está indo atrás de Pablo. Quer apunhalá-lo, matá-lo, para acabar com a guerra, voltar e poder casar-se com o senhor. – Ele respirou fundo – Diz que vai matá-lo em seu nome. – Christopher era a incredulidade viva – Se Pablo pôr as mãos nela, sabendo que o senhor a ama, vai matá-la.

Mas Christopher já havia saído batido dali. Dulce era louca! Ele partiu direto para a sala onde ficavam as armas. Se Dulce disse que ia matar Pablo em seu nome, precisaria se armar ali. Dito e feito, em um faqueiro, onde costumavam haver 48 adagas, haviam 47 e um bilhete. Robert entrou logo atrás e viu Christopher lendo o bilhete. Era curto, apressado, e estava amassado.

Dizia apenas poucas frases: “Vou matá-lo, Tony. Vou matá-lo em nome de Christopher. Isso tudo acaba hoje. Se eu não voltar… Conte a verdade a Christopher e diga que eu o amei mais que a minha vida. Dulce.” Bastou para Dulce sair correndo de novo. Por favor, que não seja tarde…

Enquanto isso, na floresta…

Dulce passara da fronteira alegando estar levando lenha. Ninguém nem ligou. Ao se afastar ela soltou o cavalo da carroça, montando-o, e saiu a galope. Não sabia ao certo quanto tempo cavalgara, mas não podia mais ver o topo da torre do castelo de Christopher, então devia estar longe. Mas estava escuro. Não havia lua e as arvores eram altas.

Ela parou o cavalo, com medo de tombar com uma arvore, e tentou enxergar uma trilha no escuro. Foi então que uma voz cortante chegou até ela, fazendo-a estremecer, e assustando o cavalo.

XXXX: Procurando por alguém, Dulce? – Perguntou a voz, malevolamente divertida e debochada.

Dulce: O que está fazendo aqui? Como me alcançou? – Perguntou, gelada.

Christopher: Eu conheço meu reino como a palma da minha mão. E você provavelmente estava correndo em voltas no escuro há um bom tempo. – Disse, a voz se aproximando – Você perdeu o juízo?! – Perguntou, em um silvo.

Dulce: Me deixe ir. – Pediu, olhando o escuro – Me deixe acabar com isso, Christopher.

Christopher: Desça daí. – A mão dele agarrou o pulso dela, trazendo-a ao chão – Primeiro não, eu não vou deixar. Segundo sou eu que vou matá-lo, não tu. Terceiro, vamos sair daqui.

Dulce: Porque está me arrastando? – Perguntou, indignada. Dulce sentiu a mão dele apanhando a adaga em seu decote, desarmando-a.

Christopher: Porque isso aqui é terra de ninguém, Cariño. Porque eu não estou enxergando direito e porque podem nos atacar. Brigarei com você assim que pisarmos no castelo. – Dulce sentiu-se ser erguida pela cintura, e estava em cima do cavalo.

Dulce: O cavalo…

Christopher: Ele nos seguirá. – Disse, e ela sentiu ele montando no cavalo a sua frente – Não caia. – Advertiu.

Então o cavalo saiu a galope. Dulce viu seu plano, sua resolução, tudo caindo por água abaixo. Christopher, por fim, sentiu ela se abraçando ao peito dele, o rosto de afundando em suas costas, mas não disse nada. Passaram pela fronteira direto, só parando ao pisar no castelo.

Christopher ordenou que Dulce não mexesse um músculo de onde estava (Uma das salas de reunião), enquanto ele ia avisar a Tony e aos outros que estava tudo bem. Foi nesses poucos minutos que a resolução veio a Dulce: Ela encararia a morte.

Tendo tido ele em seus braços novamente, sentido sua pele, sua pulsação, seu perfume, ela soube que a vida não teria sentido longe dele. Christopher voltou em breve, já pronto para brigar com ela.

Apenas Mais Uma De Amor (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora