#Lumus
Retorceu as mãos que se remexiam nervosamente sobre o colo. Sua saia de seda havia criado rugas amassadas depois de a largar com marcas profundas de dedos pressionados com extrema força mal dominada.
Respirou para controlar a respiração, mas os batimentos continuavam socando-lhe o peito, o esmurrando com precisão e no ritmo do som de um tambor ampliado.
Mas na sala em completo silêncio não se percebia.
Estava ocupada por todos os membros da família.
O patriarca lia o jornal que tapava sua face por completo. A mãe bebia, em silêncio, o chá fresco e revigorante de menta depois de outro longo e cansativo dia de compras. Daph fazia algumas anotações em sua caderneta, pingando em tinta tudo o que necessitava no momento.
A sofridão reprimida era somente sentida por uma pessoa no ambiente.
E já estava a uma semana naquele estado. Bonitinha, comportada, decente e como um enfeite do cômodo.
Tudo para ter uma chance de sua mãe revogar a ordem.
O que era meramente impossível, mas anseava tanto pela ideia que se obrigou a se tornar a filha perfeita pondo roupas comportadas, com extrema descrição, dizendo o mínimo possível, sem se esconder no quarto, suportando a presença tão indesejada daquilo que se auto intitulava família, com o cabelo penteado, sem as costumeiras ondulações dos fios que jaziam um tanto opacos e sem brilho.
Não havia firmeza nas trevas escuras das mechas.
Nunca fora tão infeliz. Se reprimia naquele corpo que não parecia seu. Os olhos esmeraldas jaziam mortos de dia e noite, quase não comia e não abria a boca por dias.
Nem Draco a reconheceria se a visse.
Aquilo mudaria agora e isso a assutava.
Engoliu um seco e se obrigou a levantar e marchar sem impedimentos até a bruxa mais velha que segurava a porcelana cara com destreza e arrogância, levando-a aos lábios.
Cinco minutos.
Ela contou.
Cinco minutos que ficou parada em frente a sua mãe, quase rente, e nenhuma palavra lhe foi dirigida.
Nada.
Merida sabia que a filha estava ali, era impossível não saber, não sentir, não se frustar de raiva. Porém não a encarou, ignorou-a. Chegou até a se inclinar sobre a mesa de centro e se servir de mais uma xícara do líquido fumegante.
Não suportando a presença da própria cria, que não fez questão de se mover, deu-se por vencida.
— O que quer, Astória? — deglutiu.
A garota piscou com um pensamento repentino: não se lembrava uma única vez que sua mãe a dirigiu com o posto de “filha”.
— Meu namorado e a família dele irão se hospedar aqui.
Foi direta.
Sem perneios.
Merida imediatamente se tornou uma forma em câmera lenta: fechou as pálpebras finas com cílios grossos e deu uma leve pressão, somente um pouco pois não se rebaixaria a tanto.
A xícara levada a boca voltou ao pires em um som que ecoou por todo o espaço sem rumores mesmo não tendo chegado ao seu destino inicial.
Daphne olhava a cena assustada, nunca havia visto sua mãe reagir daquela maneira.
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Garota Má - Drastória
FanfictionDraco Malfoy volta a Hogwarts depois da guerra bruxa contra Lord Voldemort, de quem sua família tomou partido e depois se viraram contra. Olhares de todos os alunos recaem sobre ele, um ex-Comensal da Morte arrependido. Sua vida não é mais a mesma...