Capítulo Cento e Dezoito

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À menina mais forte do mundo...

#Lumus

Um mês. 

Passara-se um mês.

Houve tempos que pensou não ser capaz de ser livre de Malfoy por uma semana e lá estavam trinta dias completos separados, sem se tocar, sem se falar ou mesmo conviver no mesmo ambiente.

Agradeceu por isso. Deu-lhe tempo para respirar e pensar.

Ah, com certeza a maneira que estava vivendo era um inferno. Um total e puro inferno, uma tortura que durava 24 horas por dia e não parava em nenhum momento para aliviá-la, lhe dar paz ou sossego, somente tormento absoluto e pleno.

Mas os pensamentos se acalmaram. E como pensou no meio desse tempo todo.

O primeiro dia, o de sua chegada à Grande Mansão Branca, foi o pior.

Em vez de abraçá-la como qualquer outra mãe faria foi recebida por um tapa.

Merida se levantou no sofá assim que a viu, caminhou em sua direção e pá! Bem na cara, sendo mais específico; do lado direito. Nossa, como doeu. Nem tanto fisicamente, mas atingido em cheio na dignidade esmagada.

Ainda vieram as palavras, o "Eu avisei", os julgamentos crescentes que não condiziam com a realidade, os preceitos já estabelecidos pela mente deturbada dos motivos para que ela retornasse de volta a casa. Sequer perguntou o que houve.

"Sabia que os Malfoys veriam sua verdadeira face", "Com certeza perceberam o erro que cometeram e a devolveram", "Merlin queira que a reputação de Daph não se manche com a sua desgraça", "Aquele Malfoy conseguiu te suportar por um ano e posso considerá-lo um herói por isso", "Uma família tão boa e devota ao sangue! Pobres Malfoys!", "Com quantos homens se deitou enquanto manteve-se casada com ele?".

Ela ouvia, sentada, sem dizer uma palavra ou elevar o tom para se defender, a face formigando pelo tapa recente, os olhos enchendo-se de lágrimas grossas e silenciosas caindo em seu colo e o homem que tanto a violou quando criança lendo um jornal na poltrona que pertencia a seu pai quase-assassinado/suicida.

Que cena mais miserável.

Não era e nem se considerava uma covarde por não querer se opor, estava anestesiada a qualquer palavra ou insulto de Merida e pouco se importando para aquela presença asquerosa folheando as páginas do Profeta Diário.

A dor no peito era demais para sentir outros golpes.

Ouviu tudo o que a mãe tinha para dizer e quando terminou, retirou-se para seu antigo quarto.

Sequer trancou a porta, ele saberia como abri-la mesmo.

Agora não haveria Lucius Malfoy, não haveria ninguém. Só ela. E, por Merlin, teria que bastar.

Voltara a Mansão Greengrass, mas não estava disposta a reviver o que passou anos remoendo em silêncio e que somente Malfoy chegara bem perto de curar.

O quarto de um branco cegante se matinha do mesmo jeito que o deixou cinco anos atrás, nada tirado fora do lugar ou remexido. Era de se esperar, com certeza Merida evitava até passar em frente.

Deitou-se na cama repleta de horríveis recordações e mirou os olhos verdes nas prateleiras: três quebradas e as outras tortas como se algo grande tivesse fortemente colidido sobre elas, os livros espalhados pelo chão na mesma posição que caíram.

E deixou a dor seguir seu curso natural: ser sentida.

O único consolo que a tomava era de Malfoy estar sofrendo miseravelmente. Escolhera ele a Draco. Uma cartada tão perfeita e sem qualquer escrúpulo, usada unicamente para puni-lo, dilacerá-lo ao ponto mais extremo da tortura. Conhecia-o tão bem ao ponto de saber onde exatamente focar em busca do estrago irreprochável.

Garota Má - DrastóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora