Capítulo Cento e Sete

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#Lumus

Ele caminhou pela neve com vigorosidade, sem nenhuma relutância até a ver.

Alexis estava a uns quatro metros, ajoelhada sobre o elemento branco e frio, apalpando e cavando com uma pequena pá própria de jardinagem.

Ela já tinha o avistado a muito tempo, pois as bochechas marchavam um rubor vermelho e se mantinha muito focada no que fazia, tentando ignorá-lo o máximo possível.

Resolveu não a incomodar.

Bateu na porta que de imediato se abriu.

Charles, reconheceu, o chofer da família. 

— Dalek está? — perguntou.

Pelo visto, o homem não fora com a cara de Blásio, pois fez uma leve careta quando também se relembrou dele.

— O sr. Cheever achou mesmo que viria — informou e lhe estendeu a mão. — Pediu-me para entregar isto.

Zabine pegou a carta com seu nome escrito na caligrafia impressionantemente parecida com a de Lexis.

Blásio,

Meu pai retornou de viagem e então tive que partir e, sei que não ficará bravo comigo porque o chamei aqui sabendo que não estaria presente para recebê-lo, pois ouviu todo o meu falatório de quanto estava enfadado da Inglaterra e com certeza me entende.

Mas escrevi porque gostaria de pedir que realmente se acerte com Alexis.

(Não me passou despercebido que mentiram descaradamente para mim desde o primeiro minuto sobre o lance de serem amigos).

Ela te perdoou, agora não há impecilhos para se acertarem, somente dois cabeças duras que foram feitas uma para a outra.

Assim, lhe desejo sorte. E que não desperdice essa oportunidade que estou te dando.

Ela é especial demais para se perder duas vezes, Blásio.

Com sinceros agradecimentos,
D. Cheever

Ele dobrou o papel e assentiu ao empregado, sinalizando que não necessitaria de mais nada.

O homem fechou a porta de imediato.

Girou os calcanhares e se preparou para caminhar por onde tinha vindo e nunca mais retornar àquele lugar.

Foi quando deu o primeiro passo que novamente mudou de rumo.

Alexis sabia que ele marchava rigidamente em sua direção e não pode deixar de sentir uma angústia no peito pelo que esperava.

Ouviu as pesadas passadas na neve se aproximarem assustadoramente rápidas. Por fim, elas pararam.

A loira podia ver as botas caras e bem lustrosas a sua frente, mas não se atreveu a levantar os olhos, pois temia demais aquele momento.

Sem esperar, Blásio caiu de joelhos a sua frente.

E começou a cavar buracos.

A Cheever piscou repetidamente quando ele trabalhava afundando a pá reserva que tinha levado na espessura grossa da neve.

Ficou minutos, que se tornaram o total de trinta, até parar, exausto, com a dureza do solo branco, até encontrar a terra, antes coberta.

— Assim está bom? — questionou enxugando a testa e a sujando no processo de orvalho congelado e lama.

Garota Má - DrastóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora