Capítulo Cento e Vinte e Dois

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#Lumus

A muito tempo não pisava na Mansão Zabine. 

Hoje o fazia para que tudo se esclarecesse. Não temeu que reação seu pai teria, sequer se importava, mas o velho lhe devia uma explicação. Então apenas subiu os degraus da rica varanda onde tanto brincou quando criança e cruzou a porta da frente sem bater.

Sabia que o encontraria na sala com a lareira acesa mesmo fazendo um clima consideravelmente ameno.

— Pai — cumprimentou e, sem delongas, o confrontou direto ao assunto: — O que desejou?

Cavender indicou o sofá como assento. Blásio obedeceu a ordem e aguardou.

— Tudo por causa dela — reafirmou a frase feita naquele dia, saudoso. — Sempre teria que ter sido por ela, meu filho, mas me dei conta somente agora — ergueu os olhos.

Uma coisa era certa, Cavender não estava completamente são.

Lhe dava pena. Seu pai antes tão onipotente e duro, agora parecia solitário e divagante.

Pensando que não chegaria em lugar algum, fez menção de levantar para ir embora porém se interrompeu instantes depois. Cavender não o olhava, mas para algo acima de sua cabeça.

Segue a atenção do sangue-puro e contempla o retrato de sua mãe pendurado. Samira Zabine, bela e doce, com olhos castanhos claros que tanto se equivalia aos de Blásio.

O bruxo mais novo, por um momento, teve esperança.

— Pai? — tentou uma última vez.

— Desejei que fosse feliz, Blásio.

***

Draco não conseguia compreender.

— Mas como isso é possível?

Blásio explicava como o desejo de seu pai afetou em tudo.

— Estou te falando — ele deu continuidade. — Existe uma espécie de "DNA" que os trouxas fazem para se certificarem de sua paternidade e eu juro, Alexis não é mais compatível com os pais dela — fez uma pausa. — Até o tipo sanguíneo dela mudou — Blás passou a mão pelo rosto. — Não sou mais rechaçado, não recebo olhares tortos ou de nojo nas ruas — contou. — Até o pai de Theodore me cumprimentou quando me viu.

Cantankerus Nott era considerado o membro mais leal ao escalão dentre os vinte e oito e não dedicaria atenção a um traidor do sangue.

— Ouvi histórias que estão contando — chegava a ser inacreditável. — Que eu, Blásio Zabine, casei com uma sangue-pura órfã criada por trouxas.

Jogou as costas sobre o sofá, sentindo o poder daquela pedra quebrada.

— Porque? — o irmão tentava entender e quando cogitou uma hipótese teve que dizê-la com cautela: — Se Cavender desejou que fosse feliz então você só conseguiria o ser se Alexis tivesse a linhagem pura?

Blásio transmitiu odiosa ofensa.

— Não! — negou veementemente. — Santo Merlin, Malfoy, eu já aprendi sobre o meu erro e não vou cometê-lo de novo — assegurou. E mais brando, deu a explicação: — Sabe que a amo acima de tudo, não é? A minha felicidade é a dela. E Lexis só conseguiria ser completamente feliz se esse abismo de linhagens entre nós sumisse.

O loiro continuou pensando sobre a questão.

— Draco — chamou, sério. — Esse pedido era perigoso. Poderia ter consequências imensuráveis se fosse pedido de uma forma errada — unindo as mãos, se preparou para a revelação final: — Alexis não simplesmente teve a história mudada. Conversei com Bristol — citou o sogro — e ele próprio me falou que se lembrava de a ter adotado — Blás encarou o teto e negou. — Aly é filha legítima dele, o próprio não acredita em mim e me mostrou papéis  de adoção e fotos que comprovam que minha versão não é verdade.

Garota Má - DrastóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora