Capítulo Cento e Oito

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#Lumus

Os olhos se abriram numa turbidez borrasca pela estranheza de não acordar repentinamente depois do feitiço que injetou a cobra saindo da caveira no seu braço ser consumado.

Ainda sentia a razão pela falta dos seus pesadelos agarrada em si e encostada no seu peito, deviam ter, em algum ponto da torrencial madrugada, desmaiado de exaustão.

Ouve o suave respirar da garota adormecida e ergue a mão para acariciar o cabelo macio e suado, retira as madeixas grudadas na testa, deixando o rosto livre para contemplar a pele branca e ainda molhada de lágrimas salgadas.

Malfoy, com cuidado, gira seus corpos, a deixando por baixo e quando faz menção de se levantar, dedos precisos agarraram sua camisa estragada.

Os olhos esmeraldas transmitiam um pânico supremo.

Ele sorri para tranquilizá-la pelo repentino acordar da sangue-puro.

— Bom dia, Tori.

Ela, confusa demais para responder, analisa continuamente o ambiente até parar as íris confusas nas órbitas que miravam no bruxo.

Uma sobrancelha involuntária se arqueou.

— Você é loiro demais — critica após se dar conta da voz rouca.

Draco não conteve um sorriso aberto junto com a expressão de incredulidade por ser vítima de deboche.

Ignorou a situação e, se apoiando no colchão pelos cotovelos, agarrou o tão formoso rosto com as duas mãos. Os polegares fazendo um contorno carinhoso e calmo nas bochechas aveludadas e brilhantes de umidade.

— Posso te beijar? — questionou sem conseguir esperar mais.

Ela assentiu, querendo também.

Os lábios macios colidiram contra os dela que, embora rachados, tinha a eterna sensação boa de familiaridade. A invasão da língua foi tão sutil e não se tornou evidente até que acariciasse um canto gostoso da boca, instigando.

O restante do beijo poderia ser narrado como um belo paraíso em comparação ao turvo inferno vivido.

As respirações se misturaram quando terminaram o ato de carinho.

— Eu te amo.  

A bruxa paralisou.

Draco demonstrou terror.

— Sei que acha que disse porque sinto pena, mas não é a verdade, Tori — expressou dominado por uma ânsia de a fazer acreditar. — Nunca falei isso para qualquer pessoa e não estou dizendo por causa do momento ou do seu passado, muito menos por saber que você merece ser amada, mas... Merlin — as tempestades nubladas foram preenchidas negramente pelo dilatar da pupila. — Eu te amo. Eu te amo e tem que acreditar nisso. Eu te amo e...

— Eu sei.

A interrupção o pegou desprevenido.

— Perdão?

A Greengrass revirou os olhos esmeraldas e repuxou os lábios, numa expressão de escárnio.

— Já me falou isso, Malfoy — confidencializou. E vendo a confusão na face dele, permitiu-se ser mais clara: — Baile de Inverno. Quando deitei ao seu lado na cama, ainda estava consciente quando disse com todas as letras “Eu te amo, Astória ” — sorriu, sincera. — Theodore aplaudiu e comemorou gritando um “Finalmente!”.

Uma risada que não esperava escorreu pelos lábios, porém, não pelo cômico acontecimento, mas de uma genuína e verdadeira felicidade.

Astória encontrou seu braço e acariciou a Marca Negra enquanto um novo conflito ocupava sua mente.

Garota Má - DrastóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora