Garota Má - Drastória

Capítulo Cento e Dezessete

#Lumus

As presilhas desmancharam o penteado quando foram retiradas com cuidado das mechas negras, escorregando uma cascata de fios pretos sobre as costas elegantes. Enquanto isso Malfoy tirou o paletó e o jogou sobre uma das poltronas para após desfrouxar a gravata apertada no colarinho da camisa.

— Você não achou que Skay e Anne estavam meio brigados hoje? — ela comenta fazendo um gesto sem varinha para que a peça deixada jogada pelo marido fosse colocada de volta ao lugar, motivando a memória ao respectivo acontecimento. — Quase não se falaram no nosso jantar.

— Não notei nada fora do comum.

Astória revirou os olhos com um "Homens" saindo da boca em tom depreciativo. Não seriam capazes de perceber uma quimera na sala nem se ela saltasse sobre seus olhos.

Com exceção de Benedict, que executava trabalho como domador de feras e dragões.

Sentou-se na cadeira estofada em frente à penteadeira e retirou os brincos com dois grandes diamantes e uma esmeralda em cada peça do par, depositando-os na caixa de joias. Draco se aproximou para beijá-la na testa e com o disfarce agarrar os brincos para escondê-los num lugar onde, mais tarde, sua esposa descobriria.

A briga continuava mesmo depois de tanto tempo da disputa invencível e inalcançável de qualquer vitória enquanto concordassem em participar do manifesto ato de dominar a posse do tão precioso objeto.

Draco se retiraria, detém-se, porém, ao encarar a imagem dos dois sobre o espelho. No reflexo sua esposa arrumava os belos cabelos escuros e não pode deixar de ficar nostálgico.

Um ano inteiro juntos.

A comemoração que reuniu os amigos sobre a Mansão Malfoy e seus pais celebrava o primeiro ano de casamento dos dois e, por consequência, o mais magnífico de toda a vida dele depois da Guerra.

Perguntava-se quando esteve tão feliz em toda sua vida e não recordou de nenhuma outra época que se comparava a que estava vivendo.

Os dois tinham tudo. Companheirismo, lealdade, amizade, amor (por mais que a Malfoy não admitisse ainda)...

Sempre marcavam encontros, realizavam surpresas, iam a bares, riam, brigavam, ficavam em casa, conversavam muito, brigavam um pouco mais e mesmo com a agenda apertada e contraditória de uma medibruxa e um Mestre Elixiador do Ministério tentavam ao máximo estar com o outro.

Naqueles doze meses reafirmaram o compromisso declarado no altar com atitudes.

Houve conflitos, não negava. Muitos envolviam a maldita promoção de Thomas a um cargo mais elevado capaz de controlar o horário de trabalho no St. Mugnus de Asty, deixando-a presa em muitas ocasiões quando marcavam um compromisso juntos.

Tori alegava inocência ao amigo, pois a medibruxaria era um emprego instável, dependia de sacrifícios para exercê-la, Draco absteve-se de negar diante de tão intensa defesa.

Outros mais graves envolviam o passado de Comensal, hostilizado em toda a comunidade bruxa por olhares, sussurros, desvios pela rua por medo e algumas veladas e covardes agressões. Na situação que gerou o mais preocupante resultado se deu por Elsa Troungh xingá-la de "amante de assassino" em plena frente do hospital na luz do dia. Tori foi detida no Ministério por duelar em via pública, graças a influências (em principio do próprio Ministro da Magia) não se agravou numa sentença mais grave do que a multa absurda arcada.

A discussão entre eles durou dias. Insistia para que ignorasse as ofensas, ela em contrapartida negou que o deixaria ser difamado.

Draco odiava que tomasse suas dores, o maior motivo era que Astória ficava mal. Não suportava os olhares atravessados que lançavam a ele, pouco se importava em ouvir o seu nome na boca de outros, todavia guardava ressentimento e raiva dos bruxos que o julgavam, o condenavam a algo que não era.