Capítulo Cento e Dez

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#Lumus

Sua boca salivava mesmo após engolir o caro e alcoólico uísque, os dentes cerrados pareciam querer rachar de tão pressionados e ainda rosnava como um animal louco de tempos em tempos.

Não sabia como foi parar naquele ântro abominável, mas o mínimo que sentia era importância.

Era um bar na movimentada Londres não-bruxa, totalmente fora dos seus parâmetros, mas não por esse motivo que movia a ira dos gestos:

Ele não tem esse direito... Não... Não pode me tratar assim... Simplesmente... Não!

O punho bateu na mesa com o urro poderoso que rasgou na garganta, assustando os poucos clientes que frequentavam o bar num sábado à tarde.

A face ardia na lembrança mais severa que tivera pela manhã e agora, com estômago vazio e um tanto alcoolizado, remoía a memória com ódio brutal.

Seu pai, aquele velho maldito, o “agraciou” com um ano de reclusão por manchar a honra da família, sem direitos a nada, nem mesmo a pisar na Mansão que nasceu e vivia.

Sua mãe não contestou a decisão, a considerou misericordiosa, até.

Olhou o copo vazio e indignação queimou-lhe as orelhas.

As luzes do ambiente de luxo deram uma leve piscada antes de erguer o dedo e indicar grosseiramente o intuito de ingerir mais bebida aos garçons, um ruivo perdeu na batalha de olhares com seus colegas de trabalho e obrigou-se a pegar a garrafa para serví-lo.

Depois que a dose foi reposta algumas notas de valores altíssimos, porém grotescamente amassadas, foram lançadas em seu peito.

— Feche a porra da conta — resmungou embargado e arrogante, rosnando internamente.

O homem uniformizado olhou o dinheiro descartado e demorou alguns segundos para se abaixar e catar as notas que haviam caído.

— Gris rövhål — murmurou em sueco depois de virar as costas.

O que foi um erro, pois aquela era sua língua materna já que poderia aparentar ser um legítimo inglês, a pátria de origem, porém; a fria Suécia.

Como aquele animal ousava...?

A mão dentro do casaco foi retirada e em seguida a ponta da varinha brilhou em um feitiço proibido ao ser apontada para as costas do boçal.

— Eu não faria isso se fosse você — a voz do lado interrompeu a futura sentença que receberia para conhecer Askaban.

Se virou para um loiro que bebia uma água tônica. Estava tão absorto na raiva caminhando pelo corpo que não notou o estranho sentado na cadeira ao lado do balcão do bar.

— Essa raiva não vale o resto da sua vida em uma sala escura e fria com alguns dementadores... — o desconhecido avisou com certo humor ao ser fuzilado com um olhar de ódio.

O bruxo irado enrugou o cenho.

— Quem diabos é você? — a interrogação foi mais um insulto do que propriamente uma pergunta.

Não recebeu uma resposta, mas sim, uma risada divertida.

— Uma pessoa que conhece sua história, Howard Bernadett — murmurou sagaz e misterioso.

Ele fez uma horrível careta ao ouvir seu nome e encarou o nada.

— Frequentou Hogwarts, presumo — amargurou o ex-goleiro da Grifinória, também antigo e ilegal juiz dos jogos de Hogwarts, tomando em um gole da abundante dose e deixando o fundo do copo vazio.

Garota Má - DrastóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora