☪O Passado de Astória

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Aviso:

Cenas pesadas e de possíveis traumas que pessoas já podem ter vivido estão contidas nesse capítulo e gerar gatilho, se algumas dessas narrações possam incomodá-lo(a), peço que pulem ou não leiam esse capítulo.

Disque 100. Disque 180. Denuncie.


#Lumus

23 de dezembro, uma terça-feira nascia fria e invernia acima da comunidade bruxa inglesa. A neve branca e macia, porém não tão gentil quanto sua aparência alva transmitia aos olhos erroneamente, batia sobre as telhas sem qualquer distinção entre almas raras que fluíam magia e trouxas que transbordavam, na sua existência, milagres.

A neve era para todos e seu frio também.

Podia parecer aos não envolvidos outro típico dia comum depois de segunda, todavia a maioria não poderia ter o conhecimento de que diante daquele contorno da Terra em volta de si mesma, alimentando o relógio a disparar um minuto após as zero horas se culminaria na destruição do elo de uma família que duraria longas décadas para ser curado, arroubos de demonstrações inusitadas de sentimentos guardados, a repetição de uma frase outrora pronunciada com o poder de mudar por completo uma vida e, o de maior importância, meu caro leitor: segredos.

Muitos segredos.

Então... porque não começar revelando algum? Ou, mais necessariamente, criando outro.

O vento batia e movia os galhos sem folhas das árvores do rigoroso inverno, dobrando os mais frágeis e oscilando os resistentes. A tempestade de neve se criava de forma potente e fria, sendo capaz de arrastar os pés de um homem forte e saudável que andava sobre o chão alvo, vingando-se, inconscientemente, pelo desconforto causado com o cravar da prestigiada bengala de cabeça de serpente enquanto se afastava da sua construção.

O vento ainda castigava as vestes negras, que envolvia uma capa suntuosa esbanjando no local frio um veemente ruído de tecido sendo abatido pelo ar grosseiro e movimentado.

Mas seu poder parava por ai.

Podia-se dizer que o concreto grosso da Mansão Malfoy interrompia essa força da natureza e seria capaz de sobrepor a tantas outras.

A sala de estar, negra e acolhedora, estaria vazia se não fosse pela presença no ântro aquecido magicamente e crepitando o fogo vivo que estalava as toras de madeira consumidas.

Não havia ninguém para ouvi-los ou interromper o clima tranquilo e caseiro do casal.

Draco, no meio daquela vastidão que agora se resumia aquele cômodo tão denso, sentia-se preenchido no peito de uma forma que nunca antes se lembrou, pós guerra ou mesmo antes, brincava com os belos dedos da mão esquerda, alisando as curvas finas e elegantes, realizando o contorno do mapa de linhas das palmas, depositando as unhas frias e belíssimas pintadas de verde (o verde claro, tons dos Greengrass) contra seus próprios lábios, absorvendo o contraste delicioso e o leve choque térmico de prazer sobre sua boca quente.

Tinha em sua consciência a escolha de estragar tudo conectado por uma linha tênue de tentar compreender a verdade.

— Astória — começou acariciando os belos e macios fios negros, a boca respirava perto da orelha da mesma, soprando gentilmente as palavras. — Não estou reclamando nem nada, só Merlin sabe o quanto desejei isso, mas... Porque está aqui?

Garota Má - DrastóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora