Quando chegaram à ponte, desceram as escadas externas da torre de Telkia, que levavam diretamente ao pórtico. Caminhavam com dificuldade na neve alta e escorregadia, mas, enfim, lograram juntar-se ao grupo que os esperava atrás das colunas.
Assim que Yhari, Horp e Drima viram Lumira e Reful, estacaram.
— VOCÊS?
Amarrados e com muito frio, os dois Dakis ficaram sem graça. Mas Lumira ainda encontrou coragem para dizer:
— Sim, estamos aqui... mas o que vocês estavam fazendo na torre de Telkia?— Ela caiu dura, morta! — foi a resposta seca de Yhari.
— MORTA? — Reful agitava as mãos para se libertar, porém foi advertido por Gardênio.
— Sim, os Fhar não são imortais! — replicou Drima, olhando Lumira de frente sem mais temê-la.
O U'ndário deu o enésimo puxão na corda, fazendo cambalear os dois dedos-duros.
— Não há tempo para explicações. Precisamos nos apressar, senão as criaturas nos verão — acrescentou Sasima.
Yhari pegou Morga pela mão.
— Vamos, rápido. Os Piróssios não vão ficar calados por muito tempo.
Animea olhou para o garoto e sorriu para a filha.
— É um amigo especial?
— Sim, bem especial — Morga respondeu, ruborizando.
Yhari jamais vira Animea antes, mas sua beleza lembrava muitíssimo a de Morga.
A Imperfeita sorriu.
— É minha mãe.
Drima inclinou-se, e Horp também baixou a cabeça. Yhari fez um sinal e sorriu.
Gardênio levantou o Corcundoso.
— Coragem, vamos!
O trajeto que tinham de percorrer para sair da cidade sem serem vistos passava entre arbustos de amoras. O frio aumentava e, embora os macacões térmicos aquecessem bem, os garotinhos começavam a tiritar: fazia tempo demais que não espalhavam creme Antalgia no rosto e nas mãos.
Assim que passaram pelos arbustos congelados, viram que numerosas Sentinelas estavam posicionadas do lado de fora do grande portão. Vigiavam as Vádrias e a Espilonga. As Cegóbias estavam completamente congeladas. Deitadas imóveis sobre a neve, emitiam lamentos fracos.
Animea e Sasima não podiam, portanto, deixá-las morrer!
— Não estão acostumadas a ficar paradas por muito tempo no frio. Precisamos salvá-las — preocupavam-se as duas Gestais.
Wapi e Cilla mantinham os pescoços baixados e deitaram atrás dos arbustos, supervisionados por Horp e Drima.
Gardênio olhou para as Sentinelas.
— São umas dez. Demais para nós!
Entre elas estavam também as criaturas de Okrad: as mais temíveis.
— Se conseguirmos distraí-las, poderemos alcançar as Vádrias e a Espilonga. Assim, viajaremos mais rápido para a Casa da Bramante — comentou Yhari, aguardando a reação de Morga.
A jovem maga concordou, embora não fosse simples atrair as Sentinelas para outro lugar para afastá-las dali.
Reful e Lumira trocaram um olhar; bastaria um grito seu para alertar as criaturas dos Fhar e fazer com que capturassem Morga e os demais.
A Imperfeita virou-se lentamente, fixando o olhar sobre eles.
— Estou captando as energias negativas de vocês! Esquecem que eu tenho dons mágicos e sei sentir o mal que emana de vocês. Além de terem as mãos amarradas, é bom que as bocas de vocês também permaneçam fechadas.
Morga pediu a Yhari para abrir a bolsa de viagem que carregava no ombro, escolheu dois cachecóis que havia pego por desencargo de consciência antes de sair da casa de Eremia e rapidamente amordaçou os dois dedos-duros.
— Pronto, assim não poderão gritar.
Sasima e Animea não fizeram objeções, porém ficaram estupefatas com a determinação de Morga.
Fim da Décima Sexta Parte.
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Morga - A Maga do Vento
FantasyAno 500. Planeta Emiós. Morga tem 12 anos, cabelos curtos - negros como piche -, o rosto salteado com sardas roxas sobre a pele branca e olhos azuis. Ela vive em uma casa escondida na floresta com Eremia - a Bramante Branca dos poderosos achar, gove...