10. A Voz do Fogo - Décima Sexta Parte.

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Quando chegaram à ponte, desceram as escadas externas da torre de Telkia, que levavam diretamente ao pórtico. Caminhavam com dificuldade na neve alta e escorregadia, mas, enfim, lograram juntar-se ao grupo que os esperava atrás das colunas.

Assim que Yhari, Horp e Drima viram Lumira e Reful, estacaram.

— VOCÊS?

Amarrados e com muito frio, os dois Dakis ficaram sem graça. Mas Lumira ainda encontrou coragem para dizer:
— Sim, estamos aqui... mas o que vocês estavam fazendo na torre de Telkia?

— Ela caiu dura, morta! — foi a resposta seca de Yhari.

— MORTA? — Reful agitava as mãos para se libertar, porém foi advertido por Gardênio.

— Sim, os Fhar não são imortais! — replicou Drima, olhando Lumira de frente sem mais temê-la.

O U'ndário deu o enésimo puxão na corda, fazendo cambalear os dois dedos-duros.

— Não há tempo para explicações. Precisamos nos apressar, senão as criaturas nos verão — acrescentou Sasima.

Yhari pegou Morga pela mão.

— Vamos, rápido. Os Piróssios não vão ficar calados por muito tempo.

Animea olhou para o garoto e sorriu para a filha.

— É um amigo especial?

— Sim, bem especial — Morga respondeu, ruborizando.

Yhari jamais vira Animea antes, mas sua beleza lembrava muitíssimo a de Morga.

A Imperfeita sorriu.

— É minha mãe.

Drima inclinou-se, e Horp também baixou a cabeça. Yhari fez um sinal e sorriu.

Gardênio levantou o Corcundoso.

— Coragem, vamos!

O trajeto que tinham de percorrer para sair da cidade sem serem vistos passava entre arbustos de amoras. O frio aumentava e, embora os macacões térmicos aquecessem bem, os garotinhos começavam a tiritar: fazia tempo demais que não espalhavam creme Antalgia no rosto e nas mãos.

Assim que passaram pelos arbustos congelados, viram que numerosas Sentinelas estavam posicionadas do lado de fora do grande portão. Vigiavam as Vádrias e a Espilonga. As Cegóbias estavam completamente congeladas. Deitadas imóveis sobre a neve, emitiam lamentos fracos.

Animea e Sasima não podiam, portanto, deixá-las morrer!

— Não estão acostumadas a ficar paradas por muito tempo no frio. Precisamos salvá-las — preocupavam-se as duas Gestais.

Wapi e Cilla mantinham os pescoços baixados e deitaram atrás dos arbustos, supervisionados por Horp e Drima.

Gardênio olhou para as Sentinelas.

— São umas dez. Demais para nós!

Entre elas estavam também as criaturas de Okrad: as mais temíveis.

— Se conseguirmos distraí-las, poderemos alcançar as Vádrias e a Espilonga. Assim, viajaremos mais rápido para a Casa da Bramante — comentou Yhari, aguardando a reação de Morga.

A jovem maga concordou, embora não fosse simples atrair as Sentinelas para outro lugar para afastá-las dali.

Reful e Lumira trocaram um olhar; bastaria um grito seu para alertar as criaturas dos Fhar e fazer com que capturassem Morga e os demais.

A Imperfeita virou-se lentamente, fixando o olhar sobre eles.

— Estou captando as energias negativas de vocês! Esquecem que eu tenho dons mágicos e sei sentir o mal que emana de vocês. Além de terem as mãos amarradas, é bom que as bocas de vocês também permaneçam fechadas.

Morga pediu a Yhari para abrir a bolsa de viagem que carregava no ombro, escolheu dois cachecóis que havia pego por desencargo de consciência antes de sair da casa de Eremia e rapidamente amordaçou os dois dedos-duros.

— Pronto, assim não poderão gritar.

Sasima e Animea não fizeram objeções, porém ficaram estupefatas com a determinação de Morga.

Fim da Décima Sexta Parte.

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⏰ Última atualização: Nov 19 ⏰

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Morga - A Maga do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora