"Se permita..."

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Narrado pelo príncipe José Fernandes:

Como explicar que, quando os nossos olhares se encontram, Maria Clara, eu me perco na minha própria cabeça? 



Haviam tantas coisas acontecendo; finalmente, eu havia beijado a minha esposa outra vez.

Afastei o cabelo dela, temendo que ela fosse tentar se afastar de mim, mas ela não fez isso. Não pode ser que o que nós dois sentimos um pelo outro não vença essa maldita amnésia que a invadiu, porque o amor não é algo intencional.

Definitivamente, eu tenho que provar pra ela que eu sou o oposto da amnésia; tenho que provar que as nossas lembranças juntos ainda existem dentro dela, porque, se ela já se lembrou do pesadelo que teve comigo e com a Verônica, quando ela estava presa na masmorra, então logo logo eu tenho a absoluta certeza de que ela se lembrará de tudo.

Eu vou fazer até o impossível para que ela se lembre, porque é esse o meu objetivo. As memórias que ela tem não serão perdidas no tempo, como se elas fossem lágrimas na chuva.

Então, eu cheguei à conclusão de que coisas boas sempre acontecem para quem sabe esperar. Finalmente, tudo estava indo do bom para o melhor.

– Você é ele, José – afirmou a garota loira, como se percebesse a verdade pela primeira vez – O príncipe herdeiro do trono de Jadya!

– Maria... – tento argumentar, mas foi em vão.

– E nós estivemos mesmo juntos em uma vida passada, né? – perguntou ela.

Finalmente, ela estava se convencendo, pouco a pouco, de tudo o que nós dois já tínhamos vivido antes.

E quando eu voltei para o castelo, fui falar com o Peter sobre o convite para jantar que ela havia nos feito, mas o meu amigo disse:

– Que legal, José Fernandes, mas eu não vou jantar com vocês dois, porque vocês precisam ter privacidade e tempo para conversarem a sós.

Dou um sorriso para ele em resposta e digo:

– Sou muito sortudo e agradecido por você estar pensando em mim, meu amigo.

Peter toca o meu ombro e diz:

– Eu vou ficar na torcida por vocês dois, e espero que dê tudo certo.

– Ok, mas aonde você vai jantar? – pergunto.

– Na cozinha – disse ele – Prefiro que seja lá.

Assinto e digo:

– Tudo bem então.

E quando chegou a hora do jantar, tudo estava indo às mil maravilhas: a comida estava deliciosa e a conversa estava fluindo normalmente, até que infelizmente tudo começou a dar errado...

– Eu vou amar outra pessoa sem que ela seja você – disse Maria Clara – Eu vou me casar com um feérico.

Meu sangue ferveu. Eu me levantei rapidamente da minha cadeira, agarrei ela pelo braço e disse:

– Chega, vamos agora mesmo para o seu quarto.

Ela arregala os olhos e diz:

– O quê? Eu não vou a lugar algum com você!

– Vai sim – digo com autoridade – E não ouse desobedecer.

Só aquela mulher consegue me tirar do sério, só ela consegue me enlouquecer e me provocar tudo e mais um pouco.

A Curandeira e o Príncipe - A Flor do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora