Tem algo pior do que acordar de manhã cedo? Para Alisson, não existia tortura maior. Tinha ido dormir tarde. Ás quatro da manhã para ser exato. Passara a noite na farra com os amigos. Bebeu, dançou e principalmente colocou algumas garotas a mais em sua "coleção". Apesar da ressaca, não se arrependera de nada.
Olhou-se no espelho. Estava nítido seu ar de cansaço, mas a mãe disse que mais uma falta e era largar a escola e ir trabalhar. Optou pela escola, ainda que odiasse aquele local. Fez sua higiene matinal, vestiu qualquer coisa que conseguisse vestir e estivesse limpa e foi para a escola sem tomar café da manhã. A mãe lhe faria um interrogatório imenso, e procuraria evitar isso ao máximo pelas próximas horas. Com um pouco de sorte, até dias.
Foi para a escola a pé, afinal pegar ônibus por causa de 15 quadras era um exagero no seu ponto de vista. O que mais gostava era de apreciar a paisagem enquanto ouvia suas músicas no fone de ouvido. Não é de se estranhar, já que Nova Petrópolis - que fica no sul do país - é uma cidade linda de fato. Colonizada por alemães, a cidade mostra com nitidez as raízes de seus colonos, mantendo muitas tradições típicas da Alemanha vivas até hoje. É um fato incontestável que a cidade é considerada o jardim da serra gaúcha.
Alisson andava pelas ruas distraído que nem viu quando chegou na escola. Suspirou. Começara mais uma "divertida" manhã.
- Chegou cedo hein - Amanda, sua melhor amiga, não tardou a puxar assunto assim que viu o rapaz - Pensava que depois da noite de ontem, tua mãe ia acabar contigo. Mas até que ela foi boazinha. Tô vendo que tá tudo no lugar.
- Não enche, Mandy - Disse o rapaz, com um sorriso - Preciso de um café. Tô morrendo de dor de cabeça.
- Ah, saquei. Tu fugiu da sua mãe. Que bonitinho! Um cara da tua idade com medo da mamãe.
- Ainda não te mandei a m*rda hoje, mandei?
Amanda riu. Adorava a companhia da amiga que, aliás, era uma das poucas. Conhecidos tinha muitos é verdade, mas o braço direito mesmo era ela. A garota de cabelos pretos com mechas roxas acompanhava o rapaz até a maquina de café que havia perto da sala dos professores.
- Tu obviamente não fez o trabalho de química, né? - Perguntou ela.
- Trabalho? Que trabalho? - Alisson não se lembrava de nenhum momento o professor ter falado em trabalho.
- Al, Al... Se tu viesse nas aulas, talvez soubesse. A tua sorte é que era uma pesquisa e que tinha que ser digitada. Senão era mais um CRA para a tua coleção.
- Imagino que tu tenha feito pra mim - O garoto sorriu malicioso.
A garota bufou. Abriu a mochila, pegou uma pasta preta e de dentro dela tirou um trabalho que tinha o nome de Alisson.
- Sabia que podia contar contigo - Falou, dando um selinho rápido na amiga.
- AL! Não aqui! - Disse a garota, constrangida.
- Ué, por que não?
- Porque alguém pode ver.
- Nunca se importou com isso...
- Mas agora eu me importo!
Alisson refletiu um pouco. Era claro como água. Isso só acontecia em uma circunstância.
- Tu tá a fim de alguém, né?
Um pouco vermelha, ela respondeu.
- Do Adrian.
- Do Adrian?! - O garoto parecia surpreso - O quase artilheiro do time de futebol do colégio. Ousada tu né?
- Cala boca idiota - Retrucou a garota, rindo - Primeiro: ele só é quase porque por um MILAGRE o Jackson ainda não foi expulso. Segundo, não sou ousada. Terceiro, sei que não tenho chance com ele porque né...
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Teoria Das Cores
Teen FictionO que seria do verde se não fosse o amarelo? Essa clássica pergunta nos faz pensar em todas as coisas que mesmo diferentes nos unem. E será o diferente que irá unir a vida de Alisson e Daniel, rapazes problemáticos que de repente verão suas vidas ci...