Verde Folha I

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HARMONIA

(Protagonista Secundário: Micael)

Aquele momento em que você acorda e não sabe se deveria ter acordado. Assim se sentia Micael. O rapaz, às vésperas do seu vigésimo aniversário, já não sabia mais o que queria de sua vida. Se queria viver, curtir, badalar... Ou apenas pegar um bom livro, sentar-se na varanda e lê-lo em um dia de chuva. Era como se a expectativa por essa data tivesse caído toda por terra, restando só dúvidas e mais dúvidas. Crise dos vinte anos? Possivelmente. Sua mãe, Adriana, vivia dizendo que ele já era um jovem adulto e que deveria assumir tal responsabilidade. O problema é que o garoto mal sabia o que era ser um jovem adulto, quanto mais saber assumir essa responsabilidade.

Encarava o teto pensativo. Vinte anos... Quais expectativas ele deveria ter agora que entrou no caminho da casa do dois? Tentava formular respostas que fugiam do óbvio, mas sua cabeça insistia nas respostas pré-fabricadas que ouvira desde o início daquela semana. A última vez que ele recordava de ter ficado tão confuso foi quando o primo Ian lhe deu um beijo. Sorria ao lembrar do desespero que tomou a sua mente nas horas que sucederam o acontecido. Passara a noite inteira acordado virando de um lado para o outro na cama tentando esquecer ou fugir daquilo. Mesmo completamente alcoolizado, ele lembrava cada passo que deu naquela noite e isso na época lhe custou noites mal dormidas. Sempre foi hétero, nunca teve dúvidas disso, mas receber o beijo do primo o deixou completamente desnorteado. Talvez até por se culpar por ter achado o beijo bom (Pelo menos o de Ian, o dele tinha até vergonha de lembrar de tão ruim que foi), porém agora tudo aquilo havia sido superado. Ele pegava meninas e não tinha sequer curiosidade em experimentar outra boca masculina (Nem mesmo a única que lhe beijou).

Resolveu que não ficaria mais ali deitado na cama pensando em coisas que não faziam sentido. Era seu aniversário, tinha o direito de curtir e relaxar.

Desceu as escadarias da velha casa da chácara correndo, fazendo as madeiras do estreito corredor da escada estralasse todo.

— Tá na hora de trocar essas madeira né? – Apontou quando chegou na cozinha – Qualquer dia um vai acabar caindo ali e quebrando tudo.

— Bom dia filho adorado – Adriana comentou irônica – Coisa boa te ver animado assim de manhã cedo.

— Bom dia mãe – O garoto foi em direção da mãe e lhe deu um beijo na bochecha – Só fiz um comentário ué.

— Sei... Bom, o Luan e o Levi daqui um pouco chegam. Foi bom tu ter acordado pra brincar com eles.

— Brincar com... Ô mãe! Qual é! Ninguém tem mais cinco anos não.

— Eu sei guri, mas pra uma mãe um filho nunca cresce.

Mica sorriu.

— Então a senhora ainda me acha um bebê ainda?

— Claro que sim – Adriana virou-se e apertou as bochechas do filho – Meu bebezinho pequenininho.

— Tô ligado mãe. Enfim, brincar com eles eu não vou né? Mas dar uma volta por aí seria top.

— Então faz isso. Vê se não fica enfornado naquele quarto lá! – Advertiu a mãe.

— Sim senhora. E meus primos vão dormir aonde?

— Vocês todos vão dividir o meus quarto. Aliás termina teu café e vai caçar o teu pai pra te ajudar a arrumar lá pra receber os meninos.

— E as primas?

— Por primas tu diz A Giulia, a Raquel e a Brenda?

— Elas são nossas únicas primas.

— Ah tá. Na minha terra se chamavam garotas como elas de outro nome – Drica mandou a indireta – Mas elas vão ter o quarto delas sim. É aquele quase na frente do de vocês.

A Teoria Das CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora