Rosa II

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IMATURIDADE

Você já se perguntou quantas mudanças ocorrem em nossas vidas de um segundo para o outro? A inevitável força do universo nos provando que estamos sempre em constantes mudanças. A mesma folha que, meio segundo atrás, estava ocupando a copa de uma bela árvore em meio à floresta, de repente se solta e vai indo lentamente até o chão.

Segunda feira, 5h36min da manhã e Daniel já estava acordado olhando para o teto. Estava assim desde o passeio do fim de semana. Passou o restante do dia evitando Ian. Não que o outro fizesse menção em falar consigo, mas não queria trocar palavras com ele até entender com exatidão quais seus verdadeiros propósitos: Uma hora, Ian era um primo para todas as horas, em outra fora quase ficante; Diz-se apaixonado por Ágata, para, no fim de semana, dizer que estava interessado no próprio primo. Todas essas informações não faziam sentido. Quem era Ian no fim das contas? Esse mistério pairava sobre sua mente desde o momento em que saiu correndo da cachoeira. E o pior: Essa não era a única questão ansiando uma resposta.

Vanessa era outra, e a solução precisava vir depressa, rápida como o vento. O problema agora não era mais ficar ou não com ela, mas sim aceitá-la. Tivera a chance de dormir com ela, mas não o fez duas vezes. Sabia que tinha sido em parte culpa do seu nervosismo, porém também existia o ponto que era o calcanhar de Aquiles da relação deles: Vanessa, outrora, foi garoto quanto ele.

Perguntas, perguntas e mais perguntas. Nenhuma de solução fácil.

O garoto de pele negra clara só sentia vontade de gritar até seus pulmões e cordas vocais estourarem. Sua mente o impedia, fazendo-o continuar na mesma posição: Sem camisa, só de cueca, a observar o teto. Os cobertores o aqueciam, já que a proximidade com o inverno fez as temperaturas despencarem na região.

Lentamente, após algum tempo pensando e refletindo, levantou-se e sentiu o ar gelado lhe tocar, fazendo-o se arrepiar inteiro. Passou as mãos por seu rosto e foi em direção ao banheiro. Aproveitou que havia acordado cedo para tomar banho. Assim que terminou sua higiene, secou-se e percebeu algo: De novo havia esquecido as roupas em seu quarto. Enrolou sua toalha na cintura, e foi indo até o cômodo.

Inevitável lembrar o dia em que Ian puxara sua toalha e o deixara nú e, em seguida, fez um comentário obsceno. Isso o fez sorrir de canto e olhar instintivamente ao quarto dele. Silêncio. Nenhum gesto ou menção de que o primo mais velho estivesse acordado. Suspirou e seguiu seu trajeto.

Entrou e fechou a porta. Retirou a toalha e foi até seu guarda roupa. Como não estava animado para nada, pegou qualquer coisa aceitável para vestir. Uma camiseta preta por baixo de dois blusões (Um de lã e o outro vermelho), calça skinning preta rasgada nos joelhos e um tênis masculino preto de cano alto. Pegou seu celular e olhou se havia mensagens dos grupos que estava. Naturalmente, havia várias delas.

Ficou tão distraído lendo que não viu o tempo passando. Já eram 06h22min. Surpreso, foi direto para a cozinha preparar seu café. Notou, pelas luzes acesas, que alguém estava acordado. Torcia para ser sua mãe, e não Ian. O pai não seria, afinal saía cedo demais, podendo ser um dos dois. O alívio era grande ao ver que era Isabel.

— Bom dia, filhote — cumprimentou ela. Estava vestida com roupa social preta e salto alto da mesma cor. Tudo impecável. Seu trabalho exigia isso.

— Bom dia, mãe — respondeu o outro, sem muita empolgação.

— Tá certo que segunda de manhã é pior que dor de barriga, mas tu tá com essa cara desde que voltou do passeio. Algum problema?

— Não, mãe. Tudo certo — odiava ficar perturbando a mãe com mais problemas seus. Além dela já trabalhar muito, o pouco tempo que tinham era para resolver seus problemas indisciplinares na escola.

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