Rosa IV

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ROMANTISMO

Você lembra como foi sua primeira vez, se ela já aconteceu? Foi uma noite mágica? Nada demais? Inesquecível? A de Daniel, na opinião dele, fora especial. Naquela manhã de domingo, o garoto estava nas nuvens com seu feito: Finalmente se libertara das garras da virgindade e de suas convicções em prol de sua história com Vanessa. Os obstáculos que enfrentou no caminho não foram tantos, mas o suficiente para deixá-lo em dúvida por um bom tempo. Agora, aquilo fazia parte do passado... Ou assim ele esperava.

— Que noite agitada tiveram hein? – Ralf comentou, assim que Dan e Van chegaram a mesa para o café da manhã.

— RALF! – Vitória advertiu o marido – Hã... Desculpem crianças. É que meu marido não pode ver uma vergonha que tem que passar.

Os mais novos riram.

— Não tem problema, mãe – Vanessa falou, constrangida.

— Desculpem se... Incomodamos vocês – Dan também se mostrava desconfortável.

— Imagina! Eu não ouvi nadinha!

— Eu ouvi. Minha filha, se realmente tu faz aquele escândalo vamos ter que por proteção acústica no teu quarto – Ralf comentou.

— RALF!

— Ué, é verdade. Verdades estão ai para serem ditas.

— E precisa falar isso assim? Na mesa do café?

— Quantos pais falam sobre sexo com seus filhos? É necessário falar.

— Sim, mas num outro momento.

— Gente, porque não tomamos café? – Van sugeriu. Estava vermelha como um tomate.

O casal mais novo então se sentou a mesa. O silêncio que permeou os minutos seguintes causou certo desconforto nos presentes. Foi quando Vitória quebrou o gelo.

— Ficamos muito felizes que tenha compreendido a situação de nossa filha, Daniel – Agradeceu sincera – Ela nos contou sobre o desentendimento que tiveram há um tempo, e isso nos preocupou bastante.

— É como eu disse pra ela: Eu não entendo nada de sexualidade. Essa história pra mim ainda é uma confusão, mas gosto muito da filha de vocês pra deixar que isso nos atrapalhe.

Os mais velhos sorriram.

— Nós entendemos, meu guri – Ralf falou contente – Para nós, uma surpresa também. Imagine teu filho chegar um dia da escola desesperado, e dizer que não aguenta mais sua vida e muito menos seu corpo?

Dan sentiu um nó na garganta e olhou para a namorada.

— F-foi assim que aconteceu? – Questionou.

A garota suspirou.

— Bem... Como tu sabe, guris que fogem do padrão heteronormativo são ridicularizados. Visualmente eu até não era tão diferente, mas meus gostos eram... Diferentes do que os demais tinham. No dia que eu cheguei em casa e contei tudo... – Mais um suspiro – Foi no dia em que vi meu primeiro crush dizer que nunca ficaria comigo porque eu era uma aberração...

Vitória se levantou de onde estava e foi ao encontro da filha para abraçá-la.

— Oh querida... Já passou – Tentava confortá-la.

— Eu sentia que eu era diferente sabe? – Van continuou seu desabafo – Mas ouvir aquelas palavras de que ama... É duro demais.

Dan recordou do dia em que ele e Van se encontraram em frente ao labirinto verde pela primeira vez depois da briga, e das palavras que dirigiu a ela:

A Teoria Das CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora