Roxo II

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VIOLÊNCIA

O dia podia estar lindo do lado de fora, mas para Alisson parecia que todo o mundo tinha perdido a cor. Era a primeira vez em dezoito anos de existência que a mãe tinha lhe dado um tapa no rosto. Nunca tinha a irritado para que ela chegasse a esse extremo. Marisa, aliás, não foi ao quarto do filho em nenhum momento naquele sábado. Não o chamou para o almoço, tampouco para alguma outra coisa que necessitasse de sua presença. Estava mesmo chateada.

Foram raras às vezes em que ambos falavam sobre o pai de Al. Era quase como um tabu fazer menção a pessoa dele. Talvez ele tivesse ido longe demais à discussão? Provavelmente, mas queria que a mãe pudesse ver o quanto ele sentia falta de um pai, mesmo que não falassem tanto a respeito.

Naquele sábado, procurou ficar em seu quarto encarando o teto. Vez que outra olhava também para seu trevo, como se quisesse que o mesmo criasse vida e resolvesse tudo em sua vida tal como sua simbologia prega. Mandou a seguinte mensagem para Jeff:

"Hey cara. Tá por casa? Queria saber se rola eu dormir ai hoje..." – Enviado para Jeff.

Acabou por dormir depois de enviá-la, acordando era perto das 17h15min e já com a resposta do amigo na tela do celular:

"Fala Al! Tô sim, pode vir." – Enviado por Jeff.

Espreguiçou-se e se levantou. O quarto já estava um breu, já que o sol já baixara. Pegou sua mochila de escola, retirou de dentro seus materiais escolares e pôs apenas um conjunto de roupas para trocar e uma roupa de dormir. Foi indo até o andar de baixo, onde encontrou Marisa e seu namorado assistindo televisão na sala.

Como se nada houvesse acontecido mais cedo, Marisa levantou mostrando um sorriso e foi até o filho que a encarava sério.

— Edu, esse aqui é o Alisson, meu fi-

A mulher nem concluiu a frase, Al simplesmente tirou a mão de sua mãe do ombro e foi quieto até a saída. A atitude deixou Marisa um pouco constrangida, porém ela nada fez, só tornou a sentar abraçada ao tal Edu.

O garoto saiu o mais depressa que conseguiu de sua casa e foi andando a passos largos em direção à casa de Jeff, que morava algumas quadras para trás de sua casa. Andava cabisbaixo, triste. Aquela situação insuportável que se criara de uma hora para outra não tinha o menor fundamento, mas Al não percebia isso. Só queria que a mãe entendesse o seu ponto de vista.

— EI! Alisson!

Só quando o rapaz percebeu alguém a sua frente, é que notou a presença de Dan ali.

— Ah... Fala ai pateta – Disse sem empolgação.

— Nossa, que clima de missa de sétimo dia. Tá tudo em paz?

— Na verdade não. Mas há de melhorar, se pá – Deu de ombros – Tá fazendo o que na rua a essa hora com uma mochila nas costas?

— Vou ir dormir na casa da minha mina hoje – Disse orgulhoso.

— Olha ai, pateta tomando atitude. Parabéns brother.

— Valeu – Agradecera – Tem certeza que não precisa de ajuda?

— Não... Tá tudo ok. Tô indo dormir fora também, só que na casa do Jeff.

— Uhh, cuidado para ele não te molestar também.

Al riu.

— Como tu é trouxa. O Jeff não é viado.

— Nunca se sabe. Hoje em dia tá tudo tão louco – Comentou – Enfim, vou indo nessa senão chego lá pro Natal.

A Teoria Das CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora