Verde Amarelado II

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ARTÍSTICOS

Haviam momentos da vida em que Alisson se perguntava como conseguia se envolver em tanta polêmica ao mesmo tempo. O pai, o beijo com Gil, o beijo com Dan e, claro, uma aula de dança nada convencional. O sábado chegara e com ele o momento de reencarar seu problema. Talvez fosse melhor cancelar a aula? Mas não via um motivo realmente forte para isso. Já haviam esclarecido tudo com o último, só precisava seguir com a vida... Correto?

Chegou no colégio cedo. Por milagre, não precisou dar de cara com Elis e seu humor ferino, então pôde ir com mais tranquilidade ao ginásio. Quando lá chegou, notou que o "garoto estranho" aguardava nas arquibancadas, esperando que a aula começasse. Acabou por ir em sua direção para tentar puxar conversa, afinal, ainda havia quase vinte minutos de espera. Sua ansiedade lhe deixaria a beira de um ataque se ficasse mais tempo atordoado com seus problemas em casa sem conversar com alguém.

O rapaz com nome feminino estava distraído a olhar para o celular, tomando um susto quando Al chamou por ele.

— Fala aí – Fez um sorriso de constrangimento – Foi mal.

— Foi nada – Retribuiu, achando graça da gafe cometida – Animado com a aula?

— Muito. Vi uns vídeos que o Gustavo posta no canal dele na internet. O cara manda super bem! Não vejo a hora e dançar igual.

— Tudo é questão de tempo... – Pensou em dizer o nome que ele havia lhe dito ao fim da última aula, porém, ficara com dúvida de ter interpretado errado – Desculpa, qual teu nome mesmo?

Como da vez anterior, baixara a cabeça coçando a nuca de vergonha.

— Ana...

— 'Pera, como?

— Ana – Repetiu – Tu não ouviu mal.

— Ah... Sim – Engoliu seco – Então... Tudo é questão de tempo, Ana. E de prática claro.

— Sim.

Permaneceram em silêncio por alguns minutos. Al aproveitou para se sentar ao lado do rapaz e encarar o chão. Não lhe entrava na cabeça o que ocorria com aquele garoto. Como era possível que tivesse um nome feminino? Lembrou-se então do dia em que Dan contara algo sobre sua namorada:

"O rapaz esticou seu braço para alcançar a pilha de livros, quando puxou um deles que derrubou outros cinco por cima de si. O ato fez com que perdesse o equilíbrio, indo em direção ao chão. Porém teve sua queda estancada: Caiu nos braços de Al.

— Tinha que ser tu né pateta? – Reclamou o rapaz – C*r*lho, tu pesa hein? Vai emagrecer!

— Cala boca e me põe no chão seu otário! Imagina se alguém me vê assim contigo – Envergonhou-se.

— Isso é jeito de agradecer? Podia ter quebrado o cóccix sabia? Aí ia andar parecendo que foi arrombado.

— DÁ PRA ME LARGAR NO CHÃO P*RRA?!

— Pede direito.

— De novo essa viadagem?

— Pede.

— Não.

— Pede.

— Não. Já disse.

— Se tu não disser, eu vou espalhar pra todo mundo que a Vanessa é homem.

Dan nada respondeu, apenas virou o rosto e encarou o chão. O outro se mostrou em choque com a reação.

A Teoria Das CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora