Branco IV

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CONFUSÃO

— Que p*rra é essa agora?! — Dan exclamou.

— É isso mesmo que tu ouviu. Meu Ian — o outro repetiu.

— E eu posso saber de onde ele é só teu, seu trouxa?! Ele é primo de todos nós!

— Mas o coração dele é do único que não tá nem aí — Andreas tinha seus olhos já marejados devido às lágrimas que se formavam — Que m*rda de vida. E ele é só meu em vários sentidos Daniel. Ser primo é o menor deles.

— Tu morre de ciúmes então? É isso?! Só que EU não tenho culpa, c*r*lho! Eu não mando no coração dele.

— Mas pisoteia o que pode, né? Pra que trazer a tua mina aqui com ele posso saber?

— Tu queria que eu me escondesse com ela pra não magoar o Ian? É isso?

— Ué, não fez isso a vida toda? — provocou, com um sorriso cínico — Tu acha que eu não sei que tu ficou escondido com essa loira bonitona aí porque ela é trans?

Dan sentiu seu estômago gelar.

— Tu não fala da Van, seu idiota! — deu um empurrão no primo — Como que tu soube disso?!

— O Ian me contou — Drê então encarou Van — Como tu consegue ficar com ele, hein?

— Cala boca!

— Se eu fosse ela, eu tinha te chutado da minha vida. Só porque a mina é trans, velho? Tem coisa mais idiota que se negar um sentimento por preconceito?

— Eu não sabia que ela era trans! Eu fui saber há pouco tempo!

— Mas no fundo tu sabia que tinha algo, né? Por isso tu namorou com ela escondido esses anos todos.

— Não fala b*sta, Andreas!

— Eu vou te confessar uma coisa, Daniel: Não é que eu não goste de ti. Tu é meu primo e eu juro do fundo do coração que eu te quero bem, mas esse teu egoísmo me irrita tanto, velho... Nossa, tu nem faz ideia.

— Problema é teu.

— Por isso eu nunca entendi o que o Ian viu de tão especial em ti — deixou uma lágrima cair — Tu é tão seco, infantil e mais do que tudo isso: Um preconceituoso de m*rda que não dá valor às pessoas maravilhosas que tu tem na tua vida.

— Deixa que eu respondo, Dan.

De dentro, surgiu Ian, atraindo os olhares para si. O garoto parecia sério, ainda tranquilo, mas com certa mágoa no olhar.

— Sabe, Drê — começou — Eu te amo tanto quanto amo qualquer um dos meus primos. O problema é que tu tem esse desejo de posse sobre mim. Nunca entendi o porquê de existir.

— Como assim tu não entendeu porquê? — o olhar do mais velho era um misto de decepção e tristeza — Pensa em tudo que eu e tu já passamos. Lembra na praia do Cassino? Lembra da vez que eu dopei o Dan e transamos na fuça dele?

— O quê?! – exclamou o garoto apavorado – Que m*rda é isso? Quando foi isso?

— Foi a nossa primeira transa juntos. E eu fiz questão de fazer na tua frente pra tu pelo menos ter uma noção do que tava perdendo — respondeu — E que continua a perder, aliás.

— Pelo contrário, Drê — Ian corrigiu — Acho que cada dia mais ele tá me ganhando.

— C-como é que é? — o mais velho questionou nervoso.

— O Dan que tu conheceu, que tem todos esses defeitos, tá sumindo, Drê — Ian sorria — Ele tá morrendo aos poucos e dando lugar pra um guri incrível. Aquele que eu sempre vi e sempre soube que existia. Só estava sumido.

A Teoria Das CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora