INFINITO
(Protagonista secundário: Andreas)
Um amor não correspondido pode afetar muito a vida de alguém. Isso é notório em vários aspectos físicos e mentais - nos tornamos (em alguns casos) tristes, solitários, agressivos... Nem mesmo realizar pequenas tarefas que outrora eram tão interessantes a ponto de nos despertar alegria são capazes de assim fazê-lo. E toda vez que Andreas era obrigado a ver seu primo Ian - talvez a pessoa que mais amava na vida - se sujeitando aos caprichos de Daniel, sentia seu coração apertar e seus punhos estremecerem. Seu maior desejo era surrar tanto a cara do mais novo até que ele percebesse o quão infantil conseguia ser, ao magoar e ferir todos a sua volta simplesmente por ser turrão. Conseguiu dar uma amostra de sua raiva no aniversário de Micael, porém achava aquilo pouco. No entanto, as longas conversas e tentativas dos primos em acalentar sua fúria pareciam estar fazendo efeito.Estava superando, ou assim gostava de pensar.
Noite de sábado, o último daquele mês de Julho. Estava frio - como de costume - mas não ao ponto de desanimar qualquer um dos garotos a fazer um programa de despedida para Ian. Era o mais querido entre os primos, isso era inquestionável. Fez com que todos se amassem e vissem de maneira além dos carinhos fraternos. Despertou-lhes o desejo, a ânsia pelo insaciável, a busca pelo prazer em corpos tão semelhantes aos seus, o amor por um homem. Assim era Ian e seu êxtase hipnotizador. Como agradecer alguém tão especial simplesmente por sua existência? A resposta surgiu pela boca de Micael: Parque de diversão. O lugar, segundo o rapaz, parecia agregar todas as características do segundo entre os mais velhos dos primos. Agitado, animado, divertido, audacioso, instintivo... De fato, parecia mesmo servir bem. Marcaram para se encontrar às 19 horas na casa do garoto, porém acabaram chegando cedo. exceto por Andreas.
O mais velho não tinha muita certeza se deveria ir ou não, afinal ter de se despedir de seu primo amado nunca era fácil. Doía menos quando este voltava a Nova Petrópolis sem lhe dar qualquer tipo de satisfação. O incomodo da dor constante ficava, mas não existiam as últimas lembranças de felicidade antes da volta do breu que era a vida sem Ian. Tinha dentro de si um sentimento tão profundo que arranjar ficantes em festas não supria a necessidade de tê-lo para si. Egoísta? Talvez, mas seu coração não sabia amar pela metade. Por essas e tantas outras razões que chegou 19h19min. Foi Micael quem atendeu.
— A Cinderela chegou, gente! — O humor era característica de seu charme — Entra aí, mano véio! A gente tava te esperando faz tempo.
— O Andreas sempre teve problemas com horários. É fato — Levi complementou.
— Mas dessa vez foi especial... — A voz de seu amado ecoou pelo corredor da casa, fazendo-o soar frio e deixando sua boca seca — Ele tava vindo me ver.
Admirou o menino como quem apreciava o mar em um dia sereno. Ian vestia uma calça skinny preta, rasgada nos joelhos, um casaco xadrez preto e vermelho, além de um sapatenis preto. O cabelo arrepiado com gel um perfume inconfundível espalhado por seu pescoço. O sorriso, como sempre, fiel em seu lábios, como se nada no mundo fosse capaz de abalá-los. Os olhos azuis cintilantes como esmeraldas a encarar o mais velho davam a impressão de serem suas flechas acertando seu coração. Cada vez mais amava Ian, e cada vez mais se odiava por isso. Ele veio em sua direção, fazendo um cumprimento com as mãos e, em seguida, lhe abraçou, como simples pretexto para apalpar sua comissão traseira. Riu com o ato travesso. Nem a possibilidade dos pais flagrarem a "pouca vergonha" deixava-o inquieto.
— Que bom que tu veio. Achava que ia fazer c* doce — Sua voz aveludada sussurrou no ouvido esquerdo de Drê.
— Eu ia, mas resolvi vir. Não faça eu me arrepender — Provocou, com um sorriso malicioso.
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A Teoria Das Cores
Teen FictionO que seria do verde se não fosse o amarelo? Essa clássica pergunta nos faz pensar em todas as coisas que mesmo diferentes nos unem. E será o diferente que irá unir a vida de Alisson e Daniel, rapazes problemáticos que de repente verão suas vidas ci...