Pêssego I

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ÍNTIMO

Há muito se discute a hipótese das pessoas morrerem por amor. Tal informação levanta uma série de questões que talvez nunca sejam explicadas. Teria o amor, em sua essência mais pura, o poder de tirar uma vida? Seria a linha entre amor e morte tão tênue que se torna impossível de ser vista ou imaginada por qualquer um de nós, meros mortais?

A verdade é que sempre existirá essa dúvida: Do que o amor é capaz? Há quem afirme que enlouqueceu por amor, outras, como já citado, matam ou morrem por ele. Mas o que está presente de fato dentro desse sentimento tão complexo, a humanidade não soube decifrar. Gil sentia-se perto de descobrir a resposta. O que Ian fizera em sua vida fora tão mágico e tão perfeito, que se acabou de repente sem que não tivesse como conter. Ou tinha? Talvez se não tivesse ido à festa... A festa que o ex namorado tanto suplicou para que não fosse... Quem sabe as circunstâncias não fossem diferentes?

Estava deitado em sua cama observando o teto de cor marrom clara. Fixava um ponto qualquer para tentar dispersar (Ou se emergir) seus pensamentos tão desafetuosos para consigo. Vanessa tentara puxar assunto, mas como o rapaz adormecera acabou por ir embora (Na realidade, fingira para que não precisasse responder a mais nada que dissesse respeito ao ex). Acordou-se já passara das 14h23min daquela tarde de quarta. Sentiu sua cabeça latejar, e ficara pior quando viu um chá e ao seu lado um comprimido.

— Não adianta fazer birra. Te enfio na goela se não tomar – Brincou Ian, chamando a atenção do garoto.

Aqueles olhos... Como Gil gostava de analisá-los e encará-los. Quando se conheceram na praia do Cassino, dois anos antes, sentira a potência daquele olhar tão profundo e ao mesmo tempo tão sereno. Como podia um garoto assim ser motivo de tanto pesadelo? Era só isso que se perguntava quando pensava no rapaz.

— Não precisava se incomodar – Disse em tom baixo, já tomando o comprimido e o chá.

— Tá de boas. Queria vir quando o Dan me mandou mensagem, mas tava no trampo.

— Dan te – Ia questionar porque o primo teria lhe enviado uma mensagem sobre si, até que a lembrança de Van lhe veio à cabeça – Ah... A loira falou pra ele.

— Falou sim – Sentou do lado da cama, pegando na mão do ex enquanto sorria – Não podia deixar de vir aqui. Ainda mais depois daquilo da noite que fui embora, e quando me viu no "Wunder Bar" com a-

— Já viu que eu tô bem né? Pode ir embora – Fez cara emburrada – Vai cuidar do teu priminho querido e daquela guria trevosa com quem tu tá saindo, vai!

— Gil, por favor... – Pressionou um pouco a mão do rapaz – Por que tu fez isso? Tu não era assim...

— Eu tô ótimo. Já disse isso.

— Bebendo desse jeito? Certeza?

— Não sou a única pessoa que bebe na face da Terra. Tu já bebeu também. Lembra da festa do Kevin de dezoito? Tu encheu a cara.

— Melhor porre que tomei na vida – Sorriu ao lembrar – Fizemos umas paradas da hora, te lembra?

O rapaz tentou continuar bravo, porém não conseguiu. Acompanhou Ian em um sorriso.

— Lembro sim. Não foi sexo, mas foi tão bom quanto – Relembrava – Mas isso não muda os fatos.

— Muda sim, Gil. Tu sabe que, mesmo que eu tome um porre, consigo sair bem disso. Não vou f*der com a minha vida por culpa disso.

— E tu acha que eu – Os olhos azuis penetraram os seus, e sem que fossem necessárias palavras, compreendera o recado – Tá, tá.

— Eu te quero bem. Tu sabe disso.

A Teoria Das CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora