Ruivo II

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PICANTE

Quase todas as pessoas do mundo já tiveram o azar de cometer alguma coisa e se arrepender depois de tê-la feito. É natural, visto que mais erramos do que acertamos durante nossa jornada – Isso é um modo de a natureza nos mostrar que não importa o quanto evoluamos, sempre haverá algum momento de desatenção. O que Alisson não compreendia é porque ele tinha tanta tendência em cometer algum deslize. Chamava Daniel de "pateta", mas ele próprio já desconfiava se não era um também.

Encarava a risada um tanto maquiavélica de Gil com um olhar tão perdido que a figura do rapaz nem aparecia diante de si – tudo se tornou um grande borrão, e sua mente mal conseguia raciocinar. Por que não tinha se dado conta de que já tinha estado ali antes, no dia em que Dan confrontou Ian sobre seus sentimentos? Como pôde ser tão descuidado? Estava tendo uma relação melhor com o colega de trabalho, era verdade, contudo sabia o quão perigoso era estar diante de um rapaz alcoolizado. A experiência com o novo amigo tinha lhe confirmado isso. O que faria? Devia ir embora? Fingir que nem saiu de casa?

— E aí, cara? Vai ficar me encarando com cara de bode por muito tempo? — O próprio contestou a insistência de Al em lhe observar. Seguia com um sorriso nos lábios, enquanto avaliava a expressão do amigo.

— Eu... — Procurava voltar sua atenção ao garoto — Não é nada, só fiquei espantado que não me liguei antes quem mora aqui.

— Pois então. Se ligou?

— Sim.

— E viu algum problema nisso?

Era exatamente a pergunta que ele não sabia responder. Aliás, suas certezas pareciam diminuir cada vez que lidava com Gil. Estava bem claro que o garoto já tinha passado da conta na bebida – e se não passou, faltava pouco. Engoliu seco antes de achar algo que agradasse tanto a ele próprio quanto ao anfitrião.

— Alguns — Sorriu de modo tímido — Mas f*da-se. Consigo lidar com isso.

— Assim que se fala — Gil parecia ter ganho na loteria. De tão animado, puxou Al para um abraço forte — Vê se consegue se divertir aí. Deve ter alguma guria que esteja a fim de uma pegação rápida. Dá uma peneirada.

— Pode deixar — Achava irônico um gay lhe aconselhar aquilo.

O menino logo voltou sua atenção à outros convidados, deixando Alisson parado sem lembrar o porquê tinha entrado ali. Quando se lembrou, foi até a mesa de petiscos, comeu algum salgado ali disponível e voltou ao encontro de Ana. A cena que encontrou o fez dar meia volta e seguir lá dentro – o garoto estava trocando carícias quentes com a namorada. Não queria ser o famigerado "empata f*da". Tentaria se virar para se divertir, afinal, que mal havia em curtir a própria companhia?

Assim que a batida de "Wake Me Up", do DJ Avicci, começou a tocar na sequência, o garoto começou a se soltar mais. Deixou que a adrenalina e a euforia tomassem conta de seu corpo jovem e cheio de energia. Arriscava até alguns passos vistos na aula sabatina, chamando a atenção de alguns próximos do entorno. Uma em especial arriscou chamá-lo.

— Tá impressionando, hein? — Assim que Alisson seguiu a voz que lhe chamou, sentiu seu estômago gelar.

— Amora? — Encarava-a incrédulo. Por que ela tinha de estar ali, justamente na noite que queria curtir? — Fala sério!

— Que foi? Não gostou de me ver? — Colocou suas mãos em torno do pescoço do menor. Por infortúnio, o destino não fizera a gentileza de lhe dar alguns centímetros a mais. Amora também não era exatamente uma garota baixa, para ajudar.

— Sabe que tu desperta em mim um misto de sentimentos? A primeira vez que te vi foi tesão, depois foi indiferença, depois raiva e agora indiferença de novo. Cai fora.

A Teoria Das CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora