FORÇA DE VIVER
Quantas pessoas esperam pela tão aguardada chance de começar de novo? Abandonar tudo que são, tudo o que acreditam pra recomeçar do zero formando uma nova e melhorada versão de si próprio? Poucas tem essa sorte, mas em geral passamos pela vida só na vontade. Alisson, por exemplo, ficara feliz em saber que não era o seu caso – Regar o trevo todo santo dia parecia finalmente estar lhe rendendo frutos.
Acordara naquela segunda feira como nunca antes em tanto tempo de vida escolar. Saber que mudaria de turma lhe trazia uma sensação de melhoria, de progresso. Gostava disso, e queria prolongar o máximo que conseguisse. Tinha certeza que a sensação só duraria até o sino da escola soar e algum professor pé no saco (Palavras do próprio Al) entrar e fazer sua aula mediana. Odiava aquilo, mas naquele dia decidira que se esforçaria ao máximo. Não só pra provar que conseguia ser um bom aluno e que o problema era a turma que tanto detestava, como também para que nunca, em nenhuma circunstância virasse uma criatura horrível como o pai. Esse assunto lhe perturbou pelo fim de semana (Mesmo com a folga pra tirada com Gil) e a única conclusão que chegara foi de que ia tentar melhorar. Faria isso ou morreria tentando.
Fez sua higiene matinal contente. Como há alguns dias, parou-se para se admirar frente ao espelho do banheiro. Observou seu peitoral levemente definido que não fazia ideia de como surgira e sorriu.
— As gata nunca vão te deixar na mão, parça – Disse a si mesmo.
Colocou sua camiseta, ajeitou seus cabelos bagunçados e desceu até a cozinha. Ficou surpreso ao encontrar a mãe. Raras foram as vezes que Marisa ficava em casa um pouco mais para atender ao filho, e quando acontecia, Al ficava temeroso. Não sabia o que esperar daquilo e isso lhe causa um desconforto.
— Em casa a essa hora ainda, mãe? – Questionou.
— Aham – A mãe respondeu contente – Te contei que pedi demissão do emprego?
— O QUÊÊ?! – Exclamou – COMO ASSIM? FICOU LOUCA É? A GENTE TEM CONTAS PRA PAGAR SABIA?!
— PARA DE GRITAR INFERNO! JÁ TE DISSE QUE NÃO SOU SURDA! – Revidou – Saí porque se ficasse mais um dia naquele antro, juro que ia esfregar a cara daquelas piranhas nos asfalto.
— Pô, mãe! Qual é! Sair do emprego por implicância com as coitadas?
— Filhinho, aquelas crias filhotes de cruz credo não merecia que a mamãe continuasse a trabalhar com elas, entende?
- Tá, mas e a grana?
— Eu vou trabalhar com o Edu.
Al revirou os olhos.
— Já sei. Vão gravar vídeo pornô de patrão e empregada?
Marisa então virou-se com a frigideira com óleo fervendo na mão direita, virou para Al e aproximou-se dele com um olhar maquiavélico. O ato fez o garoto recuar assustado.
— O que tu falou, filhinho? – Perguntou ainda com o mesmo olhar, porém usando uma voz doce.
— Nada, mãezinha, nada! – Exclamou sorrindo – Adorei a ideia! Devia ter feito isso há muito tempo!
Marisa sorriu e recolocou a frigideira no fogo.
— Sabia que ia me apoiar – Comentou ela.
— E... Em que o Edu trabalha?
— Numa agência de viagens. Adorei porque temos desconto nas passagens. AI QUE TUDO! IMAGINA A MAMÃE NO RIO DE JANEIRO! QUE TUDO!
Al riu da situação.
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A Teoria Das Cores
Teen FictionO que seria do verde se não fosse o amarelo? Essa clássica pergunta nos faz pensar em todas as coisas que mesmo diferentes nos unem. E será o diferente que irá unir a vida de Alisson e Daniel, rapazes problemáticos que de repente verão suas vidas ci...