Âmbar I

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MULTICULTURAL

Até onde temos firmeza em nossas ações? Até onde somos capazes de prevê-las e administrá-las como devem? Por mais centrada que qualquer pessoa seja não é difícil surgir uma situação completamente impulsiva que vira tudo de cabeça para baixo. Ainda dentro deste contexto, podem acontecer situações que se assemelham a ficar na linha tênue que existe entre a Vida e a Morte. Isso muda qualquer pessoa, faz com que os nossos aspectos mais íntimos recaiam sobre nós como uma grande onda de aprendizado para nos tornarmos, quem sabe, pessoas melhores.

Acordar na manhã de sábado com a lembrança turva de ter beijado Daniel deixava Alisson no mínimo curioso sobre seus atos. Uma azia infernal lhe fazia ver estrelas dos mais diversos tamanhos, porém agradecia por pelo menos não ter tido uma ressaca terrível. Ainda sim, a forte azia em nada se comparava ao que fizera. A noite de sono em nada ajudara: No sonho, se enxergava beijando alguém incansavelmente, só parando para sorrir e retomar o beijo. A noite inteira fora assim e tinha certeza do motivo daquilo: Estava transtornado por ter beijado um homem por vontade própria pela primeira vez.

"Que beijo pateta?! Tá louco! Tá falando aquela zoação que fizemos? Tu é muito emotivo hein?! Aposto que já se apaixonou por mim."

Recordava-se da frase que dissera ao amigo após o feito. Na hora parecia tão mais óbvio, mas porque sentia que não havia sido zoação? Tinha ido em direção a um rapaz que mal estava iniciando uma amizade e, simplesmente, lhe beijou. COMO aquilo podia ser zoação? Sua mente traçava uma batalha entre as mais variadas desculpas para o ocorrido: Bebida, loucura, impulso, falta de sexo, falta de autocontrole, falta de mina... As opções variavam.

"Na cadeia, os presos acabam se pegando por falta de mulher. Tá na cara que isso"

Sentia-se um gênio por fazer tal dedução. Claro que fora falta de contato físico com o sexo oposto. Tanta coisa acontecera em sua vida nos últimos tempos que acabara esquecendo de como a vida deve ser vivida de verdade. Não pôde deixar de lembrar da noite dos solteiros que tivera com Jeff dias atrás, era daquilo que precisava. Decidiu por um ponto final no assunto, se era esse o problema conseguiria resolver e a vida seguiria normalmente. Para que se cobrar por algo que qualquer um em sua situação teria feito?

"Quem tem moral pra julgar a gente?"

Assim que se levantou foi para o banho. Havia um cheiro de cerveja impregnado em suas roupas que não ajudavam em nada com sua azia. Chegando no cômodo, tirou sua roupa e encarou seu reflexo frente ao espelho em cima da pia. O rosto habitual de quem estava dormindo, uma barba rala que crescia mais rápido que grama em semana chuvosa. Entrou em baixo da água quente, contrapondo a parede gélida em que se escorava, e fechou os olhos. Queria relaxar, parar dez minutos de sua rotina para deixar os problemas de lado e só ficar ali.

"Foco. Foco. Foco"

Riu fraco ao pensar que teria de recorrer àqueles métodos pré-adolescentes para conseguir ter prazer, contudo a atual conjuntura só permitia isso. Não tirou férias do "Wunder Bar", portanto o trabalho seguia como de costume, atrapalhando sua vida noturno-social. Se era só assim que conseguiria chegar ao prazer, que fosse, dava de ombros. Levou sua mão direita a seu membro, que ainda não havia dado sinais de vida, e começou a incitá-lo a tal ação.

"Foco. Foco. Foco"

Mantinha seus olhos fechados enquanto vasculhava sua mente em busca de coisas que pudesse ajudá-lo, não demorando a encontrá-lo. Escolheu a primeira vez em que trocou carícias com uma garota. Na época tinha por volta de seus quatorze anos, ao passo em que a garota devia ter seus quinze ou dezesseis. Era irmã de um de seus amigos da época, os quais nem tinha mais contato. Uma garota de cabelos longos, cacheados, pernas com coxas grossas e que na ocasião parecia bem disposta a ajudar Alisson em seu problema.

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