Dourado I

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ORGULHO

Apesar de não ser exatamente um exemplo de aluno, Dan odiava quando os professores resolviam fazer um legítimo complô contra si. No caso, era formado apenas por sua professora mais unilateral, rígida, mas que valia pelo conselho escolar todo. Sabia (ou rezava para isso) que Elis não podia ter provas de sua cola — tinha apenas acusações, nada formal.

— O seu fim de semana deve ter sido um porre, né? – não queria deixar a docente perceber seu nervosismo – Pra voltar com esse assunto agora. Só espero que tenha argumentos dessa vez.

— Iremos discutir esse assunto mais tarde — e lá se foi à mulher até a sala dos professores.

Quando Elis já estava a uma distância considerável, Sabine beliscou o braço do amigo.

— EI! Tá andando com a minha tia por um acaso?! — resmungou.

— Tu tem demência, Daniel?! Colando de novo? Custa fingir que estuda pelo menos?!

— Olha, se tu vai defender aquela manga chupada que chamamos de professora é melhor encerrarmos o assunto.

— A questão não é a professora, e sim o que tu fez. E não vem dizendo que não, porque te conheço tempo suficiente pra saber que tu é desses.

— Eu fiz mesmo. Não entendo matemática!

— Eu também não e nem por isso pego cola do Jeff.

Dan olhou fixo aos olhos da outra.

— Que milagre chamando o Jeff de Jeff — tentou desconversar.

— Próxima vez, chamo ele de Madalena então — foi sarcástica — Isso é grave, Dan. Pode dar suspensão, chamar teus pais...

— Eu sei, eu sei. O que sugere que eu faça?

A garota suspirou.

— Negue até a morte. A não ser que ela jogue limpo e mostre provas. Mas não faz o tipo dela acusar sem provas.

— Pode deixar — tentou sorrir para tranquilizar a amiga — Vamos logo largar essas mochilas.

A verdade era que o garoto não estava tão tranquilo. Na verdade sua mente congelava ao pensar que tudo estava perdido. Como explicaria a seus pais e seus tios essa chamada a escola?

Assim que saíram da sala, Dan e Sabine foram à diretoria. O garoto queria se ver livre daquela situação o mais depressa possível. Seguiria o conselho da amiga até quando fosse possível, depois, ia usar o seu método.

— Mandei mensagem pro Jeferson e ele já tá vindo pra cá. Pensa num cara apavorado — a garota avisou.

— Como sabe disso se conversaram por mensagem?

— Talvez devido a uma invenção chamada áudio? Ele parecia minha mãe quando descobriu que ia ter liquidação de sapatos essa semana.

— Histérico?

— Muito.

Dan riu.

— Mas gay que isso, só ele começar a andar de vestido e salto alto.

Não demorou para ambos encontrarem um Jeff desesperado vindo atrás deles e os seguindo rumo à diretoria. O garoto parecia um papagaio de língua solta, já que não ficava quieto um minuto criando mil teorias sobre o que a diretora queria com o amigo.

***

Se há uma característica que Alisson não gosta em si mesmo, certamente é o orgulho. Já tinha perdido as contas de quantas vezes tal sentimento o impediu de ser feliz. Mas era parte de si. Não adiantava espernear nem implorar por mudanças.

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