MODERNIDADE
Duas semanas se passaram desde a reunião com Elis, e o mês de Julho entrou com ares de esperança para os rapazes. Nas semanas que sucederam o acontecido, o grupo passou a interagir com um pouco mais de frequência: Mandy, por ser a namorada de Adrian, começou a andar com os amigos do rapaz, levando Al a acompanhá-los. Aliás, ele e Daniel se falavam quando estavam juntos, mas eram conversas momentâneas.
Elis passou a vigiar cada passo dos rapazes em aula, que não deixavam por menos. Cada aula, um novo bate boca. Ágata interagiu com Daniel algumas vezes, e sempre estava acompanhada do rapaz que a beijara na praça. Dan não contou ao primo o que vira, tampouco Vanessa — sua acompanhante na ocasião — visto que ainda estava ignorando o mais velho.
Quatro de Julho. Quinta feira de tempo firme. Dan levantou da cama por impulso após mais uma noite do sonho de alguém correndo até ele. Levantou-se devagar, ainda atordoado com seus pensamentos. Ainda não decifrara quem poderia ser a tal criatura, já que sua figura corria em sua direção sempre desbotada. Passou suas mãos pelo rosto. Aquilo lhe atormentava. Seria algum sinal? Mas de quê?
Foi praticamente se arrastando até o banheiro para a higiene matinal. Assim que a fez foi em direção à primeira batalha do dia: Encarar Ian. Não podia negar: sentia falta de conversar com o primo mais velho. Porém, como ignorar o ocorrido? Por vezes se perguntou se estava fazendo a coisa certa, e a resposta era um curto e objetivo "não".
Desceu as escadas e foi andando lentamente até a cozinha. Dito e feito: Lá estava o garoto de pele negra clara com seus olhos azuis. Dan tirava sarro, dizendo que tinha dois faróis no lugar de olhos. O garoto estava só com seu calção de dormir e sem a camiseta, mostrando seu abdômen pouco definido. Não era exatamente fã de academias, e sim, de se amar como ele era.
— Bom dia — o mais velho falou animado enquanto fazia dois sanduíches — Dan não respondeu — Três semanas sem meu 'bom dia'? Que feio, priminho. Tia Isabel te educou tão bem pra tu fazer um papelão desses...
— Minha mãe também me ensinou a não sair por aí tentando agarrar os outros — disparou.
Ian o encarou e sorriu.
— Um a zero pra ti.
Daniel se irritava com a maneira quase cínica a qual o primo parecia levar algo tão sério para si. Tinha ficado genuinamente incomodado com o fato, afinal, era seu primo mais querido dentro de seu coração. Uma atitude impensada acabou por comprometer uma estrutura sólida construída durante anos de amizade, companheirismo, confidência e irmandade. Mesmo diante dessas circunstâncias, o mais velho teimava em debochar e ironizar.
Pois já que não podia mudar o dono das ações, queria afastá-lo, pelo menos por algum tempo até digerir com calma as informações. Sua mente não estava nada bem se sentindo cercada e acuada pelo rapaz.
— Por que tu não vai dar um role com a Ágata e me deixa em paz, hein? — pediu, quase como uma súplica.
— A Ágata tá ocupada estudando pra prova.
— Então só me deixa em paz, beleza?
— Eu não entendo pra que essa tua ceninha. Sinceramente — rebateu.
— Talvez seja porque tu quase abusou de mim naquela cachoeira.
Ian não tardou a rir da cara do primo. Aquilo foi o fim. Como podia achar graça de uma situação tão delicada e comprometedora? Perdeu a paciência.
— Do que tu tá rindo, idiota? — perguntou, já querendo puxar briga.
— Abusar? Abusar de ti?! — falava, enquanto tentava se recompor.
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A Teoria Das Cores
Teen FictionO que seria do verde se não fosse o amarelo? Essa clássica pergunta nos faz pensar em todas as coisas que mesmo diferentes nos unem. E será o diferente que irá unir a vida de Alisson e Daniel, rapazes problemáticos que de repente verão suas vidas ci...