Lilás III

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INTUIÇÃO

Apesar de o sol estar mostrando sua força naquela manhã de sexta feira, para Dan é como se o dia estivesse nublado e chuvoso. Vestiu-se sem ânimo após fazer a higiene matinal. Sua cabeça estava longe da escola e de qualquer compromisso que viesse a ter naquele lugar que tanto odiava.

Saiu do quarto e olhou pela última vez a porta do quarto do primo mais velho em busca de algum sinal que o mais velho tivesse mudado de ideia. Nada. Tudo no silêncio absoluto. Deu um suspiro e seguiu seu trajeto até a cozinha e ai veio à surpresa: Lá estava Ian sentado a mesa concluindo seu café. Ao seu lado, uma mochila usada em camping. Ali estavam os itens que Ian iria levar para a casa do amigo.

Era a primeira vez desde que nasceu que Dan se sentiu desconfortável ao lado do primo. Este comia seu lanche matinal sossegado e carregando um sorriso no rosto.

— Bom dia! – Disse ele.

Dan não respondeu, apenas sentou-se do lado oposto ao do mais velho e começou a fazer seu lanche também.

— Sabe – Ian dizia enquanto comia – Ainda dá tempo.

— Do que? – O mais novo disse seco.

— De a gente passar uma borracha em tudo e seguir em frente. A gente é primo, Dan. Primos não deviam ficar assim, nesse clima.

— Por um acaso eu sou teu único primo?

— Eu já te expliquei que tu é um caso diferente dos outros.

— "Tu é o que eu mais quero", aham. Eu lembro lá na cachoeira – O outro disse irônico.

— Então... Se tu sabe pra que isso? É ciúmes porque eu tava com o Gil e não contigo?

Dan olhou para ele pasmo.

— É muita cara de pau tu dizer isso na minha cara sabia?! Eu sou hétero velho! Que p*rra que ninguém mais pode ser hétero nesse c*r*lho de vida!

— Eu não vou discutir isso agora. Aliás não vou discutir isso nunca – Ian avisou – Não quer passar a borracha então?

— Não! Eu não fiz nada pra tu se ofender.

Ian se levantou e colocou na pia os utensílios que usara durante seu café.

— Ok. Eu to na casa de um amigo que mora nesse endereço. Tu também tem meu telefone. É só me ligar.

— Vai ficar quanto tempo lá? – Dan deixou escapar a pergunta.

— Sei lá. Si pá até me mudo pra lá de vez. Lá eu posso pegar alguém na sala sem ser incomodado.

— Hum. Boa sorte lá.

— Valeu.

E assim Ian se foi até a casa do tal amigo. Por que mesmo sentindo que estava certo, seu coração pesava tanto em ver o primo mais velho sair assim?

— Que m*rda de vida velho... Que m*rda – Reclamou para si.

Terminado o café, subiu de novo, regou seu trevo, pegou sua mochila e lá se foi para a escola.

Quando lá chegou, surpreendeu-se ao ver que Sabine e Adrian já estavam lá.

— Caíram da cama é? – Perguntou ele.

— Fala Dan! – Sabine deu um abraço curto no amigo – Eu vim mais cedo pra ver se conseguia ver uns papéis na secretaria, mas tá fechada.

— E tu Adrian?

— Tenho treino hoje. O treinador tá ralando a gente demais velho! Mal tenho tempo de curtir minha mina!

— Aliás, bem ligeiro engataram esse namoro hein? Parece aquelas histórias mal roteirizadas – Bine mexeu.

A Teoria Das CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora