CREDIBILIDADE
Mesmo a ciência tendo alcançados inúmeros progressos com o passar dos anos, até hoje não se chegou à conclusões sobre como nossa vida é regida. Aliás, há uma e, possivelmente (dentro da perspectiva de lógica e fatos a qual a ciência se baseia), a que se manterá até o fim dos tempos: nós guiamos nosso próprio destino. Hoje é hoje, amanhã será manhã e ontem foi ontem. Preto e branco. Simples assim.
Verdade ou não, observar como Daniel e Alisson começavam a dar os primeiros passos para algo maior, depois de tantas turbulências da vida, dava curiosidade de entender os mecanismos regentes de cada passo que damos. Um mês antes, não passavam de desconhecidos tentando a sorte de driblar sua professora de matemática. Agora, zoavam, implicavam, brigavam, tão qual fossem amigos de longa data, provando que tempo é um mero detalhe.
Fosse o destino uma energia cósmica, uma força oculta ou até mesmo Deus, o fato de querer aqueles dois rapazes de coração rebelde e alma inquieta ficava explícito a cada pequena encarada de canto de olho que se deram no proceder da "aula" de Elis, atentos a qualquer mínimo movimento, ranger do lápis sobre o papel, a maneira como mordiam o lábio inferior (quase como reflexo quando fixavam sua atenção em algum exercício mais complicado), as diretas e indiretas a professora (quase um anjo por aturá-los durante uma manhã inteira sem sair dali presa)...coisas banais, porém, serviam como imã para atenção de ambos.
Para sua infelicidade, o temporal foi acalmar às 15 horas daquela tarde. Mesmo assim, sequer conversaram sobre o episódio com os dois rapazes no banheiro — e nem os viram, agradecendo aos céus por isso. Por mais emocionante que tenha sido, era arriscado terem seus nomes ligados a mais intrigas. Queriam se comportar, pelo menos até a poeira baixar. Tiveram sorte de tudo ter acontecido em uma área mais isolada da escola.
No entanto, na cabeça de Daniel, algumas coisas ainda estavam em haver. Ter presenciado uma cena como aquelas mexeu consigo. Deixou-o em choque, estático, ao mesmo tempo, excitado. Dava medo toda vez que se recordava. Tinha dado graças por os garotos estarem mais preocupados em lhe punir do que prestando atenção nas reações de seu corpo. Mas Alisson havia visto, e este era o grande problema. Pensava em algum jeito de tentar tirar o seu da reta o mais depressa possível. Convidou-o, então, para ir à sua casa, já que teriam o dia "livre". O menino prontamente aceitou, fazendo Dan maquinar ainda mais sobre suas justificativas.
Conversaram pouco durante o trajeto até a casa do menor. Afinal de contas, ambos tiveram sua cota de sentimentos mexida com tamanha barbaridade por eles presenciada. Uma espécie de vergonha mútua se fazia presente entre eles, causando um mal estar, pois sabiam: mais hora, menos hora, teriam de falar sobre aquilo. A questão é: seus corações seriam fortes o suficiente para isso?
Quando se pegou notando a região traseira de Daniel, Al sentiu algo diferente dentro de seu peito e viu quando sua boca esbanjou sorrisos maliciosos por vê-la. Poderia ser um mero reflexo? tinha lá suas dúvidas. Não queria bancar a avestruz, tampouco admitir uma coisa daquelas. Prometera, diante de Gil, que jamais se apaixonaria por um garoto. Mas Dan sempre surgia como um imã, puxando-o cada vez mais, atiçando sua curiosidade. O rapaz era bem diferente de todas as garotas as quais havia ficado — claro, havia momentos os quais agia como um sem noção surtado, porém, em sua essência, algo lhe soava mais original. Podia afirmar sem medo de estar errado que Dan era o quinto elemento de um furacão.
Chegaram a casa do menino cerca de quinze minutos depois de saírem do colégio. Pela ausência de quaisquer ruídos emitidos dos cômodos, notaram estarem sozinhos, só não sabiam se isso era de todo ruim, ou, de todo bom. Largaram suas mochilas em um canto qualquer da sala e sentaram um em cada sofá. Pareciam envergonhados com tanta aproximidade, pois não sabiam qual seriam seus resultados. Dados os últimos acontecimentos entre eles, era até compreensível o medo.
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A Teoria Das Cores
Genç KurguO que seria do verde se não fosse o amarelo? Essa clássica pergunta nos faz pensar em todas as coisas que mesmo diferentes nos unem. E será o diferente que irá unir a vida de Alisson e Daniel, rapazes problemáticos que de repente verão suas vidas ci...