Verde I

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ESPERANÇA

(Significado do título do capítulo)

O sinal não demorou a ecoar pelos arredores do colégio fazendo Dan despertar de seus pensamentos. Olhou mais uma vez para o copo, sorriu e levou-o consigo. Estava indo quando esbarrou em uma garota de cabelos negros e luzes roxas.

- Foi mal mesmo hein. Se machucou? - Tentou ser gentil pela primeira vez no dia.

- Ahh, não se preocupe. Já tive colisões piores - Respondeu ela - Até.

- Até - O outro mal concluiu a frase a outra já tinha ido rumo a sua sala. Notou que era o 3A. Achou curioso. Lembrava-se de vê-la algumas vezes, mas sentia como se já praticamente a conhecia. Seria ela a figura misteriosa do desenho?

"Espera, por que eu estou me preocupando com isso mesmo?" Pensou ele "Que idiotice, velho"

- Vai ficar ai parado esperando tomar um xingão, seu babaca? - Mexeu Jeff.

- Não. Tava esperando por ti, minha princesa - O outro respondeu no mesmo tom.

- Own, não é a coisa mais fofa que ele já me disse? - Jeff apertou as bochechas dele e o outro bufou.

- Cai fora, mané! Eu sou homem. Honro as calças que visto.

- Pra quê ser grosso comigo, amor?

- Vai se f*der, vai - Concluiu Dan.

E assim foram para a maravilhosa aula de Língua Alemã. Por ser uma cidade cujos colonos eram da Alemanha, não é incomum encontrarem na grade curricular a disciplina. Muitos de fora poderiam encarar como um aprendizado interessante, mas não era o caso de Dan - Quando muito conseguia tirar notas médias para passar na disciplina. Mas naquele ano a dedicação tinha de ser maior, afinal foi aprovado pelo conselho no ano anterior, ou seja, não ia ter salvação: Ou ele passava ou ficaria mais um ano preso aquilo que julgava ser a porta para o inferno.

Foi direto para sua carteira, que ficava no fim da sala no canto direito. O professor, um imigrante alemão que viera para o Brasil, explicava a matéria enquanto os alunos tentavam entender o que o pobre senhor dizia.

- Como 'estamôs' no fim do 'semetrê', eu necessitar... Quer 'tizer'... Eu necessito que 'totô' mundo me entregue o 'trapalhô' que eu pedi na semana 'passata' 'atê' mais 'tartar' der Freitag...Quer 'tizer'... Sexta feira - Falava o homem.

Aquela aula era um circo puro. O professor tinha dificuldades em pronunciar o idioma brasileiro, então os alunos adoravam caçoar pelas costas dele. Mas por incrível que pareça, o homem de estatura mediana, cabelos loiros falhados já pela idade avançada e levemente obeso, conseguia explicar a matéria. O problema era que Dan e mais uma trupe não estava nem um pouco a fim de ouvir sua aula. Quando ele começava a contar suas histórias sobre a Alemanha então...

- Só 'lemprem-se' que está 'nôta' vale para a 'tisciplina' de 'histôria' também. Eu 'poço' ajudá-los com alguma 'informaçôes' mas fazer o 'trapalhô' 'non' - Concluiu.

Normalmente Dan estaria se segurando para não gargalharem para Marte ouvir junto a Jeff, contudo estava concentrado em seu trevo. Achava interessante ter encontrado um em meio ao gramado na escola, com tanto lugares para ele florescer. Olhava para ele com esperança, como se ele fosse criar vida e resolver todos os seus problemas.

Depois de mais alguns minutos falando sobre o 'trapalhô', Elrew (Lê-se Euréu) solicitou que os alunos buscassem os livros da disciplina na biblioteca para realizar os exercícios após copiarem tudo o que estava na lousa. A classe ficara em silêncio e focada em copiar, já que apesar de parecer caricato o professor não era exatamente o símbolo da compreensão. De repente, se ouviu um barulho de porta sendo aberta com força, vinha da porta do 3A. Dan ficou a observar discretamente o corredor.

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