Daniel

4 1 0
                                    

Sonhar... É tão bom, não é? Nos leva para longe. Faz com que o impossível se torne possível e vice versa. Dizem até que sonhos podem nos revelar muito sobre nós mesmos, verdades que procuramos esconder dentro de nós de maneira que ninguém consiga sequer imaginar a existência delas. Mesmo assim, o mítico mundo dos sonhos parece o lugar onde tudo acontece. O mundo perfeito.

Daniel sonhava estar num campo aberto de grama verde e fresca. O céu estava alaranjado. Estava deitado na grama com os olhos fechados. Por alguns instantes, pareceu sentir o aroma da grama entrando por suas vias nasais. Conseguia também imaginar os pássaros migrando para algum lugar distante, podia jurar que ouvia o som que eles emitiam felizes.

Sorriu, pois se sentia livre, a paz lhe percorrer cada centímetro de seu corpo. Como amava aquela sensação. Passava horas e horas imaginando quando seria o dia que encontraria algo - ou alguém - que lhe trouxesse essa paz. De repente, ainda sonhando, abriu os olhos. Agora visualizava com perfeição o que lhe cercava. Sentou com as pernas cruzadas. Não queria falar, pois parecia ter medo de quebrar a paz do lugar. Só que algo lhe chamou a atenção: Uma silhueta que corria em sua direção. Levantou-se e ficou a esperar até que a silhueta que corria até ele tomasse forma. Porém, infelizmente, o despertador tocou. Era hora da realidade.

Não levantou com boa expressão, apesar do sonho que julgava um de seus melhores. Ultimamente, sonhava muito com ele, e sempre terminava do mesmo jeito: Nunca sabia quem era a silhueta que corria até ele. Não entendia muito o significado que sua mente queria dar para aquilo. Seria um sinal?

Suspirou, coçou seus olhos para tentar espantar o sono e caminhou até o banheiro. Estava usando samba canção que sua mãe lhe dera no Natal. Odiava, mas sua mãe comprou numa viagem que fizeram perto daquela data e adorava a estampa. Por isso fazia questão que o filho usasse. Seu peito estava desnudo. Tirou o que lhe cobria as partes baixas e entrou na água. Arrependeu-se por não ter esperado a água esquentar, mas não saiu. Estava deprimido demais até para respirar.

Sua mente viajava. Pensava no fim de semana que podia ter aproveitado, mas passou deitado vendo séries e comendo bobagens. Havia tido um encontro com uma formanda de Psicologia, só não contava com a desgraça que arruinou tudo. Só de lembrar que chegou perto de perder sua virgindade com uma garota como aquela e desperdiçara por culpa de bobagens românticas...

Daniel não era como os demais da sua sala que queriam só transar com qualquer garota que estivesse dando sinal verde. Ele queria ter a experiência toda: Desde o contato dos olhos até o ato em si. Isso dificultava sua vida sexual, pois apesar de não querer transar casualmente com qualquer uma, tinha necessidades que o estimulo com a própria mão já não lhe trazia com satisfação plena.

Tanto tinha implorado para aquele encontro dar certo, todavia parecia que alguma força do mundo além deste não queria colaborar consigo. Fizera tudo como mandava o roteiro: Tomou banho, fez a higiene completa (Sim, isso inclui a intima), passou perfume, uma roupa casual para descontrair e um lugar bacana. Quando começaram os amassos pensou que estava tudo certo, mas quando chegou na hora... Não, não queria mais lembrar daquilo. Resolveu parar e se apressar para ir logo para escola, lugar que mais detestava no mundo...

Ficou cerca de mais cinco minutos no banho quando terminou. Saiu do Box a surpresa: Esqueceu a roupa no quarto.

- Que filho da- Quase terminou a frase, porém suspirou, pegou a toalha, enrolou-a na cintura e saiu do banheiro.

O banho não tinha acordado em atividade total. Ainda estava dormente, tanto que não percebera o primo passar por ele e arrancar sua toalha da cintura.

- Que delícia ver tua bundinha de manhã cedo, hein Dan? - Mexeu maliciosamente Ian, o primo mais velho.

- Vai se f*der cara - Retrucou o outro.

A Teoria Das CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora